A correção e disciplina dos filhos como a Bíblia ensina (8)
A Criança Educada na Disciplina Piedosa: “quando envelhecer não se desviará dele”
Podemos educar os nossos filhos de modo a garantir que venham a viver vidas piedosas? É exatamente isso que a Bíblia ensina! Pro. 22:6 diz: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”. Penso que Versão Americana “Revised Version” é um pouco mais clara, pois diz: "Mesmo quando envelhecer, ele não se afastará dele". Mesmo quando uma criança for crescida, longe de casa, longe das restrições do pai e da mãe, ela nunca se afastará da educação que teve quando criança, se foi realmente educada do modo correto, dizem as Escrituras.
Sei bem que a boa paternidade é mais do que açoitar crianças. Dever haver exemplo piedoso todos os dias. As crianças devem ser ensinadas a trabalhar. Deve haver muito ensino da Bíblia. Deve haver muita oração. As crianças devem ser ganhas para Cristo em tenra idade. Mas, é claro, a espinha dorsal da educação dos filhos é a disciplina, sendo ensinados a obedecer, ensinados a fazer o que está certo, governados com amor nos caminhos da justiça pelo pai e pela mãe. Os pais devem criar os filhos “na doutrina [ou, disciplina] e na admoestação do Senhor”, como diz Efésios 6:4. Se eles seguirem o plano da Bíblia, o caráter das crianças será tão fundado em Deus, na justiça, na moralidade e na sujeição à autoridade que, quando as crianças crescerem, e se tornarem homens e mulheres independentes, nunca deixarão os caminhos piedosos que lhes ensinaram seus pais.
Um dia eu vi este texto bíblico ser seriamente posto em causa. Eu era um jovem pregador que pregava aos domingos numa igreja campestre. Quando preguei sobre lar Cristão e usei este texto bíblico de Provérbios 22:6 como texto base, um homem proeminente na igreja, profundamente angustiado, pediu-me para me deslocar a sua casa com ele. Uma vez lá, ele disse-me: "Irmão, o que pregou esta manhã não é assim. Afirmou que se educarmos um filho no caminho em que ele deve andar, ele nunca se desviará dele. Eu sei que isso não é verdade. Eu sei que eduquei o meu filho corretamente."
“Mas”, disse eu, “essa declaração não é minha. Trata-se de uma afirmação da Palavra de Deus. Eis o que dizem as Escrituras: ‘Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele’. Note que está a objetar, a questionar, a pôr em causa a Palavra de Deus.”
“Então, se a Bíblia diz isso, a Bíblia está errada”, respondeu ele. “Eu sei que criei o meu filho corretamente. Não devo ser culpado por ele ter errado.”
Eu disse-lhe que nenhum homem tinha o direito de se dizer membro da igreja de Jesus Cristo e negar um versículo da Bíblia. Mas já que ele havia levantado um problema no assunto e declarado que o ensino bíblico de Provérbios 22:6 era falso, eu quis saber onde estava o filho dele. A princípio, ele recusou-se a responder, por embaraço e vergonha. Mas quando insisti, ele disse que o rapaz estava na Penitenciária do Estado do Texas em Huntsville, Texas. “Mas eu sei que eduquei corretamente o meu filho”, disse ele. “Não tenho culpa do meu filho ter enveredado por um caminho errado.”
Uma vez que ele tinha feito da Palavra de Deus uma mentira, decidi ir ao cerne da questão e disse-lhe:
“Diz que educou corretamente o seu rapaz. Então diga-me o seguinte: açoitou-o e fê-lo refletir? Fê-lo vir quando o chamava à primeira? Exigiu que ele dissesse: ‘Sim, pai (ou papá)!’ e ‘Sim, mãe (ou, mamã)!’ a si e à mãe? Açoitou o rapaz e fê-lo obedecer?”
Ele respondeu: “O irmão é jovem e acha que essa regra se encaixa em todos. Meu garoto era irrequieto e nervoso. Não nos podíamos opor a ele bruscamente e exigir estrita obediência, como pode ser feito com algumas crianças. Ele não acataria. Ele era demasiado nervoso!”
(Incidentalmente, lembro-me de que também eu era muito irrequieto e nervoso quando miúdo. Mas o meu pai resolveu essa dificuldade com muita facilidade. Ele ficou mais nervoso do que eu!)
