
A CHEGADA DE SILAS E TIMÓTEO
Enquanto o apóstolo labutava para suprir as suas necessidades e ministrava aos sábados na sinagoga, tinha pensamentos que o agitavam e perturbavam dia e noite. Como estaria o pequeno grupo de crentes em Tessalónica, onde a perseguição havia sido tão amarga? Que aflições eles estariam a ter agora? Eles permaneceriam fiéis? E os outros grupos que ele deixou para trás? (II Coríntios 11:28).
Em Atenas, Paulo fora procurado por Timóteo,[1] mas o apóstolo, ouvindo a situação dos crentes Tessalonicenses, enviara-o de volta para os consolidar e encorajar, mesmo que isso significasse que ele próprio tivesse que “ficar só em Atenas” (I Tes. 3:1-3). Desde então, ele deixou de receber notícias deles em primeira mão, embora os relatos da conversão deles chegassem longe (1Tes. 1:8).
Imagine o quadro alegre, a seguir, quando o apóstolo sobrecarregado um dia olhou para cima, talvez no seu trabalho na loja de Áquila, e vê os seus amados Silas e Timóteo a aproximarem-se! E note o seu rosto radiante de sorrisos e lágrimas de alegria, com as notícias muitos boas que os seus irmãos lhe trazem!
Timóteo chegara com relatos muito animadores de Tessalónica. Eles estavam firmes! É verdade que alguns estavam confusos sobre o que Paulo havia dito em relação ao arrebatamento dos crentes para estarem com Cristo, e choravam os seus irmãos falecidos, que eles temiam estarem agora excluídos daquele evento glorioso, mas a sua fé e amor eram fortes e eles lembravam-se dele carinhosamente, ansiando por vê-lo de novo (1Tes. 3:6).
E ele também ansiava vê-los, para suprir o que faltava à sua fé (1Tes. 3:10), mas esta notícia alegre fez o seu coração transbordar de gratidão e alegria (1Tes. 3: 7-9) e ele escrever-lhes-ia sem demora para os consolidar ainda mais especialmente com respeito à vinda do Senhor para arrebatar os Seus (I Tessalonicenses 4:13-18).
Mas havia mais para alegrar o coração do apóstolo. Silas, sem dúvida, trouxe boas notícias de Beréia, onde Paulo o havia deixado pela última vez (Atos 17:14) e também houve uma surpresa especial: uma oferta dos seus amados Filipenses! (II Coríntios 11: 9). Como isso lhe falava da sua firmeza e amor por ele! E como ele poderia usá-lo agora! Áquila e Priscila “havia pouco tinha[m] vindo de Itália” (Ver. 2) e é duvidoso que os seus negócios estivessem a prosperar nesta altura e, como ele escreveu mais tarde aos Coríntios, era sua “regra” avançar com o Evangelho apenas quando as necessidades estivessem supridas, para que ele não se “[estendesse]” ou fosse, para além daquilo que Deus havia provido (II Cor. 10:13-16).
Não admira que com a vinda de Silas e Timóteo, encontremos Paulo a pregar Cristo com novo fervor. Fardos pesados tinham sido removidos do seu coração. Necessidades financeiras tinham sido supridas. Cooperadores de confiança estariam agora ao seu lado.
Encontramo-lo uma vez mais totalmente ocupado com a sua mensagem.[2] Ele tem que alcançar os seus parentes na sinagoga para que vejam e confessem que Jesus é o Cristo.
Não deve ser suposto, a partir do versículo 5, que o apóstolo já não tivesse apresentado Cristo a estes judeus. O versículo 4 diz-nos que “ todos os sábados [ele] disputava na sinagoga e convencia a Judeus e Gregos”. Certamente ele não teria dificuldade em convencê-los em relação a assuntos menores. No entanto, o versículo 5, na nossa versão, parece dar a impressão de que ele apenas começou a testificar que Jesus era o Cristo após a chegada de Silas e Timóteo. A explicação é que a palavra traduzida “testificando” aqui é uma palavra forte, ainda mais forte do que “convencia”, no versículo 4, que significa “testemunhar ou protestar solenemente”. Assim Paulo estava tentando a convencer os Judeus, sábado após sábado, evidentemente com pouco sucesso, mas agora, com a vinda de Silas e Timóteo, ele fez isso com maior zelo, protestando solenemente perante eles ao dizer-lhes que Jesus era o Cristo.
Para que nenhum dos nossos leitores se interrogue como é que a pregação de Jesus como o Cristo se pode harmonizar com a mensagem especial de Paulo, repetimos que, tanto em Atos como nas primeiras epístolas, é abundantemente evidente que ele pregava muito mais do que isso aonde quer que fosse, porém note-se que ele teve que começar do princípio com estes Judeus, pois se eles, como os seus irmãos na Judéia, negavam que Jesus era o Messias, como poderiam eles crer que Ele era o Senhor da graça? Além disso, deve ser lembrado que o Livro dos Atos é principalmente o registo da rejeição de Israel do seu Messias e a explicação da sua expulsão do favor divino. Por isso, a mensagem especial da graça, de Paulo, assume aqui um papel secundário
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[1] Que com Silas tinha ficado em Bereia (Atos 17:14).
[2] A maioria dos textos diz que ele foi , “absorvido”, “envolvido” ou “constrangido pela Palavra”.