O Baptismo na Água (XVI)

Não é significante o facto dos Doze Apóstolos terem sido os únicos que Cristo comissionou a praticar o baptismo na água? Paulo declarou explicitamente: "Cristo enviou-me, não para baptizar", e se nós não cremos no dogma Papal da Sucessão Apostólica, onde é que encontramos base para praticarmos hoje o baptismo na água? Nos dias do Velho Testamento os sacerdotes eram comissionados a praticar o baptismo na água, mas isso não significava que todo o Israelita era também comissionado. Mesmo ao rei em Israel não era permitido tomar parte no ministério sacerdotal — de facto, houve, mesmo um rei que foi castigado com a lepra por o ter tentado fazer.
No Velho Testamento, em Israel, havia uma Sucessão Sacerdotal, porém nenhuma Sucessão Apostólica no Novo Testamento. Porquê? Simplesmente porque os Doze sentar-se-ão sobre doze tronos no reino Messiânico julgando as doze tribos de Israel. Eles não têm sucessores. Os nomes dos Doze estão gravados nos doze fundamentos do muro da nova Jerusalém (Apoc. 21.14). A comissão deles visava o estabelecimento do reino. Nós agora sabemos que Israel rejeitou o seu ministério e que por essa razão Deus suspendeu o estabelecimento do reino e com isso a comissão, tendo dado a conhecer o Seu presente propósito em graça por meio do Apóstolo Paulo. Não é incrivelmente estranho que a Cristandade ignore, na sua maioria, quase completamente o apostolado de Paulo, e se volte para os Doze, perpetuando um ministério que Deus suspendeu durante o curso da presente dispensação? E mais estranho ainda é muitos crentes arrogarem-se do ministério apostólico e suporem que tudo o que Cristo mandou aos Doze cabe-lhes a eles agora cumprir.
Paulo era um apóstolo de Cristo tão genuíno como os Doze mas era o apóstolo duma dispensação nova e diferente. Ele volveu-se para a comissão que Cristo deu aos Doze e disse: "Esta é a minha guia de marcha", como a maioria dos crentes faz hoje? Ele disse que a fim de ser obediente a Cristo tinha de cumprir todos os mandamentos que Cristo deu aos Doze? Se ele não disse nós devemos dizer?
Nós temos em I Cor. 1.14-18 uma declaração claríssima de Paulo na qual ele diz que o baptismo na água não pertencia à sua comissão. Leiamos bem este texto que dá um testemunho inequívoco do facto de que ele não foi enviado a baptizar, ao contrário dos Doze.
Esta passagem das Escrituras é de difícil aceitação para muitos. Poderia Paulo ter querido dizer, perguntam, que ele não tinha sido enviado a baptizar; que o baptismo não fazia parte da comissão que Deus lhe deu? Não terá ele querido dizer que ele não foi primariamente enviado a baptizar, mas a pregar o evangelho?
Esta questão tem gerado assim mais calor que luz, resultando em pontos de vista divergentes que se têm polarizado. Peçamos então a Deus mentes e corações abertos para receber o que Ele diz sobre o assunto.
Primeiro, é claro que João Baptista foi enviado a baptizar, pois em João 1.33 ele refere-se ao Senhor como "O que mandou a baptizar com água".
Também sabemos que Onze (ou Doze) foram enviados a baptizar, pois em Mat. 28.19 temos o registo da comissão do Senhor a eles para "Ide, ensinai todas as nações, baptizando-as ...". Eles começaram a levar a cabo esta comissão em Pentecostes, baptizando cerca de 3.000 ouvintes nesse único dia.
Porém a mensagem deles foi rejeitada pela primeira nação, Israel, e Estêvão foi apedrejado, na sequência duma perseguição aos discípulos de Cristo. Foi então que Deus levantou Paulo, um outro apóstolo, salvo e comissionado totalmente aparte dos Doze, e longe de Jerusalém. E onde é que encontramos uma frase que indique que este outro apóstolo foi comissionado para baptizar? Em parte alguma. Temos que concluir assim que Paulo quis dizer precisamente o que disse em I Cor. 1.17: "Porque Cristo enviou-me, não para baptizar, mas para evangelizar". De facto, se Paulo, como os doze, tivesse sido divinamente enviado a baptizar com água, não encontramos qualquer justificação para ele agradecer a Deus por ter baptizado tão poucos.
