12-01-16 - Brasil: divórcios crescem 161,4% em dez anos; saiba como escapar das estatísticas
O brasileiro está adivorciar-se cada vez mais. É o que indica o levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado na segunda-feira (30/11). De acordo com o estudo, o Brasil registou 341,1 mil divórcios em 2014, ante 130,5 mil registros em 2004. É um aumento de 161,4% em dez anos. Esta é a maior taxa em 30 anos.
A especialista em direito de família, a advogada Priscila Fonseca, do escritório Priscila M. P. Corrêa da Fonseca, acredita que, atualmente, as pessoas são, por um lado, mais intolerantes, — o que dificulta a convivência —, e, por outro lado, mais liberais, não prezando por um único e exclusivo relacionamento ao longo da vida. "As redes sociais, os sites e aplicativos de relacionamento têm grande influência nessa mudança comportamental, principalmente pelo facto de aproximar pessoas, facilitando o contato", explica.
Marina Vasconcellos, terapeuta familiar e de casais pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), também avalia que as redes sociais têm atrapalhado um bocado os relacionamentos.
— Há muita gente a resgatar pessoas do passado, namoradinhos de infância, e se ela estiver num momento de fragilidade, pode embarcar na fantasia, que é uma idealização de uma história adolescente. São histórias que já passaram, que deveriam continuar no passado.
Há, ainda, de uma maneira geral, pouca disponibilidade dos casais em investirem na relação que possuem. E acham mais fácil terminar. De acordo com a terapeuta Lidia Aratangy, se a pessoa não puder olhar para dentro, o novo vai seguir igual ao velho.
— Reinvestir a cada nova relação gera um desgaste emocional danado. A separação tem de se dar por causa do que acontece entre os dois, se aquela relação ficou intolerável. Quem faz uma separação porque acredita que vai achar um príncipe em cada esquina vai se arrebentar. É preciso ver o que dentro do casamento está te afastando, e não algo de fora que está te atraindo.
Para a terapeuta Marina Vasconcelos, é preciso que as pessoas percam o medo de encarar os problemas, e criar coragem de falar de suas insatisfações, de preferência assim que os atritos começam a aparecer.
— Se os casais fizessem isso no início dos conflitos, não acabaria em divórcio. Poderiam deixar de ter preconceito com terapia de casal, perceber que nem tudo é possível resolver internamente, sem ajuda. Um casal que atendi, com dois anos de casados, esteve aqui dizendo exatamente que eles não querem que estrague. Quando se amam e desejam achar o rumo certo, dá para resolver.