12-03-08 - Mais pecados mortais na nova lista do Vaticano
Eram sete, mas a modernidade obrigou a Igreja Católica a actualizar os pecados mortais e a renovar a lista de situações que, sem arrependimento ou confissão, condenam a alma humana ao fogo eterno do inferno. Por isso, a partir de agora, o consumo de drogas, a poluição ou a desigualdade social passam a constar da lista de novos pecados que podem custar o descanso eterno. Os novos pecados capitais – merecedores de condenação segundo a Igreja Católica – serão agregados aos anteriores: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça.
A informação surgiu sob a forma de entrevista. Ao jornal oficial do Vaticano, o Observatore Romano, Gianfranco Girotti, responsável pelo tribunal da Cúria Romana, explicou que o pecado deixou de ser apenas uma questão pessoal e passou a ter influência mais ampla dentro da sociedade. “Antes, o pecado tinha uma dimensão individual, hoje, tem uma impacto social, principalmente por causa da globalização. A atenção ao pecado agora é mais urgente devido aos reflexos maiores e mais destruidores que pode ter.”
De todas as novidades, a manipulação genética é a considerada mais grave pela Santa Sé, «dentro da qual não se podem deixar de denunciar algumas violações de direitos fundamentais da natureza humana, através de experiências e manipulações genéticas, cujos êxitos são difíceis de prever e manter controlados», revela o especialista.
Se dúvidas houvessem, fica agora claro que pedofilia e aborto condenam a alma humana, assim como a injustiça social ou a poluição ambiental, uma área que, segundo Girotti, «desperta hoje grande interesse».
Passar muitas horas a ver televisão, fazer buscas na Internet ou simplesmente ler o jornal são actividades consideradas pelo Vaticano como «novos pecados», de acordo com a nova orientação enunciada pelo cardeal Francis Stafford.
O arcebispo lamentou que cada vez menos católicos apareçam no confessionário, e citou um estudo da Universidade Católica de Milão segundo o qual 60 por cento dos fiéis na Itália deixaram de se confessar.
No sacramento da penitência, os católicos confessam seus pecados a um padre, que os absolve em nome de Deus.
Mas o mesmo estudo da Universidade Católica mostrou que 30 por cento dos católicos italianos acreditam que não há necessidade de um padre como intermediário do perdão divino, e que 20 por cento se sentem desconfortáveis relatando seus próprios pecados a outros.
O ENSINO DA IGREJA CATÓLICA SOBRE OS PECADOS
O Pecado Mortal – O pecado mortal é um pecado sobre matéria grave, onde se desobedece aos mandamentos de Deus ou da Igreja. Para ser mortal, deve haver matéria grave e vontade firme de pecar.
O pecado mortal é uma grave injúria que se faz a Deus. Com o pecado mortal o homem rebela-se a contra seu Criador e Senhor.
O pecado mortal é, ao mesmo tempo, uma terrível desgraça para o homem: rouba-lhe a vida da graça e a amizade de Deus: ele perde todos os méritos que já tinha ganho; passa a merecer a condenação eterna do inferno e os castigos temporais. Enquanto o pecador não se arrepender, estará morto para o Céu.
O Pecado Venial - É o pecado que não afasta inteiramente de Deus, mostra certa negligência do amor e serviço de Deus, mas não chega a ser uma grave traição. Esses pecados podem ser perdoados sem a Confissão, bastando rezar um Acto de Contrição, pedir sinceramente perdão a Deus e não querer fazer mais aquilo. Deus perdoa assim o pecado venial. Eles não acarretam a morte eterna e o inferno, mas não deixa de ferir as almas e aumentar o tempo do Purgatório.
