O Baptismo na Água (XII)

Propomo-nos fazer agora a desmistificação do significado que têm querido dar ao baptismo na água.
O baptismo na água, quando se encontrava plenamente em vigor, era sempre praticado, Escrituristicamente, em resposta a um apelo de fé e ao arrependimento. Desde João Baptista a Pentecostes, esta cerimónia foi um "baptismo de arrependimento para a remissão de pecados" (Mar. 1.4; Act. 2.38), e na Sua grande comissão dada aos onze apóstolos o Senhor disse muito claramente: "Quem crer e for baptizado será salvo" (Mar. 16.16).
Demonstraremos a seguir, pelas Escrituras, e sem margem para dúvidas, que a sepultura no baptismo, tão generalizadamente ensinada pelos imersionistas, não tem qualquer fundamento Escriturístico.
Uma vez mais teremos que ter cuidado ao simplesmente atentarmos para o que "as autoridades" sobre o assunto dizem. Algumas "autoridades" têm declarado arbitrariamente que a palavra baptizar (Gr. baptizo) significa sempre "mergulhar" ou "submergir". Porém, quando, como os Bereanos, "examinamos nas Escrituras" para vermos "se estas coisas são assim", descobrimos serem destituídas de qualquer fundamento.
Qual, então, o significado do baptismo na água — sepultura, ou lavagem?
Por exemplo, em Marcos 7.1-8 a palavra Grega "baptizo" ocorre três vezes, e a palavra "nipto" outras três. As palavras, nesta passagem, ocorrem alternadamente, e a versão de João Ferreira de Almeida tradu-las ambas por "lavar" (muitas vezes as mãos ou os pés).
O facto destas duas palavras, baptizo e nipto, serem usadas alternadamente em Marcos 7.1-8, para se referirem à mesma coisa, diz-nos muito a respeito do significado de baptizo, pelo menos neste contexto.
Mas existe uma prova mais forte de que nesta passagem esta palavra não pode significar "mergulhar". Não é por demais evidente e claro que nesta passagem os Fariseus e os Escribas se referiam à lavagem das mãos, e não à sua mera imersão na água? E caberá na cabeça de alguém que os Judeus imergissem os seus copos, jarros e vasos de metal — e as camas ou mesas na água, antes de cada refeição (Ver. 4), ou que eles olhassem para este baptismo como uma sepultura? É claro que não, porém era costume eles lavarem (numa lavagem cerimonial) estes utensílios antes de comerem.
João não necessitou de explicar o significado do seu baptismo, pois os Judeus compreendiam bem o seu significado pelas suas leis e cerimónias bem antigas. Contudo, se o baptismo dele fosse uma sepultura aquosa, teria que lhes dar uma explicação, pois nada do género é encontrado nos baptismos do Velho Testamento.
E que diremos dos vários mandamentos Neo-testamentários para a prática do baptismo? Quando Pedro ordenou aos seus ouvintes em Pentecostes para se "arrependerem e serem baptizados", terá ele significado que eles se deveriam arrepender e ser sepultados, ou que eles se deveriam arrepender da sua impureza espiritual e serem lavados por meio de uma purificação cerimonial?
Quando Ananias disse a Saulo de Tarso, "Levanta-te, e baptiza-te, e lava os teus pecados", será que as suas palavras quereriam dizer, "Levanta-te e sê sepultado"? Certamente que "sepultura" não se soletra L-A-V-A-R.
Mas João 3.23 não declara que João baptizou em Enom "porque havia ali muitas águas"? É verdade! A Palestina era uma terra muito árida e a água era, por conseguinte, escassa. O facto de João ter baptizado em Enom por haver ali muita água não prova que ele submergia os seus requerentes baptismais ou que a água tivesse profundidade suficiente para ele o fazer assim. Mas mais que isso, dentro do próprio contexto do baptismo (Vers. 22-26) lemos que "houve então uma questão entre os discípulos de João e um Judeu acerca da purificação" (Ver. 25). Esta é mais uma outra indicação de que o baptismo na água significava purificação, e não sepultura.