É argumentado, contudo, a respeito de I Cor. 1.14-17, que Paulo estava contente de ter baptizado tão poucos apenas por causa do abuso que os crentes Coríntios faziam com a cerimónia. Todavia a ceia do Senhor foi muito mais abusada por estes mesmos Coríntios, e ele não negou que esta mesma celebração pertencia à sua comissão especial. De facto, em I Coríntios 11.23, ele torna enfaticamente claro que ele "recebeu do Senhor" as instruções a respeito da Ceia do Senhor, e repreendeu duramente os crentes Coríntios pelo seu abuso desta celebração alegre e sagrada. Sim, Paulo não agradeceu a Deus por "não se realizar a Ceia do Senhor", nem declarou: "Cristo enviou-me, não para realizar a Ceia do Senhor", e foi mesmo mais longe ao confessar que a Ceia do Senhor fazia parte da sua comissão.
Os que praticam o baptismo na água ficam embaraçados ao lerem que Paulo dava graças a Deus por ter baptizado tão poucos, quando normalmente os pregadores do seu meio agradecem usualmente a Deus por terem baptizado muitos. O baptismo na água é considerado, na maioria dos que o advogam, como um dos "instrumentos de medida" das bênçãos de Deus nas suas igrejas, havendo muito orgulho nos números que se conseguem neste ritual. Assim, vendo-se em dificuldade, procuram embaraçar-nos com o facto de Paulo ter tido algo a ver com esta cerimónia.
Alguns dos que defendem o baptismo na água sugerem que a relutância de Paulo em baptizar um número elevado dos carnais Coríntios se deveu ao seu temor deles se gloriarem de "seguirem Paulo" e assim dividirem a Igreja. O leitor lembrar-se-á decerto como alguns deles diziam, "Eu sou de Paulo; e eu de Apoio; e eu de Cefas; e eu de Cristo" (Ver. 12). Sugerem que Paulo realizou poucos baptismos para que houvesse menos sectarismos e menos tendência das pessoas se reunirem por detrás dele ou de outros líderes. Certamente que Paulo queria que todos os crentes se unissem em Cristo de toda a forma, porém existem pelo menos três razões porque o acima exposto não pode ser uma explicação satisfatória desta passagem.
Primeiro, se o Senhor quisesse que Paulo baptizasse os seus convertidos e o tivesse enviado com instruções claras para o fazer, com que autoridade poderia ele alterar tais instruções e adaptá-las para compensar a carnalidade dos Coríntios? Onde é que nos nossos dias temos ouvido de baptizadores relutantes em baptizar devido aos candidatos revelarem alguma carnalidade, ou falta de espiritualidade? Pelo contrário, o baptismo na água não é uma das marcas do começo do crescimento espiritual, na estima de muitos? E não se dá mais o caso dos crentes serem julgados de não espirituais, se não forem baptizados? Temos descoberto ser assim com os do nosso relacionamento que praticam o baptismo na água. Entre os que sugerem esta razão para a limitação do número de baptismos que Paulo decidiu fazer, não conhecemos um único que o siga segundo esta sugestão apresentada!
Segundo, se Paulo tivesse a mente do Senhor no desenfatizar o baptismo na água para diminuir a oportunidade de se reunir um grupo em seu nome, a mesma conduta não teria sido seguida por Apoio e Cefas (Pedro) e todos os outros servos do Senhor? E não havia o perigo desta cerimónia cair em desuso e a sua administração ficar sujeita à discrição dos líderes? Decerto que os que entendem encontrar-se debaixo da chamada "grande comissão" não podem tomar tais liberdades, especialmente se seguirem o apóstolo Pedro, visto ele ter ordenado "a cada um" (todos) da sua audiência a "arrependerem-se e a serem baptizados ..." (Act. 2.38).