O QUE ENSINA A BÍBLIA
Biblicamente, os conceitos de pecado mortal e venial apresentam vários problemas:
Primeiro, estes conceitos apresentam uma visão não-bíblica de como Deus vê o pecado. A Bíblia afirma que Deus será justo na Sua punição do pecado e é verdade que alguns pecados merecerão maior punição do que outros (Mateus 11:22,24; Lucas 10:12,14). Mas o facto que se deve manter em mente é que todo o pecado será punido por Deus. A Bíblia ensina que todos pecaram (Romanos 3:23) e que a justa retribuição do pecado é a morte eterna (Romanos 6:23). Indo contra os conceitos de pecado mortal e venial, a Bíblia não afirma que alguns pecados são merecedores de morte eterna enquanto outros não o são. Todos os pecados são mortais de sorte que mesmo um único pecado faz o pecador merecedor de eterna separação de Deus. “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezeq. 18:4,20).
O Apóstolo Tiago articula este facto na sua carta (Tiago 2:10): “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” Repare no uso que ele faz da palavra “tropeçar”. Isto significa cometer um erro ou cair em erro. Tiago está a mostrar um quadro em que alguém está a tentar fazer a coisa certa, e mesmo assim, talvez, sem a intenção, comete um pecado. Qual a consequência? Deus, através do Seu servo Tiago, afirma que se uma pessoa comete um pecado, mesmo sem intenção, é culpada de quebrar toda a lei. Uma boa ilustração deste facto é imaginar uma grande janela e entender que esta janela é a lei de Deus. Não importa se a pessoa atira com uma pequenina pedra através da janela ou se atira com grandes pedregulhos. O resultado é o mesmo... a janela é quebrada. Da mesma forma, não importa se uma pessoa comete um pequeno pecado ou vários e grandes pecados. O resultado é o mesmo... a pessoa é culpada por quebrar a lei de Deus. E o Senhor declara que Ele não deixará o culpado sem punição (Naum 1:3).
Em segundo lugar, estes conceitos apresentam uma imagem não-bíblica do perdão do pecado. Em ambos os casos de pecado mortal e venial, o perdão de determinada transgressão, segundo a Igreja Católica, depende de alguma restituição feita pelo ofensor. No Catolicismo Romano, esta restituição pode tomar a forma de confessar-se, fazer certa oração, receber a Eucaristia ou outro ritual de algum tipo. O pensamento básico é que, para que seja aplicado o perdão de Cristo ao ofensor, este deve fazer algum tipo de obra e então o perdão será concedido. O pagamento e perdão da transgressão dependem das acções do ofensor.
Segundo as Escrituras, a remissão ou perdão de pecados é obtida pela graça (favor imerecido) de Deus mediante a obra de Jesus na cruz, apenas por meio da fé. Notemos:
Atos 26:18: “Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus: a fim de que recebam a remissão dos pecados, e sorte entre os santificados pela fé em Mim.”
Efésios 1:7: “Em Quem [Jesus] temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça.”
Colossenses 1:14: “Em Quem [Jesus] temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados.”
É isto que a Bíblia ensina a respeito do perdão dos pecados. Estas passagens ensinam que para a pessoa que crê em Jesus Cristo, todos os seus pecados já foram perdoados na cruz... Cristo morreu por todos eles. Isto inclui os pecados que um crente cometeu antes da salvação e os que ele cometerá após a salvação.
João 3:18 diz que “Quem crê nele (Jesus) não é condenado...”. Paulo afirma este facto em Romanos 8:1: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Porque é que os crentes não são julgados? Porque é que não há condenação para aqueles que estão em Cisto Jesus? Porque a morte de Cristo satisfez a justa ira de Deus contra o pecado (I João 4) e agora aqueles que confiam em Cristo não terão de sofrer a pena do pecado.
Apesar dos conceitos de pecado mortal e venial colocarem a responsabilidade em se ganhar o perdão de Deus para dada transgressão nas mãos do transgressor, a Bíblia ensina que todos os pecados de um crente são perdoados na cruz de Cristo. A Bíblia ensina pela palavra (Gálatas 6:7 e 8) e exemplo (II Samuel 11-20) que quando um cristão se envolve com o pecado ele pode ceifar consequências temporais, físicas, emocionais, mentais e/ou espirituais. Mas o crente nunca vai precisar de readquirir o perdão de Deus por causa do pecado pessoal porque a Palavra de Deus declara que a ira de Deus sobre o pecado do crente já foi completamente satisfeita na cruz.