Os baptismos, ou lavagens, da lei de Moisés tinham importância para os Judeus simplesmente porque Deus os ordenara. Foi por essa razão que o anfitrião nas bodas de Caná tinha "postas seis talhas de pedra" disponíveis "para as purificações dos Judeus" (João 2.6), e não a sua sepultura.
Mas nós não lemos a respeito do príncipe Etíope que ele desceu à água? Não exactamente! A passagem diz:
"... e desceram AMBOS à água, TANTO Filipe como o eunuco, e o baptizou" (Act. 8.38).
Não é claro como o cristal que se a palavra "descer" prova que o eunuco foi imerso, prova igualmente que Filipe, o baptizador, foi imerso ao mesmo tempo? Os imersionistas dos nossos dias, de facto de toda a história, não têm seguido este precedente! É claro que seria exótico e excêntrico ver-se o próprio baptizador, ele próprio imerso, ao imergir o seu candidato! Ainda assim e a despeito disso os imersionistas usam esta passagem para provarem que o eunuco foi mesmo imerso!
A palavra "desceram" não significa necessariamente "desceram sob", nem existe nenhuma prova, qualquer que seja, de que quer o eunuco quer Filipe tenham ambos descido sob a água. A passagem diz: "e desceram à água ...", e (isto é, e então) o baptizou" (Ver. 38). Teria sido estranhíssimo Filipe baptizar o Eunuco depois de ambos terem descido sob a água! Leia novamente a passagem, cuidadosamente, e pense nisso.
Porém era perfeitamente natural Filipe e o eunuco descerem à água e Filipe baptizar o eunuco ali. Qualquer regato ou riacho, ou qualquer ajuntamento de água encontra-se naturalmente abaixo das suas partes circundantes, e é claro que não há qualquer indicação de que eles tivessem parado ao pé de uma grande quantidade de água. Assim, indubitavelmente, trazendo apenas sandálias, desceram à água, onde Filipe baptizou o eunuco.
Façamos agora algumas considerações práticas, pois também há considerações práticas que devem ser tidas em mente onde eventualmente se possa pensar que o baptismo por imersão parece ser referido.
Primeiro tomemos o caso de João Baptista1. Lemos em Mat. 3.5,6:
"Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão;
"E eram por ele baptizados no rio Jordão, confessando os seus pecados".
E ainda em Lucas 7.29,30 lemos também:
"E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido baptizados com o baptismo de João, justificaram a Deus;
"Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido baptizados por ele".
Destas e doutras passagens ressalta claramente que João teve um ministério extenso e profundamente eficaz. Não apenas os habitantes de Jerusalém, mas os de "toda a Judeia", com a excepção dos "fariseus e doutores da lei", vieram a João para serem baptizados por ele. Como é que ele poderia ter imerso tanta gente durante o breve trajecto do seu curto ministério, especialmente se o historiador Josefo estiver certo ao estimar a população de Israel nesse tempo em mais de 4.000.000 (quatro milhões) de pessoas? Teria sido impossível! Porém não lhe teria sido impossível espargir água sobre grandes grupos usando um ramo de hissope, como purificação cerimonial. Esta é uma outra evidência que o baptismo na água era efectuado por aspersão ou derramamento, e não decerto por imersão. Nenhuma passagem na Bíblia descreve com definição o modo do baptismo na água, quando em vigor, apesar de muitas delas encerrarem inferências bastantes para mostrar que o modo nunca foi a imersão, e muito menos a sepultura.
O termo "aspersão" ocorre cerca de 55 vezes no chamado Velho Testamento, e é referido no chamado Novo Testamento como baptismo, mas o termo "imersão" não é mencionado nem descrito uma única vez no chamado Velho Testamento.
