02-04-11 - Uma polémica chamada maçonaria

Com origens que se perdem nos séculos e um conjunto de ritos que misturam elementos ocultos, boa dose de mistério e uma espécie de panaceia religiosa que faz da figura de Deus um mero arquiteto do universo, a maçonaria é normalmente repudiada pelos crentes. Contudo, muitos talvez não saibam que a história maçónica caminha de mãos dadas com a do chamado Protestantismo. Os redactores do primeiro estatuto da entidade foram o pastor presbiteriano James Anderson, em Londres, na Inglaterra, em 1723, e Jean Desaguliers, um Cristão francês. Devido às suas crenças, eles naturalmente introduziram princípios religiosos na nova organização, principalmente devido ao fim a que ela se destinava: a filantropia. O movimento rapidamente encontrou espaço para crescer em nações de tradição protestante, como o Reino Unido e a Alemanha, e mais tarde nos Estados Unidos, com a colonização britânica. Para os crentes esclarecidos, a maçonaria é vista como uma entidade esotérica, idólatra e carregada de simbologias pagãs.
Procurada a comentar, a direcção da congregação preferiu não comentar o assunto, alegando questões internas. Contudo, vários dos oficiais da igreja são maçons há décadas: “Sou diácono desta igreja há 28 anos e maçom há mais de trinta. Não vejo nenhuma contradição nisso”, diz o o agente da polícia aposentado Adilair Lopes da Silveira, de 58 anos, mestre da Loja Maçónica Silva Jardim, no município de mesmo nome, a 180 quilómetros da capital fluminense. Adilair afirma que há maçons nas igrejas evangélicas de todo Brasil, dezenas deles entre os membros de sua própria congregação e dezesseis entre os 54 membros da loja que frequenta: “Por tradição, a maioria deles está ligada às igrejas Baptista ou Presbiteriana. Essas são as duas denominações em que há mais a presença histórica maçónica”, informa.
Alguns chegam ao ponto de "garantir que não há nenhuma incompatibilidade em ser maçom e professar a fé salvadora em Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador".
O presidente do Centro Apologética Cristão de Pesquisa (CACP), João Flávio Martinez, não deixa de levantar sérias questões à presença de crentes entre os maçons. “O facto é que, quando falamos em maçonaria, estamos a falarde outra religião, que é totalmente diferente do Cristianismo. Portanto, é um absurdo sequer admitir que as duas correntes possam andar juntas”. Lembrando que as origens do movimento estão ligadas às crenças misteriosas do passado, Martinez lembra o princípio bíblico de que não se pode seguir a dois senhores. “Estou convencido de que essa entidade contraria elementos básicos do Cristianismo. Ela torna-se uma religião à medida que adopta ritos, símbolos e dogmas, emprestados, muitos deles, do judaísmo e do paganismo”, concorda o pastor baptista Irland Pereira de Azevedo.
Aos 76 anos de idade e um dos nomes mais respeitados de denominação no país, Irland estuda o assunto há mais de três décadas e admite que vários pastores da sua geração têm ou já tiveram ligação com a maçonaria. Mas não tem dúvidas acerca de seu caráter espiritual: “Essa instituição contraria os mandamentos divinos ao denominar Deus como grande arquiteto, e não como Criador, conforme as Escrituras”. Ele desqualifica-a do ponto de vista teológico e bíblico. “No meu ponto de vista, ela não deve merecer a lealdade de um verdadeiro Cristão. Entendo que em Jesus Cristo e na sua Igreja tenho tudo de que preciso como pessoa: uma doutrina sólida, uma família solidária e razão para viver e servir. Não sou maçom porque a minha lealdade a Jesus Cristo e sua igreja é indivisível, exclusiva e inegociável.”
Saiba com mais rigor o que é a Maçonaria.