Encorajamento para dias difíceis (XVIII)

Warren W. Wiersbe

 

Vitória sobre o medo

     Certa ocasião uma senhora abordou D. L. Moody e disse-lhe que tinha encontrado uma promessa maravilhosa na Bíblia que a ajudou a vencer o medo. O versículo dela era o Salmo 56:3: “No dia em que eu temer, hei-de confiar em Ti.” Moody replicou, “Humm! Tenho uma promessa melhor do que essa!” E citou Isaías 12:2: “Eis que Deus é a minha salvação: eu confiarei e não temerei.” Moody tinha uma promessa maior.

     Vale a pena conhecer estas palavras de Isaías 12:2 nestes dias em que é tão fácil ficarmos assustados. Jesus disse que no fim dos tempos os homens desmaiariam com medo das coisas que acontecerão; e eu creio que estamos a ver algo disto a ocorrer hoje. Os psicólogos têm estado a escrever livros e artigos em revistas sobre como vencer o medo.

     Há algumas espécies de medo que é bom para nós. Nós avisamos os nossos filhos para não irem para próximo de ruas movimentadas, e colocamos dentro deles um saudável medo de serem atropelados por um veículo. É claro que esse medo infantil acabará por ser substituído por senso comum maduro; mas até que isso aconteça, nós não ousamos correr riscos. De facto, o medo do castigo é básico para a disciplina. Pode não ser o motivo mais elevado para se fazer o bem, mas pelo menos ajuda-nos a começar.

     A Bíblia fala muitas vezes do temor do Senhor. Diz-nos que “o temor do Senhor é o princípio da ciência [conhecimento]” e que “o temor do Senhor é uma fonte de vida.” É claro que este temor é respeito e reverência para com Deus. Não é o medo subserviente do escravo perante um senhor tirano, mas o respeito de um filho perante um Pai de amor. É a espécie de temor que abre o caminho à vida abundante em Cristo.

     A espécie de temor que Isaías 12:2 está a falar é o temor que paralisa as pessoas – o temor que se apodera do coração e mente e cria tensão e ansiedade, e que impede uma pessoa de desfrutar da vida e de dar o seu melhor. Semanalmente encontro pessoas que têm receio da vida, receio da morte, receio do passado, receio do futuro – de facto, pessoas cujas vidas estão a ser escravizadas pelo medo.

     Jesus Cristo nunca pretendeu que nós fossemos escravos do medo. É entusiasmante ler a Bíblia e descobrir o número de vezes que Deus diz às pessoas, “Não temas.” Quando os anjos apareceram aos pastores para anunciarem o nascimento de Cristo em Belém, as suas primeiras palavras foram, “Não temais.” Quando Pedro caiu aos pés de Jesus e pediu-Lhe que se afastasse dele porque sentia que era um homem pecador, Jesus disse, “Não temas.” Quando Jairo recebeu as más notícias de que a sua filha tinha acabado de morrer, Jesus disse a Jairo, “Não temas; crê somente …” Jesus Cristo quer que vençamos o medo; e Ele pode ajudar-nos a vencer a batalha.

     O que é que causa medo nas nossas vidas? Por vezes o medo é causado por uma consciência culpada. Quando Adão e Eva pecaram, eles sentiram-se culpados e temeram; e tentaram esconder-se de Deus. Shakespeare estava certo quando disse, “A consciência torna-nos a todos cobardes [medrosos].” Sempre que desobedecemos a Deus, perdemos a nossa comunhão íntima com Ele, e a solidão espiritual cria medo. Nós interrogamo-nos sobre se alguém saberá o que fizemos.  Preocupamo-nos em ser descobertos, e esperamos que não surjam consequências trágicas dos nossos pecados. Certamente que a solução para esse problema é buscar o perdão de Deus. Deus promete purificar-nos dos nossos pecados se os confessarmos e abandonarmos.

    Muitas vezes o medo é causado pela ignorância. As crianças têm medo da noite porque as sombras parecem gigantes e ursos e fantasmas. Mas até os adultos podem assustar-se quando realmente não sabem o que se está a passar.  Medo do futuro, quer por nós, quer pelos nossos entes queridos, pode por vezes criar medo. Uma outra causa é o nosso próprio sentimento de fraqueza. Estamos tão acostumados a administrar as nossas próprias coisas, que quando surge uma crise ingovernável, sentimo-nos impotentes e temerosos.