Também deveríamos considerar o baptismo dos cerca de 3.000 (três mil) em Pentecostes. Teria sido possível os apóstolos imergirem cerca de 3.000 almas em Pentecostes? Nós sabemos que Pedro principiou a sua mensagem Pentecostal cerca das 9 horas da manhã (Act. 2.15), e que foi depois da sua mensagem que as cerca de 3.000 pessoas foram baptizadas "naquele mesmo dia" (Ver. 41).
Ora, mesmo que os apóstolos, ao longo de todo o dia, nada mais fizessem senão baptizar (por imersão) — mesmo até às nove horas da noite, eles teriam que emergir bem mais que quatro requerentes em cada minuto, pois doze horas não têm mais que 720 minutos.
Contudo, a situação torna-se mesmo ainda "mais impossível", quando consideramos que estes homens tiveram de "ficar na cidade de Jerusalém" à espera do Espírito Santo, de acordo com o mandamento do Senhor em Luc. 24.49. Como seria, então, possível que houvessem recipientes suficientemente disponíveis, ou como poderiam estes ser trazidos para ali, cada um com o tamanho suficiente para conter a quantidade de água necessária para imergir uma pessoa? Também não há qualquer indicação de que eles estivessem suficientemente perto de qualquer caudal de água abundante para imergirem quase 3.000 almas; e terem tido que trazer numerosos recipientes enormes para o local onde se encontravam para esse fim ter-lhes-ia tomado consideravelmente mais tempo ainda às suas curtas 12 horas, o que faria com que os 4+ por minuto teriam que ser talvez aumentados para 7 ou 8, ou mais. Ao consideramos estes simples factos matemáticos, toda a ideia de que as quase 3.000 pessoas em Pentecostes foram imersas torna-se absurdo. E nós ainda nem sequer mencionámos Act. 4.4 e outras passagens, que podem muito bem implicar que apenas os homens estavam incluídos no número mencionado! Sendo assim teríamos que rever de novo toda a nossa aritmética!
E mesmo isto não é tudo, pois numa área e numa época do ano em que se tornava proibitivo o uso de muito vestuário face ao intenso calor que se fazia sentir, e sob as circunstâncias em que o baptismo era praticado — prontamente sobre a conversão —, a imersão pública de homens e de mulheres seria de bom gosto, — um bom testemunho? Esta é uma outra consideração prática que deveria ser tomada em conta. Lembremo-nos que os baptizados não poderiam sair rapidamente do baptistério para um compartimento onde lhes fosse facultada roupa adicional, secadores de cabelo, etc.
Consideremos agora os casos de Saulo, Cornélio, Lídia, o carcereiro de Filipos e os Coríntios.
"Ananias encontrou Saulo de Tarso em casa de Judas, na Rua Direita, em Damasco, e baptizou-o ali (Act 9.10-17; Cf. 22.12.16). Seria provável que Judas tivesse em sua casa facilidades para sepultar Saulo em água?
Quanto aos baptismos de Cornélio e da sua casa, e de Lídia e da sua casa igualmente, seria provável ter acontecido eles terem disponíveis recipientes suficientemente grandes para imergirem lá dentro pessoas? E é claro que não há qualquer indicação em qualquer dos casos de que tais recipientes tivessem sido trazidos, ou que os crentes em causa tivessem sido de alguma forma imersos em água. Evidentemente eles foram baptizados no local, pois como já provámos pelas Escrituras, o baptismo na água era simplesmente uma purificação cerimonial simbólica na qual uma muito pequena quantidade de água podia ser usada.
No caso do cenário prisional em Filipos, a imersão do carcereiro Filipense e da sua casa parece ainda menos provável. Evidentemente eles foram baptizados precisamente na prisão, onde é extremamente duvidoso que houvesse qualquer recipiente disponível que fosse suficientemente grande para conter água que imergisse pessoas. Os eventos encontram-se registados em Actos 16.29-34:
1. O carcereiro "saltou dentro" — Paulo e Silas encontravam-se evidentemente num calabouço rude — "e todo trémulo, se prostrou ante Paulo e Silas" (ver. 29).
