O Baptismo na Água (XI)

cmo.jpgUMA GRANDE IGNORÂNCIA

     Tem sido afirmado muitas vezes que, visto o Senhor Jesus se ter submetido à prática do baptismo na água, também nós o deveríamos fazer, uma vez que Ele "deu o exemplo".
 
     Mas... será que devemos, ou mesmo podemos, seguir o Senhor Jesus no baptismo?

     Entre a multidão que vinha para ser baptizada por João encontramos "também Jesus" (Luc. 3.21).

     "Jesus também". Que frase surpreendente!

     O baptismo de João era claramente uma confissão de pecados, um "baptismo de arrependimento" (Luc. 3.3). Os pecadores vinham a João "e eram por ele baptizados no rio Jordão, confessando os seus pecados" (Mat. 3.6).

     Porém o que é isto? O que temos aqui?

     "Então veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser "baptizado por ele" (Mat. 3.13).

     Porque é que Ele devia ser baptizado? Ele não tinha pecados para confessar. Ele não tinha necessidade de arrependimento. Os Judeus esperavam que o Messias viesse para baptizar, não para ser baptizado. Eles tinham dito a João, "Porque baptizas pois, se tu não és o Cristo...?" (João 1.25). Até João ficou surpreendido e embaraçadíssimo:

     "Mas João opunha-se-Lhe, dizendo: eu careço de ser baptizado por Ti, e vens Tu a mim?" (Mat. 3.14).

     Todavia notemos como o Senhor respondeu a João. Notemo-lo, todos nós que perguntamos porque foi Cristo baptizado:

     "Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: deixa por agora, PORQUE ASSIM NOS CONVÉM CUMPRIR TODA A JUSTIÇA..." (Mat. 3.15).

     Depois do Seu baptismo o Espírito desceu sobre Ele como uma pomba, e Deus rompeu o silêncio dos céus para dizer:

     "Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo". (Ver. 17).

     Ora se o Senhor não tinha pecados para confessar, apenas podia haver uma única razão para Ele se submeter "ao baptismo de arrependimento". Ele estava a tomar o lugar dos outros. Para "cumprir toda a justiça", para saldar a dívida dos homens para com Deus, Ele tinha de ser "numerado com os transgressores", levando sobre Si mesmo a culpa e vergonha dos seus pecados.

     Que pensamentos devem ter enchido as mentes das pessoas presentes, quando O viram vir entre aquela multidão para ser baptizado por João! Como é provável que tenham dito uns aos outros, "Afinal Ele não é tão santo como alguns têm imaginado! Ele, afinal, vem como os outros! As palavras de João devem ter feito bulir a Sua consciência!".

     Contudo o baptismo do Senhor com água era apenas uma sombra de coisas que ainda se cumpririam, pois Ele disse posteriormente, "Importa, porém que seja baptizado com um certo baptismo, e como me angustio até que venha a cumprir-se!" (Luc. 12.50). É claro que Ele falava do Seu futuro baptismo na cruz em agonia, sangue e morte.

     Vejamo-Lo ao Ele comparecer perante Pilatos:

     "E sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.

     "Disse-Lhe então Pilatos: Não ouves quanto testificam contra Ti?

     "E nem uma palavra lhe respondeu..." (Mat. 27.12-14).

     Porque é que Ele não respondeu? Ele não era culpado de todas aquelas acusações. Ah, Ele estava a levar sobre Si a acusação dos seus pecados — e dos nossos. Ele estava ali em nosso lugar, mudo e condenado. Ele estava a levar até ao fim o Seu propósito de amor. Ele tinha-se identificado com os homens para os salvar.

     Legalmente, a confissão precede a punição. É assim nas leis humanas e muito mais nas Divinas, onde aquelas se inspiraram! Por isso, antes de o Senhor se ter identificado com eles na punição ou condenação do pecado, ao morrer numa cruz entre dois malfeitores "para aniquilar o pecado, pelo sacrifício de Si mesmo" (Heb. 9.26), identificou-se primeiro com eles na confissão do pecado, ao ser baptizado como foi.

     Porque é que, então, Cristo foi baptizado? Porque é que Ele foi assim "numerado com os transgressores"? "Para CUMPRIR TODA A JUSTIÇA". "Para cumprir TODA a justiça" (Mat. 3.15). Para a justiça ficar TODA cumprida, antes de Se identificar connosco na condenação do pecado, tinha que se identificar connosco na confissão do mesmo. Ele cumpriu toda a justiça?

     A resposta a essa questão é a resposta para os que defendem que os crentes deviam "segui-Lo no baptismo". Se a resposta for sim — e é — então o que é que as pessoas fazem ao sujeitarem-se ao baptismo na água? MANCHAM a obra CONSUMADA de Cristo.

     Os líderes evangélicos fundamentalistas opõem-se bem aos liberais por estes ensinarem que os homens deviam seguir o humilde Jesus. No entanto, muitos deles dão meia volta à sua posição quando nos dizem que devemos segui-Lo no Seu baptismo!

     Em passagens como Romanos 6.4 e Colossenses 2.12, não somos ensinados que os crentes deviam seguir Cristo no baptismo? Não! Elas falam em "baptizados em, ou com, Jesus Cristo", e não "baptizados COMO Jesus Cristo". Além disso essas passagens não mencionam água. Uma vez mais, muitos vêem água onde ela não existe. Porém a discussão destes versículos far-se-á adiante.

     Depois de considerarmos como, no Seu baptismo, o Senhor se identificou connosco na confissão do pecado "para CUMPRIR TODA a justiça", ainda pensaremos poder segui-Lo no Seu baptismo? O Seu baptismo foi único. Nenhuma criatura humana, angélica, ou diabólica poderia receber o baptismo que Ele recebeu. Quão grande é, pois, a ignorância dos que dizem que os crentes devem seguir Cristo no Seu baptismo, que "Ele deu o exemplo"! Porque, então, não O seguimos também na Sua identificação connosco na condenação do pecado, sujeitando-nos à prática da crucificação, visto que "Ele deu o exemplo"?


1 dos acusadores, entenda-se. 

 
(Continua)
Carlos Oliveira

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