31-10-16 - Faz hoje 499 anos que aconteceu a Reforma Protestante

     Em 31 de outubro de 1517, há 499 anos, aconteceu a Reforma Protestante, data que relembra o dia em que Martinho Lutero fixou as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.
     A Reforma Protestante está entre os acontecimentos incisivos da História europeia e mundial. Sobre as suas consequências e sobre o seu iniciador haverá ampla discussão no jubileu da Reforma Protestante em 2017.
     Há 499 anos, partiam principalmente da região de língua alemã transformações, que se inseriram profundamente na História mundial. Desde então, existe na cristandade uma divisão entre as confissões protestantes e a Igreja Católica. Ela teve início como disputa teológica, estimulada decididamente pelo jovem monge Martinho Lutero (1483–1546), que ensinava na província, na então recém fundada universidade da cidadezinha de Wittenberg. No dia 31 de outubro de 1517, ele publicou as 95 teses antibíblicas que ele descobriu nos seus estudos e que a igreja católia cria e praticava. Isto gerou uma disputa que, ao contrário da intenção de Lutero, levou ao cisma da Igreja e, após a sua morte, às chamadas guerras confessionais entre monarcas protestantes e católicos, resultando numa nova configuração do mapa europeu. As descobertas de Lutero punham em causa o papado. Ele abandonou sua ordem agostiniana, casou-se, traduziu a Bíblia para o alemão, redigiu um grande número de textos muito lidos – e deu origem ao que são agora as igrejas chamadas evangélicas. Hoje, cerca de 37?% dos 2,2 bilhões de cristãos do mundo fazem parte de uma comunidade protestante. Na Alemanha, 29?% da população são protestantes e 30?% são católicos – porém, 34?% não possuem confissão religiosa.
As 95 teses de Lutero afixadas em Wittenberg, formuladas em latim, fazem parte da memória cultural. Em 2017, 500 anos depois desse acontecimento de amplas consequências, o jubileu da Reforma Protestante será comemorado em todo o mundo e de maneira especial na Alemanha. Organizado pela igreja e o Estado, haverá grandes eventos, cerimónias memoriais, exposições e conferências. Além disto, o dia 31 de outubro de 2017 será excepcionalmente feriado em todo o país. Com isto, o jubileu da Reforma Protestante será uma das mais amplas festas rememorativas. Já em 2008, foi proclamada pela Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) e pelo ESTADO a “Década da Reforma Protestante”, que aborda o amplo leque de conteúdos da Reforma Protestante através de temáticas anuais, preparando o ano do jubileu.
Ao mesmo tempo, o GOVERNO FEDERAL ALEMÃO e diversos Estados federais criaram um escritório estatal denominado “Luther 2017”. A iniciativa estatal pretende mostrar principalmente as consequências e conquistas da Reforma Protestante na arte, cultura, sociedade e política e, internacionalmente, divulgar a Alemanha como “país da Reforma Protestante”, elucidando a sua herança.
Indiscutivelmente, a Reforma Protestante está entre os acontecimentos incisivos da História alemã, europeia e mundial. Ela marcou profundamente a consciência teológica, histórica, mental e política da Alemanha e da Europa, do Ocidente em geral. Ela influenciou tanto a língua alemã, como teve efeitos também sobre a música e a arte, deu impulsos importantes no setor educacional e criou as bases para a participação social e política, para o conceito do cidadão emancipado.
Sem a Reforma Protestante, o mundo seria inteiramente diferente em muitos aspectos – sobre isto existe um amplo consenso. Thies Gundlach, vice-presidente da Chancelaria Eclesial da EKD e responsável pela organização do jubileu da Reforma Protestante, acredita além disto que vivemos hoje outra vez “numa espécie própria de época pré-reformadora”, na qual são postos em dúvida fundamentais critérios naturais. O caminho de Lutero, de monge agostiniano a descobridor de uma LIBERDADE DE CRENÇA sem respeito a exigências institucionais, é visto por ele como arquétipo existencial dos caminhos de libertação.
Historicamente, Lutero teve muitos precedentes que anteciparam as suas ideias; mas Lutero pôde impor-se através de coragem e habilidade, através da atenção obtida em toda a Europa, graças à revolução mediática da tipografia e através do momento favorável. As suas ideias obtiveram rápida propagação. Apesar disto, a História da Reforma Protestante foi, em si, contraditória e incerta como todos os processos históricos: a Reforma Protestante não rompeu com a Idade Média, ela cresceu a partir dela. A Idade Média não foi “obscura”; muitas ideias, que são tidas hoje como modernas, foram formuladas já naquela época. Assim sendo, a Reforma Protestante foi a exacerbação do pensamento medieval, e não a sua superação. Ela também não é parte de uma história de Lutero. Lutero é, antes, uma figura central, mas não a única figura marcante da época inicial da Reforma Protestante.
Deve-se considerar o final da Idade Média como época de diversidade, da mesma forma como a época da Reforma Protestante foi diversificada. Já a expressão “época da Reforma Protestante” é enganadora: não é só a época da Reforma Protestante, mas também a do Renascimento. Entre os contemporâneos de Lutero estão outros reformadores, como Ulrico Zwingli e João Calvino, para os quais a EKD não se cansa de chamar a atenção – e proeminentes do Renascimento, como o artista Leonardo da Vinci ou o historiador e teórico político Maquiavel.
Apesar disto, é válida a afirmação de que partiu e ainda parte de Lutero uma influente atuação histórica. Isto pode ser reconhecido exatamente na sua compreensão de liberdade (cristã). No seu texto “A Liberdade de um Cristão”, publicado em 1520, ele consagrou o pensamento de que cada cristão é um “senhor livre” sobre todas as coisas e não é súdito de ninguém, por outro lado, também que é um “servo solícito” de todas as coisas e, assim, súdito de qualquer um. Com esta tese, Lutero faz a grave diferenciação entre pessoa “interna” e “externa”; ela é a base para uma teologia evangélica, que põe a fé no centro da cristandade: não as “obras”, não as “leis” e também não a Igreja, ou seja nenhum dos fatores “externos” são decisivos para a salvação (interna) da alma, mas apenas a fé e a misericórdia de Deus são determinantes.
Hoje, se Lutero voltasse a este mundo, reformaria agora também a maioria das igrejas chamadas protestantes ou evangélicas - tanto se desviaram da Palavra de Deus que ele sempre defendeu.
- in Deutschland
 
																									
						
					 
																									
						
					 
																									
						
					 
			 
						        



