O estado intermédio entre a morte e a ressurreição

Sheol ou Hades

     Como outras revelações bíblicas, a revelação respeitante ao estado intermédio entre a morte e a ressurreição foi progressiva, especialmente devido às mudanças dispensacionais envolvidas.

     Por isso é inútil procurar no  VT (Velho Testamento) a revelação completa a respeito deste estado ou saber do local onde se encontram hoje os que já partiram.

     No entanto o VT contém o ensino básico do estado intermédio ao referir-se ao SHEOL.


SHEOL

     Esta palavra, por vezes, foi mal traduzida. Ela ocorre 65 vezes no VT. Por vezes foi traduzida por inferno, outras ocasiões por sepultura. Sheol não pode querer dizer inferno, pois as Escrituras dizem-nos que os salvos iam para lá (Gén. 37.35; 42.38; Sal. 139.8, etc.). E como veremos também não pode querer dizer sepultura.


SHEOL NÃO É SEPULTURA

     Como afirmámos atrás, a verdade a respeito do estado intermédio é progressiva, e a luz que os crentes do VT tinham sobre o assunto era muito ténue. Também não nos podemos esquecer do facto de que a perspectiva de toda a nação de Israel era terrena. Em face disto não é estranho vermos que lhes foi comunicado algo sobre a verdade da morte e da ressurreição, mas pouca ou nenhuma luz sobre o estado intermédio entre ambas.

     Nesta relação é significativo sabermos que Sheol significa perguntar, isto é, o que é?, e que Hades, a palavra Grega correspondente, significa invisível.

     Teria sido bem melhor se os tradutores das Escrituras tivessem traduzido Sheol de acordo com os factos atrás apontados, ou simplesmente não a traduzissem, e a deixassem assim, embora compreendamos como eles concluíram que algumas vezes esta palavra significava sepultura para os Israelitas piedosos, que louvavam Jeová e anelavam pelo tempo quando Ele habitaria no seu meio para receber o perfeito louvor. Para esses a morte era o silenciar dos débeis louvores já começados. É assim que encontramos David a dizer: «no sepulcro (Sheol) quem Te louvará?» (Sai 6.5) e Ezequias: «Porque não pode louvar-te a sepultura (Sheol)» (Isa. 38.18).

     De facto, quando tomamos consciência de que o Sheol era para eles o invisível, o desconhecido, não é de estranhar ver Salomão dizer, «Na sepultura (Sheol) para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma» (Ecl. 9.10), pois apesar de Eclesiastes ser um livro inspirado, Salomão fala aqui do ponto de vista da observação humana, isto é, a morte acabava com toda a actividade humana.

     Passagens como o Salmo 141.7 são apresentadas para provar que o Sheol significa a sepultura, mas o versículo diz que «os ossos são espalhados à boca da sepultura (sheol)». Este versículo até contraria que o sheol seja a sepultura, pois os ossos dos homens são encontrados fora do próprio Sheol.

     O Salmo 9.17 diz que os ímpios serão lançados no inferno (Sheol) e 2 Sam.22.6; Sal. 18.5 e 116.3 diz que cordas do inferno (sheol) cingiram David na sua angústia. Ora, visto que o NT fala de fogo em relação ao Hades (palavra Grega equivalente para a hebraica Sheol), compreende-se a razão porque algumas vezes os tradutores traduziram Sheol por inferno.

     Evidentemente, Sheol é uma região situada nas profundezas da terra, ou no seu coração, pois em Prov. 9.18 lemos das «profundezas do sheol» e em Deut. 32.22 e no Sal. 86.13 do «mais profundo do sheol». David declara no Salmo 63.9 que os seus inimigos iriam para «as profundezas (ou, partes mais baixas) da terra». É claro que não se referia à sepultura dos seus corpos, que foram sepultados na superfície da terra - na sua parte superior ou parte mais alta.

     Como é apropriado relacionar isto com o que Paulo disse em Efé. 4.9 a respeito do Senhor «ter descido às partes mais baixas da terra».

     A conclusão de que o Sheol é apenas a sepultura é construída a partir da premissa errada de que não há consciência entre a morte e a ressurreição, mas, como a premissa, a conclusão é igualmente errada.

     Abraão «morreu ... e foi congregado ao seu povo» e «sepultado na cova de Macpela» (Gén. 25.8,9), no entanto o seu povo não foi sepultado na cova de Macpela. É evidente que o pai foi sepultado em Haran (Gén. 11.32) e os outros parentes em Hur dos Caldeus, donde ele tinha vindo (Gén. 11.31). Isaque e Jacob foram congregados ao seu povo antes dos seus corpos terem sido sepultados (Gén. 35.29; 49.33; 50.1-14). Toda a geração de Josué foi «congregada aos seus pais» (Juizes 2.10), apesar dos corpos da geração anterior terem ficado no deserto (Heb. 3.17).

