21-11-09 - Billy Graham concede entrevista (3)

Smietana: Há muitos pregadores que se esgotam cedo, porque eles têm de ter dois empregos para tentar alcançar os fins, ou porque trabalham durante anos com pequenos resultados, ou porque preferem começar uma nova igreja em vez de pastorearem uma igreja pequena mais velha. Que conselho você tem para pregadores que estão a começar ou que atingiram o ponto de esgotamento?
Graham: Receio que algumas igrejas não tenham consciência de quão stressante pode ser o trabalho de um pastor. Necessitamos de orar pelos nossos pastores, e os líderes congregacionais precisam especialmente de estar alerta para os problemas que os seus pastores enfrentam e fazerem o que puderem para os ajudar e encorajar.
É fácil ficarmos tão ocupados no ministério que falhamos em passar tempo a sós com Deus em oração e na Bíblia – e no entanto nada é mais importante ou mais necessário. Depois, todo o pastor precisa de ter um claro conjunto de prioridades. Isso é verdade com todos nós, mas é especialmente verdade com pastores atarefados, porque vêem-se puxados em muitas direcções.
Tenho dito muitas vezes que se tivesse de fazer tudo de novo, passaria mais tempo a estudar, e passaria mais tempo com a minha família. Por vezes precisamos de dizer “Não” às exigências que nos são feitas; aos olhos de Deus, algo mais pode ser mais importante.
Uma vez ouvi um pastor dizer que tinha tido uma reunião todas as noites da semana, e ele quase soava como se estivesse a gloriar do quão ocupado estava. Mas interrogo-me se ele realmente tinha aprendido a administrar o seu tempo. Temi também pela sua família. Também me interroguei se ele tinha aprendido a delegar responsabilidades, e a envolver no ministério outros na sua igreja. O pastor não devia ter de fazer tudo — não é esse o modelo Bíblico. Também temos de aprender a cuidar de nós, independentemente de quem somos. Jesus e Os seus discípulos precisaram de repouso — e nós também precisamos: " E Ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer." (Marcos 6:31).
Smietana: Como é que se está a dar sem a Ruth?
Graham: Ruth foi o meu amigo mais chegado e conselheiro durante os nossos 64 anos de matrimónio, e nunca consegui imaginar a vida sem ela. Regozijo-me de ela estar agora segura na presença do Senhor que ela amou e serviu tão fielmente — mas sinto muito a sua falta. Penso nela todos os dias — quase todas as horas — e anseio pelo momento em que nos reuniremos no Céu. Ao mesmo tempo, o conforto e a graça de Deus nunca me foram tão reais. Tenho experimentado mais do que nunca o que o Apóstolo Paulo quis dizer quando descreveu Deus como "o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação," (2 Coríntios 1:3-4). Também estou agradecido à família e amigos que se preocupam em que eu nunca esteja só. Mas a dor é real, e ela deve lembrar-nos da nossa necessidade de Deus. Ela também deve lembrar-nos da esperança que temos do Céu por causa da morte e ressurreição de Cristo por nós. O sofrimento é real — mas Cristo também.
Nota: O evangelista Billy Graham não concede mais pedidos de entrevistas, mas concordou em aceitar questões escritas por parte do jornalista Bob Smietana, do jornal Tennessean, por ocasião do seu 91º aniversário celebrado no passado dia 7 de Novembro. Esta é a última parte destas perguntas e respectivas respostas.
Billy Graham concede entrevista (1)
Billy Graham concede entrevista (2)