Terceiro, se Paulo desenfatizasse o baptismo na água para diminuir a possibilidade de um grupo o seguir, gostará alguém de explicar porque é que ele escreveu, "sede meus imitadores (seguidores)" (I Cor. 4.16) e de novo "Sede meus imitadores, como também eu de Cristo" (I Cor. 11.1)? Com a excepção do Senhor Jesus Cristo, Paulo é o único escritor do Novo Testamento que insta connosco para que o sigamos! Não foi apenas aos Coríntios, pois aos Filipenses ele também escreveu, "Sede também meus imitadores ..." (Fil. 3.17). Uma vez que isto se encontra implícito em todas as suas cartas, poderá alguém duvidar que, por inspiração, Paulo ordenou que os crentes o seguissem sem que se preocupasse que se tornassem num "grupo" ou "facção", ao fazê-lo?
Ora, certifiquemo-nos se estamos a seguir Paulo no que concerne ao baptismo nos nossos dias!
Paulo era um apóstolo de Cristo tão genuíno como os Doze mas era o apóstolo duma dispensação nova e diferente. Ele volveu-se para a comissão que Cristo deu aos Doze e disse: "Esta é a minha guia de marcha", como a maioria dos crentes faz hoje? Ele disse que a fim de ser obediente a Cristo tinha de cumprir todos os mandamentos que Cristo deu aos Doze? Se ele não disse nós devemos dizer?
Nós temos em I Cor. 1.14-18 uma declaração claríssima de Paulo na qual ele diz que o baptismo na água não pertencia à sua comissão. Leiamos bem este texto que dá um testemunho inequívoco do facto de que ele não foi enviado a baptizar, ao contrário dos Doze.
Esta passagem das Escrituras é de difícil aceitação para muitos. Poderia Paulo ter querido dizer, perguntam, que ele não tinha sido enviado a baptizar; que o baptismo não fazia parte da comissão que Deus lhe deu? Não terá ele querido dizer que ele não foi primariamente enviado a baptizar, mas a pregar o evangelho?
Esta questão tem gerado assim mais calor que luz, resultando em pontos de vista divergentes que se têm polarizado. Peçamos então a Deus mentes e corações abertos para receber o que Ele diz sobre o assunto.
Primeiro, é claro que João Baptista foi enviado a baptizar, pois em João 1.33 ele refere-se ao Senhor como "O que mandou a baptizar com água".
Também sabemos que Onze (ou Doze) foram enviados a baptizar, pois em Mat. 28.19 temos o registo da comissão do Senhor a eles para "Ide, ensinai todas as nações, baptizando-as ...". Eles começaram a levar a cabo esta comissão em Pentecostes, baptizando cerca de 3.000 ouvintes nesse único dia.
Porém a mensagem deles foi rejeitada pela primeira nação, Israel, e Estêvão foi apedrejado, na sequência duma perseguição aos discípulos de Cristo. Foi então que Deus levantou Paulo, um outro apóstolo, salvo e comissionado totalmente aparte dos Doze, e longe de Jerusalém. E onde é que encontramos uma frase que indique que este outro apóstolo foi comissionado para baptizar? Em parte alguma. Temos que concluir assim que Paulo quis dizer precisamente o que disse em I Cor. 1.17: "Porque Cristo enviou-me, não para baptizar, mas para evangelizar". De facto, se Paulo, como os doze, tivesse sido divinamente enviado a baptizar com água, não encontramos qualquer justificação para ele agradecer a Deus por ter baptizado tão poucos.
É argumentado, contudo, a respeito de I Cor. 1.14-17, que Paulo estava contente de ter baptizado tão poucos apenas por causa do abuso que os crentes Coríntios faziam com a cerimónia. Todavia a ceia do Senhor foi muito mais abusada por estes mesmos Coríntios, e ele não negou que esta mesma celebração pertencia à sua comissão especial. De facto, em I Coríntios 11.23, ele torna enfaticamente claro que ele "recebeu do Senhor" as instruções a respeito da Ceia do Senhor, e repreendeu duramente os crentes Coríntios pelo seu abuso desta celebração alegre e sagrada. Sim, Paulo não agradeceu a Deus por "não se realizar a Ceia do Senhor", nem declarou: "Cristo enviou-me, não para realizar a Ceia do Senhor", e foi mesmo mais longe ao confessar que a Ceia do Senhor fazia parte da sua comissão.