2. O carcereiro Filipense tirando-os então "para fora" da prisão, perguntou a Paulo e Silas como poderia ser salvo, e recebeu uma resposta simples da parte deles (Vers. 30,31).
3. Paulo e Silas "pregaram-lhe a Palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa", que evidentemente afluíram ao local (Ver. 32).
4. O carcereiro "tomou-os consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e logo foi baptizado, ele e todos os seus" (Ver. 33).
5. ENTÃO, "levou-os (o carcereiro) a sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa (Ver. 34).
Mas suponhamos que o carcereiro e os seus ainda não haviam sido baptizados quando entraram em casa; seria provável que os compartimentos privativos do carcereiro contivessem um enorme recipiente suficientemente grande para imergir pessoas lá dentro? Muito dificilmente! É claro que nada nos é dito ter sido esse o caso.
A mesma questão deve ser colocada no que respeita ao baptismo dos crentes em Corinto (Act. 18.8; I Cor. 1.14-16). As águas do mar Mediterrâneo encontravam-se a alguns quilómetros de distância, em ambas as direcções, e quaisquer que fossem porventura os caudais de água por ali perto, o registo das Escrituras parece indicar que quando estes Coríntios ouviram a Palavra na casa de Tito Justo, foram baptizados ali mesmo (Act. 18.7,8). Pelo menos nada é dito ou implicado para o efeito de que tivessem sido trazidos "baptistérios" para o seu baptismo, ou que tivessem sido levados para fora, para junto de qualquer ajuntamento de água a fim de serem imersos.
1 De quem os "Baptistas" tomaram originalmente o nome.
Demonstraremos a seguir, pelas Escrituras, e sem margem para dúvidas, que a sepultura no baptismo, tão generalizadamente ensinada pelos imersionistas, não tem qualquer fundamento Escriturístico.
Uma vez mais teremos que ter cuidado ao simplesmente atentarmos para o que "as autoridades" sobre o assunto dizem. Algumas "autoridades" têm declarado arbitrariamente que a palavra baptizar (Gr. baptizo) significa sempre "mergulhar" ou "submergir". Porém, quando, como os Bereanos, "examinamos nas Escrituras" para vermos "se estas coisas são assim", descobrimos serem destituídas de qualquer fundamento.
Qual, então, o significado do baptismo na água — sepultura, ou lavagem?
Por exemplo, em Marcos 7.1-8 a palavra Grega "baptizo" ocorre três vezes, e a palavra "nipto" outras três. As palavras, nesta passagem, ocorrem alternadamente, e a versão de João Ferreira de Almeida tradu-las ambas por "lavar" (muitas vezes as mãos ou os pés).
O facto destas duas palavras, baptizo e nipto, serem usadas alternadamente em Marcos 7.1-8, para se referirem à mesma coisa, diz-nos muito a respeito do significado de baptizo, pelo menos neste contexto.
Mas existe uma prova mais forte de que nesta passagem esta palavra não pode significar "mergulhar". Não é por demais evidente e claro que nesta passagem os Fariseus e os Escribas se referiam à lavagem das mãos, e não à sua mera imersão na água? E caberá na cabeça de alguém que os Judeus imergissem os seus copos, jarros e vasos de metal — e as camas ou mesas na água, antes de cada refeição (Ver. 4), ou que eles olhassem para este baptismo como uma sepultura? É claro que não, porém era costume eles lavarem (numa lavagem cerimonial) estes utensílios antes de comerem.
João não necessitou de explicar o significado do seu baptismo, pois os Judeus compreendiam bem o seu significado pelas suas leis e cerimónias bem antigas. Contudo, se o baptismo dele fosse uma sepultura aquosa, teria que lhes dar uma explicação, pois nada do género é encontrado nos baptismos do Velho Testamento.
