18-07-10 - Prega a Palavra!

Quero pregar até que não tenha mais fôlego. Nada me incomoda mais do que a ideia de me ‘aposentar’.
Por J. R. Kerr
Charles Swindoll, 75 anos, escritor muito apreciado que tem sido uma bênção no meio do povo de Deus, está a aproximar-se de um momento em que as pessoas costumam desfrutar das suas vidas como aposentadas. Ele, todavia, não abre mão de continuar a pregar a palavra, e as gerações mais jovens ainda o têm como modelo. No passado, a Universidade Baylor e o jornal Leadership consideraram-no um dos melhores pregadores da América. O Chanceler do Seminário Teológico de Dallas tem trabalhando no ministério pastoral há mais de quarenta anos, e já contribuiu, de diversas formas, com a publicação de mais de 70 livros. As suas pregações têm sido transmitidas por mais de 2000 rádios em todo o mundo.
Tem havido uma renovação na pregação centrada no Evangelho, na qual o foco está na expiação, e em se fazer de Jesus um herói. Como é que você responde aos críticos que dizem que uma pregação muito focada em questões históricas tira a atenção do cerne do Evangelho?
Ao apresentar o Evangelho às pessoas, você está a apresentar-lhes algo em que possam acreditar. Para isso, é necessária toda uma preparação. Você não chega, entrega a mensagem de maneira fria e se despede. É necessário despertar um desejo no povo. Por exemplo, quando Jesus falou sobre o semeador, ele não apresentou nenhuma fórmula. Em vez disso, ele utilizou-se de uma realidade conhecida das pessoas – o semeador saindo a semear – e talvez tenha até apontado para um semeador que fazia o seu trabalho, enquanto contava a estória. Ao expor uma mensagem às pessoas, preciso fazer de tal forma que lhes revele as necessidades do seu dia a dia; a sua história. Algumas das coisas mais importantes para se pregar podem ser vestidas com roupagens históricas. É evidente que o objectivo é o de sempre pregar a Cristo, a sua graça, amor, misericórdia, compaixão, discernimento e sabedoria. Acho que soa um pouco estranho criar uma estória só para encaixá-la na mensagem do Evangelho. Nem todo texto carrega a mensagem do Evangelho.
Quais conselhos o senhor tem para os jovens pregadores?
Gostaria que eles dissessem, ‘quero levar a sério a minha tarefa de pregar a Bíblia. Não vou ficar a entreter o povo, fazendo da entrega da mensagem uma mera oportunidade de entretenimento. Quero apresentar-lhes a Palavra, fazer com que tenham interesse pela sua mensagem. Quero caminhar pelos livros da Bíblia, apresentando o que é importante, e fazendo disso a minha grande tarefa. Quero ser conhecido, em vinte anos, como um expositor. Quero ser capaz de pegar as Escrituras e mostrar às pessoas como elas são relevantes. Quero começar a expor Romanos 1.1, e quando chegar ao final do capítulo 16, quero que as pessoas pensem, ‘como eu pude passar metade da minha vida sem conhecer esta mensagem?
Se eu, em algum momento, tivesse escrito um livro sobre pregação, ele conteria três palavras: pregue a Palavra. Livre-se de todas as coisas que o prendam e impeçam de expor o Evangelho com pureza; pregue a Palavra. 2 Timóteo 4.2 diz ‘pregue a Palavra a tempo e fora de tempo’.
Um de meus mentores, Ray Stedmen, costumava dizer, ‘nunca tire o dedo do texto, a despeito de você estar expondo-o ou aplicando-o. Faça com que os olhos das pessoas estejam fixos nele, e fale acerca de Jesus’. É simples assim.
Como o senhor pretende viver seus próximos anos?
Quero pregar até que não tenha mais fôlego. Nada me incomoda mais do que a ideia de me ‘aposentar’. Coisas estranhas acontecem quando você se descompromete. Primeiro você fica muito mais negativo; depois você começa a contar às pessoas sobre as suas últimas cirurgias. Enfim você acaba por perder os contactos com os outros. E eu não quero perder contactos.