Os que praticam o baptismo na água ficam embaraçados ao lerem que Paulo dava graças a Deus por ter baptizado tão poucos, quando normalmente os pregadores do seu meio agradecem usualmente a Deus por terem baptizado muitos. O baptismo na água é considerado, na maioria dos que o advogam, como um dos "instrumentos de medida" das bênçãos de Deus nas suas igrejas, havendo muito orgulho nos números que se conseguem neste ritual. Assim, vendo-se em dificuldade, procuram embaraçar-nos com o facto de Paulo ter tido algo a ver com esta cerimónia.
Alguns dos que defendem o baptismo na água sugerem que a relutância de Paulo em baptizar um número elevado dos carnais Coríntios se deveu ao seu temor deles se gloriarem de "seguirem Paulo" e assim dividirem a Igreja. O leitor lembrar-se-á decerto como alguns deles diziam, "Eu sou de Paulo; e eu de Apoio; e eu de Cefas; e eu de Cristo" (Ver. 12). Sugerem que Paulo realizou poucos baptismos para que houvesse menos sectarismos e menos tendência das pessoas se reunirem por detrás dele ou de outros líderes. Certamente que Paulo queria que todos os crentes se unissem em Cristo de toda a forma, porém existem pelo menos três razões porque o acima exposto não pode ser uma explicação satisfatória desta passagem.
Primeiro, se o Senhor quisesse que Paulo baptizasse os seus convertidos e o tivesse enviado com instruções claras para o fazer, com que autoridade poderia ele alterar tais instruções e adaptá-las para compensar a carnalidade dos Coríntios? Onde é que nos nossos dias temos ouvido de baptizadores relutantes em baptizar devido aos candidatos revelarem alguma carnalidade, ou falta de espiritualidade? Pelo contrário, o baptismo na água não é uma das marcas do começo do crescimento espiritual, na estima de muitos? E não se dá mais o caso dos crentes serem julgados de não espirituais, se não forem baptizados? Temos descoberto ser assim com os do nosso relacionamento que praticam o baptismo na água. Entre os que sugerem esta razão para a limitação do número de baptismos que Paulo decidiu fazer, não conhecemos um único que o siga segundo esta sugestão apresentada!
Segundo, se Paulo tivesse a mente do Senhor no desenfatizar o baptismo na água para diminuir a oportunidade de se reunir um grupo em seu nome, a mesma conduta não teria sido seguida por Apoio e Cefas (Pedro) e todos os outros servos do Senhor? E não havia o perigo desta cerimónia cair em desuso e a sua administração ficar sujeita à discrição dos líderes? Decerto que os que entendem encontrar-se debaixo da chamada "grande comissão" não podem tomar tais liberdades, especialmente se seguirem o apóstolo Pedro, visto ele ter ordenado "a cada um" (todos) da sua audiência a "arrependerem-se e a serem baptizados ..." (Act. 2.38).
Terceiro, se Paulo desenfatizasse o baptismo na água para diminuir a possibilidade de um grupo o seguir, gostará alguém de explicar porque é que ele escreveu, "sede meus imitadores (seguidores)" (I Cor. 4.16) e de novo "Sede meus imitadores, como também eu de Cristo" (I Cor. 11.1)? Com a excepção do Senhor Jesus Cristo, Paulo é o único escritor do Novo Testamento que insta connosco para que o sigamos! Não foi apenas aos Coríntios, pois aos Filipenses ele também escreveu, "Sede também meus imitadores ..." (Fil. 3.17). Uma vez que isto se encontra implícito em todas as suas cartas, poderá alguém duvidar que, por inspiração, Paulo ordenou que os crentes o seguissem sem que se preocupasse que se tornassem num "grupo" ou "facção", ao fazê-lo?
Ora, certifiquemo-nos se estamos a seguir Paulo no que concerne ao baptismo nos nossos dias!
(Continua)
Carlos Oliveira
Carlos Oliveira
O Baptismo na Água (I)
O Baptismo na Água (II)
O Baptismo na Água (III)
O Baptismo na Água (IV)
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O Baptismo na Água (VI)
O Baptismo na Água (VII)
O Baptismo na Água (VIII)
O Baptismo na Água (IX)
O Baptismo na Água (X)
O Baptismo na Água (XI)
O Baptismo na Água (XII)
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