     Por vezes o temor vem, não antes da batalha, ou mesmo no meio da batalha, mas depois de termos obtido a vitória. Muitas vezes há uma instabilidade emocional, e o temor irrompe. Abraão teve esta experiência em Génesis 14 depois de ter travado uma guerra contra quatro poderosos reis e de ter vencido. Nessa noite, quando se deitou para dormir Abraão interrogou-se sobre se aqueles reis voltariam e o desafiariam de novo, vindo talvez com maior número de forças. Foi então que Deus apareceu a Abraão e disse, “Não temas, Abrão, Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.”

     Mas quando estudamos todos os casos e tentamos compreender a raiz causadora do medo, há uma verdade que se destaca claramente: a verdadeira causa do medo é a incredulidade. Depois de ter acalmado um temporal, que amedrontou os Seus discípulos, Jesus disse-lhes, “Por que sois tão tímidos [ou, temerosos]? Ainda não tendes fé?” O medo e a fé nunca podem ser amigos; se tivermos medo, isso é sinal de que não temos fé. É por isso que Isaías 12:2 diz, “Eis que Deus é a minha salvação: eu confiarei e não temerei.”

     O segredo da vitória sobre o medo é fé em Deus. Não existe nenhum problema demasiado grande para Deus não resolver, nem fardo demasiado pesado para Deus não transportar; nem batalha demasiado devastadora para Deus não combater e vencer. Deus é suficientemente grande para conquistar os inimigos que nos roubam a nossa paz e deixam um rasto de medos paralisantes. Isaías 12:2 não diz, “Quando estou com medo, confiarei;” mas diz, “eu confiarei e não temerei.” A fé não é simplesmente remédio para matar a doença; a fé é, em primeiro lugar, poder espiritual para nos impedir de ser infectados.

     Notemos o que o profeta coloca primeiro: “Eis que Deus é a minha salvação.” Se quer vencer o medo retire os seus olhos de si e dos seus sentimentos, e dos seus problemas, que o têm perturbado, e coloque os seus olhos em Deus. Os espias Judeus no Velho Testamento tiveram medo quando sondaram a Terra Prometida, porque viram gigantes e muralhas elevadas e sentiram-se, comparativamente, como gafanhotos. Os soldados inimigos eram enormes, e as muralhas eram elevadas, mas Deus estava, de longe, muito acima disso tudo. Tivessem os espias erguido os seus olhos apenas um pouco mais e teriam visto Deus, e não teriam tido receio. Portanto, o primeiro passo para se vencer o medo é olhar pela fé para Deus. A adoração a Deus proporciona um doce vislumbre da Sua grandeza e glória, e revela que Ele ainda está no trono. O segundo passo é tomar a Palavra de Deus. A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus. Quando lê a Bíblia, descobre que a sua fé cresce. Descobre que Deus tem sido sempre ajustado às necessidades do Seu povo.

     O terceiro passo é orar e render-se ao Espírito Santo. Fale a Deus sobre os seus temores – diga-Lhe que os seus temores são realmente evidências de incredulidade – e como o homem preocupado da história do Evangelho, peça a Deus que ajude a sua incredulidade. Renda-se ao Espírito Santo de Deus, porque o Espírito pode operar em si no sentido de remover o temor e dar-lhe paz. 2 Tim. 1:7 diz, “Porque Deus não nos deu o Espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.” O Espírito Santo dentro de si pode dar-lhe poder para a sua fraqueza; pode gerar amor; pode ordenar e disciplinar a sua mente. O Espírito Santo é o psicólogo de Deus, portanto volte-se para Ele.

     Um dos ministérios do Espírito Santo é tornar Jesus Cristo real para nós. Quando ora e lê a Palavra, o Espírito dá-lhe um entendimento espiritual de Jesus Cristo, e Ele tornar-se-á muito real para si. Mesmo no meio dos temporais e dificuldades, Jesus Cristo vem até si com paz e encorajamento.

     Não há razão para ter medo. O medo somente o roubará, e golpeará, e paralisá-lo-á. Jesus Cristo pode remover o seu medo e dar-lhe paz. “Eis que Deus é a minha salvação: eu confiarei e não temerei.”      
São os montículos que te fazem escalar
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Warren W. Wiersbe
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