E que diremos dos vários mandamentos Neo-testamentários para a prática do baptismo? Quando Pedro ordenou aos seus ouvintes em Pentecostes para se "arrependerem e serem baptizados", terá ele significado que eles se deveriam arrepender e ser sepultados, ou que eles se deveriam arrepender da sua impureza espiritual e serem lavados por meio de uma purificação cerimonial?
Quando Ananias disse a Saulo de Tarso, "Levanta-te, e baptiza-te, e lava os teus pecados", será que as suas palavras quereriam dizer, "Levanta-te e sê sepultado"? Certamente que "sepultura" não se soletra L-A-V-A-R.
Mas João 3.23 não declara que João baptizou em Enom "porque havia ali muitas águas"? É verdade! A Palestina era uma terra muito árida e a água era, por conseguinte, escassa. O facto de João ter baptizado em Enom por haver ali muita água não prova que ele submergia os seus requerentes baptismais ou que a água tivesse profundidade suficiente para ele o fazer assim. Mas mais que isso, dentro do próprio contexto do baptismo (Vers. 22-26) lemos que "houve então uma questão entre os discípulos de João e um Judeu acerca da purificação" (Ver. 25). Esta é mais uma outra indicação de que o baptismo na água significava purificação, e não sepultura.
Os baptismos, ou lavagens, da lei de Moisés tinham importância para os Judeus simplesmente porque Deus os ordenara. Foi por essa razão que o anfitrião nas bodas de Caná tinha "postas seis talhas de pedra" disponíveis "para as purificações dos Judeus" (João 2.6), e não a sua sepultura.
Mas nós não lemos a respeito do príncipe Etíope que ele desceu à água? Não exactamente! A passagem diz:
"... e desceram AMBOS à água, TANTO Filipe como o eunuco, e o baptizou" (Act. 8.38).
Não é claro como o cristal que se a palavra "descer" prova que o eunuco foi imerso, prova igualmente que Filipe, o baptizador, foi imerso ao mesmo tempo? Os imersionistas dos nossos dias, de facto de toda a história, não têm seguido este precedente! É claro que seria exótico e excêntrico ver-se o próprio baptizador, ele próprio imerso, ao imergir o seu candidato! Ainda assim e a despeito disso os imersionistas usam esta passagem para provarem que o eunuco foi mesmo imerso!
A palavra "desceram" não significa necessariamente "desceram sob", nem existe nenhuma prova, qualquer que seja, de que quer o eunuco quer Filipe tenham ambos descido sob a água. A passagem diz: "e desceram à água ...", e (isto é, e então) o baptizou" (Ver. 38). Teria sido estranhíssimo Filipe baptizar o Eunuco depois de ambos terem descido sob a água! Leia novamente a passagem, cuidadosamente, e pense nisso.
Porém era perfeitamente natural Filipe e o eunuco descerem à água e Filipe baptizar o eunuco ali. Qualquer regato ou riacho, ou qualquer ajuntamento de água encontra-se naturalmente abaixo das suas partes circundantes, e é claro que não há qualquer indicação de que eles tivessem parado ao pé de uma grande quantidade de água. Assim, indubitavelmente, trazendo apenas sandálias, desceram à água, onde Filipe baptizou o eunuco.
Façamos agora algumas considerações práticas, pois também há considerações práticas que devem ser tidas em mente onde eventualmente se possa pensar que o baptismo por imersão parece ser referido.
Primeiro tomemos o caso de João Baptista1. Lemos em Mat. 3.5,6:
"Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão;
"E eram por ele baptizados no rio Jordão, confessando os seus pecados".
E ainda em Lucas 7.29,30 lemos também:
"E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido baptizados com o baptismo de João, justificaram a Deus;
"Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido baptizados por ele".