Em terceiro lugar, estes conceitos apresentam uma visão não-bíblica da forma de Deus tratar os Seus filhos. Claramente, de acordo com o Catolicismo Romano, uma das consequências em se cometer um pecado mortal é que ele remove a vida eterna do transgressor. Também, de acordo com este conceito, Deus concederá novamente vida eterna através do arrependimento e boas obras.
A Bíblia ensina que a pessoa que é verdadeiramente salva por Deus através de Cristo pode perder sua salvação e ganhá-la novamente? Claramente, a Bíblia não ensina isto. Uma vez que alguém coloca sua fé em Cristo para o perdão de pecados e vida eterna, a Bíblia ensina que a pessoa está eternamente segura... não se poderá perder. Considere as palavras de Jesus em João 10:27-28: “As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu conheço-as, e elas Me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha mão.” Considere também as palavras de Paulo em Romanos 8:38-39: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”
Reflectindo sobre o facto da total satisfação da ira de Deus em relação ao pecado na morte de Cristo, os nossos pecados não nos podem separar do amor de Deus. Em amor, Deus escolhe tomar a morte de Cristo como pagamento pelos pecados do crente e não os mantém contra o crente. Então, quando um crente peca, o perdão de Deus em Cristo já está presente e, apesar do crente experimentar consequências impostas do pecado, não há perigo de que se retire o amor e perdão de Deus. Em Romanos 7:14-25, Paulo claramente afirma que um crente lutará com o pecado através da sua existência terrena, mas que Cristo nos salvará deste corpo de morte. E “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus…” (Romanos 8:1). Apesar de o conceito de pecado mortal ensinar que a pessoa pode perder a salvação através do pecado pessoal, a Bíblia ensina que o amor de Deus e Seu favor nunca serão removidos dos Seus filhos.
A graça de Deus não somente redime o crente de cada feito contrário à lei, mas também leva o crente a um viver santo e faz que seja motivado a fazer boas obras. Isto não significa que o crente jamais peca, mas que sua paixão será honrar a Deus por causa da graça de Deus a operar na sua vida. O perdão e santidade são dois lados da mesma moeda da graça de Deus… andam lado a lado. Apesar de o crente poder ocasionalmente tropeçar e cair em pecado e mesmo o fazer de forma significativa, o caminho geral e a direcção da sua vida será o de santidade e paixão por Deus e Sua glória. Se alguém seguir os conceitos de pecado mortal e venial, esta pessoa poderá ser enganada a ver o pecado como uma atitude não tão séria, pensando que ele pode pecar por vontade e simplesmente buscar o perdão de Deus o quanto quiser. A Bíblia instrui que o verdadeiro crente jamais verá o pecado de forma casual, e lutará, na força da graça de Deus, para viver uma vida santa.
Baseados nas verdades bíblicas acima, os conceitos de pecado mortal e venial não são bíblicos e devem ser rejeitados como representando a visão de Deus do pecado e a Sua solução para ele. Na morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, o problema do nosso pecado está completamente resolvido e não precisamos de procurar mais além da surpreendente demonstração do amor de Deus para connosco. O nosso perdão e correcção perante Deus não depende de nós, das nossas falhas ou da nossa correcção. O verdadeiro crente fixará os seus olhos em Jesus e viverá à luz de tudo o que Ele conseguiu em nosso benefício. O amor e graça de Deus são realmente assombrosos! Que possamos viver à luz da vida que temos em Cristo! Através do poder do seu Santo Espírito, possamos ser vitoriosos sobre o pecado, seja este “mortal”, venial”, intencional ou não intencional.