     No Salmo 139 David fala da impossibilidade de se escapar da presença consciente do Deus omnisciente. Não importa onde Deus o encontra: «... Se eu fizer a minha cama no Sheol, Tu estás ali» (Ver s. 7,8). É óbvio que ele não se refere ao enterramento do seu corpo na sepultura, pois os corpos mortos não têm consciência da presença de Deus. David não fala nem do corpo nem da sepultura, mas do "eu" que vive no corpo e do lugar para onde o "eu" vai quando o corpo é posto de lado e onde mesmo os que procuram escapar da presença de Deus descobrirão que não são bem sucedidos.


HADES

     O Hades do NT (Novo Testamento) é o Sheol do VT. Act. 2.27 confirma isso ao fazer a citação do Salmo 16.10.

     Naturalmente o NT derrama mais luz do que o VT. Por exemplo, enquanto no VT vemos que tanto os salvos como os perdidos, ao morrerem, iam para o Sheol, no NT vemos que ocupavam divisórias separadas e distintas - uma, lugar de bênção; a outra, de tormento.

     E aprendemos também que os salvos da presente dispensação não vão para o Hades, quando morrem, mas partem para estar com Cristo.  

     O Hades não é sepultura. Lendo Mateus 11,22 e Lucas 10.15, será que o Senhor se referia às ruas daquelas cidades e, ou, aos seus edifícios? Não. Pois mesmo que destruídos dificilmente seriam enterrados numa sepultura, e muito menos seriam confinados a um lugar de tormento. O Senhor referia-se ali ao povo daquelas terras (Mat. 11.21). Então o Senhor queria dizer que o povo dessa terra morreria e seria sepultado? Não. Pois isso acontecia também com os Seus mais fiéis seguidores. O Senhor não se referia à sepultura. Tratava-se duma sentença de condenação. Referia-se ao sofrimento e angústia que sofreriam no Hades, que para os perdidos é a ante câmara do lago de fogo. Daí o Ver. 24.

     Em Mateus 16.18 se Hades se referisse à sepultura, vemos como poderia prevalecer contra indivíduos, mas não contra a Igreja. Em qualquer caso as sepulturas têm prevalecido.

     É importante notar em Act. 2.27,31 que foi a alma que foi deixada no Hades, e não o corpo.


DESTINO DAS DIVISÓRIAS

     Ambas as divisórias se esvaziam. A divisória da bênção chamava-se paraíso (Luc. 23.43).

     Sabemos muito bem para onde Cristo foi naquele dia, pois Act. 2.31 declara que David (Salmo 16) referia-se a Cristo quando disse que a Sua «alma não seria deixada no Hades».

     Após a ressurreição algo se alterou, pois lemos que o apóstolo Paulo foi ao paraíso, no terceiro céu (2 Cor. 12.1-4).

     Efésios 4.8,9 fala-nos da remoção desse lugar. Note-se que o «levar cativo o cativeiro» é precedido por Ele ter «descido às partes mais baixas da terra».

     Esta "ascensão" em que o Senhor levou cativo o cativeiro pode ter sido a ascensão da Sua alma e espírito, que terá precedido a ascensão do Seu corpo, pois após ressuscitar Ele disse a Maria (João 20.17) - «Não me toques, pois ainda não subi para Meu Pai». No entanto, oito dias depois disso, disse a Tomé para Lhe tocar (Vers. 26,27). Isto indica que Ele teria entretanto subido ao Pai.

     Efésios 4.8,9 é uma citação do Salmo 68.18. Neste Salmo somos informados da razão do Senhor levar cativo o cativeiro. Foi «... para que o Senhor Deus habitasse entre eles». Até então os crentes, ao partirem, não podiam ir para o seio de Deus, pois o Senhor Jesus ainda não tinha aberto o caminho. Iam por isso para o seio de Abraão, o paraíso. Os crentes estavam bem, mas não estavam ainda no seio de Deus.

     Hoje, quando alguém parte é assim: 2 Cor. 5.8; Fil. 1.23; I Tes. 5.9,10. Já podemos ir directamente para a presença de Deus.

     O Hades será lançado no lago de fogo. Com o paraíso movido para o céu, o Hades é agora apenas lugar de tormento para onde vão os perdidos. No entanto é uma residência temporária, pois como o paraíso foi movido para o céu, o que resta do Hades, o lugar de tormento, será movido para o lago de fogo (Apo. 20.14).

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