Destas e doutras passagens ressalta claramente que João teve um ministério extenso e profundamente eficaz. Não apenas os habitantes de Jerusalém, mas os de "toda a Judeia", com a excepção dos "fariseus e doutores da lei", vieram a João para serem baptizados por ele. Como é que ele poderia ter imerso tanta gente durante o breve trajecto do seu curto ministério, especialmente se o historiador Josefo estiver certo ao estimar a população de Israel nesse tempo em mais de 4.000.000 (quatro milhões) de pessoas? Teria sido impossível! Porém não lhe teria sido impossível espargir água sobre grandes grupos usando um ramo de hissope, como purificação cerimonial. Esta é uma outra evidência que o baptismo na água era efectuado por aspersão ou derramamento, e não decerto por imersão. Nenhuma passagem na Bíblia descreve com definição o modo do baptismo na água, quando em vigor, apesar de muitas delas encerrarem inferências bastantes para mostrar que o modo nunca foi a imersão, e muito menos a sepultura.
O termo "aspersão" ocorre cerca de 55 vezes no chamado Velho Testamento, e é referido no chamado Novo Testamento como baptismo, mas o termo "imersão" não é mencionado nem descrito uma única vez no chamado Velho Testamento.
Também deveríamos considerar o baptismo dos cerca de 3.000 (três mil) em Pentecostes. Teria sido possível os apóstolos imergirem cerca de 3.000 almas em Pentecostes? Nós sabemos que Pedro principiou a sua mensagem Pentecostal cerca das 9 horas da manhã (Act. 2.15), e que foi depois da sua mensagem que as cerca de 3.000 pessoas foram baptizadas "naquele mesmo dia" (Ver. 41).
Ora, mesmo que os apóstolos, ao longo de todo o dia, nada mais fizessem senão baptizar (por imersão) — mesmo até às nove horas da noite, eles teriam que emergir bem mais que quatro requerentes em cada minuto, pois doze horas não têm mais que 720 minutos.
Contudo, a situação torna-se mesmo ainda "mais impossível", quando consideramos que estes homens tiveram de "ficar na cidade de Jerusalém" à espera do Espírito Santo, de acordo com o mandamento do Senhor em Luc. 24.49. Como seria, então, possível que houvessem recipientes suficientemente disponíveis, ou como poderiam estes ser trazidos para ali, cada um com o tamanho suficiente para conter a quantidade de água necessária para imergir uma pessoa? Também não há qualquer indicação de que eles estivessem suficientemente perto de qualquer caudal de água abundante para imergirem quase 3.000 almas; e terem tido que trazer numerosos recipientes enormes para o local onde se encontravam para esse fim ter-lhes-ia tomado consideravelmente mais tempo ainda às suas curtas 12 horas, o que faria com que os 4+ por minuto teriam que ser talvez aumentados para 7 ou 8, ou mais. Ao consideramos estes simples factos matemáticos, toda a ideia de que as quase 3.000 pessoas em Pentecostes foram imersas torna-se absurdo. E nós ainda nem sequer mencionámos Act. 4.4 e outras passagens, que podem muito bem implicar que apenas os homens estavam incluídos no número mencionado! Sendo assim teríamos que rever de novo toda a nossa aritmética!
E mesmo isto não é tudo, pois numa área e numa época do ano em que se tornava proibitivo o uso de muito vestuário face ao intenso calor que se fazia sentir, e sob as circunstâncias em que o baptismo era praticado — prontamente sobre a conversão —, a imersão pública de homens e de mulheres seria de bom gosto, — um bom testemunho? Esta é uma outra consideração prática que deveria ser tomada em conta. Lembremo-nos que os baptizados não poderiam sair rapidamente do baptistério para um compartimento onde lhes fosse facultada roupa adicional, secadores de cabelo, etc.
Consideremos agora os casos de Saulo, Cornélio, Lídia, o carcereiro de Filipos e os Coríntios.
