O Primeiro Sermão do Nosso Senhor: uma lição sobre a verdade dispensacional

Richard Jordan

 

      "Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galileia, e a sua fama correu por todas as terras ao redor.


     "E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado" (Lucas 4:14,15).

     Quando o nosso Senhor entrou no Seu ministério público, Ele começou imediatamente a mostrar à Sua nação amada como se "maneja (ou divide) bem a Palavra da Verdade" para eles poderem compreender onde se situavam exactamente no programa de Deus. Notemos como isto é demonstrado no Seu primeiro sermão registado:

     "E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.

     "E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; ..." (vs. 16,17).

     Tendo encontrado a passagem, que sabemos ser Isa. 61:1,2, notemos cuidadosamente quanto da passagem Ele leu, e porquê:

     "E, quando ABRIU O LIVRO, achou o lugar em que estava escrito:

     "O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,

     "A apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a pôr em liberdade os oprimidos; a anunciar o ano aceitável do Senhor.

     "E, CERRANDO O LIVRO, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele" (vs. 17-20).

     Se nos voltarmos para Isaías 61:1,2 vemos logo porque é que Ele tinha toda a atenção deles: Ele tinha parado de ler e "fechou o livro" exactamente no meio de uma frase! Porquê? A resposta a esta questão enfatiza a importância de se "manejar (ou, dividir) bem a Palavra da Verdade".

     O nosso Senhor "dividiu" a Palavra exactamente no meio da frase por uma razão muito óbvia. Atentemos cuidadosamente para o versículo a seguir em Lucas 4:

     "Então começou a dizer-lhes: HOJE SE CUMPRIU ESTA ESCRITURA EM VOSSOS OUVIDOS" (v. 21).

     Na verdade o Espírito do Senhor estava sobre Ele. Ele ungira Cristo para "pregar o Evangelho aos pobres". Ele tinha-O enviado "a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a pôr em liberdade os oprimidos" e "a anunciar o ano aceitável do Senhor". Mas, se Ele tivesse continuado a leitura até ao fim da frase Ele não podia ter dito, "hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos", pois o versículo em Isaías diz a seguir:

     " ... E O DIA DA VINGANÇA DO NOSSO DEUS".

     O "ano aceitável do Senhor" tinha de facto vindo e o Senhor estava ali entre o Seu povo a proclamar as boas novas. Ele interrompeu a leitura e "encerrou o livro", porque "o dia da vingança do nosso Deus" ainda não tinha chegado. Assim o nosso Senhor começou o Seu ministério demonstrando que era um dispensacionalista, dividindo (ou, manejando) cuidadosamente bem a Palavra da Verdade.

     Ao dividir bem Isaías 61:1,2 Ele não pôs de parte como falsa a última parte do versículo. Posteriormente Ele avisa Israel da consequência de O rejeitar e da Sua oportunidade de receber a bênção de Deus sobre as nações há muito prometida - "o ano aceitável do Senhor" - salientando os terríveis resultados.

     "Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas.

     "Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! porque haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo" (Lucas 21:22,23).

     Foi porque estas boas novas seriam rejeitadas por Israel que Isaías predisse "o dia da vingança do nosso Deus". E eles rejeitaram, exigindo a Sua crucificação. João 19:15 regista:

     “Mas eles bradaram: TIRA, TIRA, CRUCIFICA-O. Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os principais dos sacerdotes: NÃO TEMOS REI, SENÃO O CÉSAR”.

     Segundo a profecia, o derramamento da ira de Deus seguir-se-ia a isto (Sal. 2:1-5; 110:1). Assim Pedro - um outro dispensacionalista - ergueu-se em Pentecostes e, citando Joel 2:28-32, avisou que "o dia da vingança do nosso Deus"  estava diante deles, dando-lhes uma renovada oportunidade de arrependimento.

     A profecia de Joel basicamente predizia dois factos: primeiro, o derramamento do Espírito de Deus sobre os Seus e, depois, o derramamento da Sua ira sobre os Seus inimigos. O primeiro, como disse Pedro, ocorreu em Pentecostes, mas o segundo não. O Espírito foi derramado mas a ira de Deus ficou - e ainda está - por vir. O programa profético foi interrompido. Uma vez mais, temos de dividir bem a Palavra de Deus.

     A razão para a interrupção não é difícil de descobrir: em vez de destruir, o nosso Senhor salvou Saulo de Tarso, o líder da rebelião contra Ele (I Tim. 1:13-16) e comissionou-o a proclamar "o Evangelho da Graça de Deus" (Actos 20:24). Foi assim que foi introduzida "a dispensação da graça  de Deus" (Efé. 3:1-3) sob a qual vivemos hoje.

     O "ano aceitável do Senhor" terminou para a nação de Israel com a rejeição a que esta votou o seu Senhor ressuscitado e glorificado. Mas em vez de responder de imediato com ira e vingança, Deus interrompeu temporariamente o programa profético, retendo "o dia da vingança" - tudo porque Ele tinha para revelar um propósito não profetizado, secreto, relativamente ao Corpo de Cristo, um conjunto de crentes a ser salvo pela graça, apenas por meio da fé, e com uma posição e esperança celestial.

     Nós deveríamos estar eternamente gratos por o nosso Senhor ter "cerrado o livro" exactamente no sítio onde o fez - e por Ele ainda não o ter aberto de novo para proclamar "o dia da vingança do nosso Deus"! A dispensação da graça já dura há mais de 1900 anos! Tal é a longanimidade de Deus para com um mundo que rejeita Cristo. E qual é a sua responsabilidade para tal longanimidade graciosa? Salomão escreveu:

     "Visto como se não executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal" (Ecl. 8:11).

     A ira foi protelada, mas isto não significa que não seja real! Não é de admirar que Paulo diga tão explicitamente:

     "Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?

     "Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus" (Rom. 2:4,5).

     Paulo compreendia que o adiamento do derramamento da ira de Deus não duraria para sempre. Ele também era um dispensacionalista! Cada dia adicional é um dia de graça - de favor imerecido de Deus. Nenhuma pessoa perdida deveria deixar de confiar em Cristo neste momento.

     E certamente que é por isso que Efé 5:15-17 exorta os crentes:

     "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,

     "Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.

     "Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor".

     Tanto Cristo, como Pedro e Paulo, compreendiam claramente o princípio do manejar (ou, dividir) bem a Palavra da Verdade. E o leitor, compreende? Esta é a única forma de se compreender e desfrutar da Bíblia - e de se viver em obediência a ela.

- Richard Jordan

 

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