“Então não fez com que o seu filho refletisse. Não creu na Palavra de Deus que diz: ‘A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe.’ Não creu na Palavra de Deus que diz: ‘Castiga o teu filho, e te fará descansar e dará delícias à tua alma’ (Pro. 29:15,17). Agora o seu filho está na penitenciária, e culpa a Deus!? Diga-me outra coisa: Fazia culto doméstico em sua casa? Deuteronómio 6:6-9 ordena ao pai que ensine diligentemente as palavras da Bíblia aos seus filhos, fale delas quando se levanta e se senta e as coloque nas paredes de sua casa. Tinha culto em família? Tinha oração e leitura da Bíblia no seu lar todos os dias? O seu rapaz aprendeu a Bíblia em casa e aprendeu a orar?”
Ele respondeu: "Vocês podem ter tempo para isso, mas nós, agricultores, temos que acordar cedo e trabalhar longas horas. Não tínhamos tempo para nenhuma loucura".
O rapaz que não tinha quinze ou trinta minutos diários de tempo de culto em família, teve tempo de sobra para passar vários anos na penitenciária! (E este homem certamente me julgou mal ao pensar que eu era da cidade!)
“Portanto não fez com que o seu rapaz lhe obedecesse, nunca o castigou, nunca lhe ensinou as Escrituras, nunca fez culto em família. Deixe-me fazer-lhe mais uma pergunta”, disse eu. “Alguma vez pegou na Bíblia e disse ao seu filho que lhe queria mostrar como ser salvo? Alguma vez tentou levá-lo a confiar em Jesus como seu Salvador e depois a render o seu coração e vida a Deus? Alguma vez tentou salvar seu rapaz enquanto ele estava em casa consigo?”, perguntei-lhe.
"Quero que saiba que sou Batista", disse ele, "e nós não acreditamos em arrastar crianças para a igreja antes de elas saberem do que se trata.”
É uma pena que ele tenha sido tão bom Batista que nunca conversou com o seu filho sobre como ser salvo.
Este pai não cria que a Bíblia fosse verdadeira. Ele negou a verdade das Escrituras: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”. Mais ainda, ele nunca açoitou o seu filho, nunca exigiu e nunca obteve obediência dele. Ele nunca ensinou à criança a Palavra de Deus. Ele nunca fez em casa o culto doméstico com leitura da Bíblia e oração. Ele nunca tentou mostrar ao rapaz que ele era pecador e que precisava de um Salvador, nunca tentou levá-lo a confiar em Jesus e a conhecê-Lo como seu próprio Salvador no perdão dos pecados. E agora que o rapaz estava numa penitenciária estadual devido aos seus crimes contra a sociedade, o pai insistia que havia educado o rapaz corretamente! Porém, o leitor e eu sabemos que o pai foi o culpado. O leitor e eu sabemos que ele não criou o seu filho para Deus segundo qualquer padrão bíblico, não o educou "na disciplina e admoestação do Senhor".
Há algum tempo atrás, uma mãe pediu-me para orar pelo seu filho crescido e casado. “Ele é um bêbado, blasfemo e vive em pecado terrível”, disse a mãe. “Eu sei que ele foi criado da maneira correta e acredito que ele voltará ao caminho quando for mais velho”, disse ela. Contudo isso é uma aplicação incorreta de Provérbios 22:6. A Bíblia nunca promete que uma criança que comete um pecado ultrajante volte ao caminho dos seus pais piedosos. A Bíblia ensina claramente que uma criança, criada como deve ser no temor de Deus e de acordo com o padrão da Bíblia, nunca se afastará do curso geral de uma vida íntegra, moral e piedosa.
Certamente que os filhos que são levados a Cristo em casa, os filhos que são ensinados nas Escrituras, os filhos que são disciplinados cuidadosamente e ensinados sob a autoridade de um pai e mãe piedosos, cometerão erros e não serão perfeitos. Porém o curso das suas vidas será de acordo com o que aprenderam em casa. Se o pai e a mãe usarem os recursos disponíveis, seguirem os planos bíblicos de disciplina, ensino, exemplo e oração, então a mãe e o pai poderão descansar com segurança na promessa da Palavra de Deus de que a criança nunca esquecerá a sua educação e nunca deixará o curso correto que lhe foi ensinado em casa! E que bendita, bendita promessa é esta em que todos os pais podem descansar. Eis uma passagem das Escrituras que pode garantir o futuro feliz, moral e justo dos nossos filhos, se nela crermos e agirmos a tempo.
- John Rice
The Home (O Lar)
(Continua)
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