"Ananias encontrou Saulo de Tarso em casa de Judas, na Rua Direita, em Damasco, e baptizou-o ali (Act 9.10-17; Cf. 22.12.16). Seria provável que Judas tivesse em sua casa facilidades para sepultar Saulo em água?
Quanto aos baptismos de Cornélio e da sua casa, e de Lídia e da sua casa igualmente, seria provável ter acontecido eles terem disponíveis recipientes suficientemente grandes para imergirem lá dentro pessoas? E é claro que não há qualquer indicação em qualquer dos casos de que tais recipientes tivessem sido trazidos, ou que os crentes em causa tivessem sido de alguma forma imersos em água. Evidentemente eles foram baptizados no local, pois como já provámos pelas Escrituras, o baptismo na água era simplesmente uma purificação cerimonial simbólica na qual uma muito pequena quantidade de água podia ser usada.
No caso do cenário prisional em Filipos, a imersão do carcereiro Filipense e da sua casa parece ainda menos provável. Evidentemente eles foram baptizados precisamente na prisão, onde é extremamente duvidoso que houvesse qualquer recipiente disponível que fosse suficientemente grande para conter água que imergisse pessoas. Os eventos encontram-se registados em Actos 16.29-34:
1. O carcereiro "saltou dentro" — Paulo e Silas encontravam-se evidentemente num calabouço rude — "e todo trémulo, se prostrou ante Paulo e Silas" (ver. 29).
2. O carcereiro Filipense tirando-os então "para fora" da prisão, perguntou a Paulo e Silas como poderia ser salvo, e recebeu uma resposta simples da parte deles (Vers. 30,31).
3. Paulo e Silas "pregaram-lhe a Palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa", que evidentemente afluíram ao local (Ver. 32).
4. O carcereiro "tomou-os consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e logo foi baptizado, ele e todos os seus" (Ver. 33).
5. ENTÃO, "levou-os (o carcereiro) a sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa (Ver. 34).
Mas suponhamos que o carcereiro e os seus ainda não haviam sido baptizados quando entraram em casa; seria provável que os compartimentos privativos do carcereiro contivessem um enorme recipiente suficientemente grande para imergir pessoas lá dentro? Muito dificilmente! É claro que nada nos é dito ter sido esse o caso.
A mesma questão deve ser colocada no que respeita ao baptismo dos crentes em Corinto (Act. 18.8; I Cor. 1.14-16). As águas do mar Mediterrâneo encontravam-se a alguns quilómetros de distância, em ambas as direcções, e quaisquer que fossem porventura os caudais de água por ali perto, o registo das Escrituras parece indicar que quando estes Coríntios ouviram a Palavra na casa de Tito Justo, foram baptizados ali mesmo (Act. 18.7,8). Pelo menos nada é dito ou implicado para o efeito de que tivessem sido trazidos "baptistérios" para o seu baptismo, ou que tivessem sido levados para fora, para junto de qualquer ajuntamento de água a fim de serem imersos.
1 De quem os "Baptistas" tomaram originalmente o nome.
(Continua)
Carlos Oliveira
Carlos Oliveira
O Baptismo na Água (I)
O Baptismo na Água (II)
O Baptismo na Água (III)
O Baptismo na Água (IV)
O Baptismo na Água (V)
O Baptismo na Água (VI)
O Baptismo na Água (VII)
O Baptismo na Água (VIII)
O Baptismo na Água (IX)
O Baptismo na Água (X)
O Baptismo na Água (XI)
O Baptismo na Água (XII)
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O Baptismo na Água (VIII)
O Baptismo na Água (IX)
O Baptismo na Água (X)
O Baptismo na Água (XI)
O Baptismo na Água (XII)
O Baptismo na Água (XIII)
O Baptismo na Água (XIV)
O Baptismo na Água (XV)
O Baptismo na Água (XVI)
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