Ser ou não ser batizado
UMA MENSAGEM SIMPLES SOBRE O BATISMO
A avaliar pela controvérsia existente sobre o batismo na água, parece não ser possível escrever-se uma mensagem simples sobre o assunto. Certamente que se requer mais do que um estudo superficial das Escrituras para se ter uma forte convicção na matéria, baseada num entendimento inteligente dos diferentes versículos da Bíblia relacionados com o assunto, em vez de um amargo preconceito produzido pela falta de compreensão de todos estes textos bíblicos. Para a maioria dos cristãos, o batismo é um costume, e não um ato inteligente de obediência dado aos membros do Corpo de Cristo.
Entre os mais espirituais do povo de Deus, incluindo os pregadores e ensinadores mais competentes e prolíficos, há muita diferença de opinião sobre o que a Bíblia ensina a respeito do batismo na água. Todavia quantos deles, ou melhor, quão poucos deles têm aberto o Livro com mentes despidas de preconceitos e corações sem receio de buscar de modo diligente e honesto a verdade, dispostos a aceitar e a divulgar o que descobrirem mesmo que seja contrário a todas as tradições dos pais e dos credos da igreja! Não é tarefa cobarde, nem compromete o que quer que seja, proclamar uma mensagem que não esteja de acordo com os credos da Cristandade
Mas o investigador honesto da Palavra de Deus poderá responder à pergunta, “ser ou não ser batizado?”. Se ele decidir pelo ser, poderá ele dizer: “Eu decidi ser, por causa de um determinado capítulo ou versículo da Bíblia que dá instruções aos membros do Corpo de Cristo?” Certamente que não.
Hoje vivem mais de 200 milhões de pessoas que foram batizadas com água. Para a grande maioria delas, tratou-se de um caso de batismo involuntário. Do número das que foram batizadas na infância e atingiram a idade de tomar uma decisão, mais de cinquenta por cento delas aprovaram o motivo, a crença religiosa e o ato do pai, do guardião, do sacerdote ou do pregador responsável pela cerimónia religiosa ou ordenança da igreja, embora não estejam, de modo algum, de acordo quanto aos benefícios espirituais derivados da mesma. Decerto que com nenhuma delas se tratou de um caso de resposta a uma boa consciência para com Deus. I Pedro 3:21. A resposta foi por procuração.
O modo, a fórmula e o significado do batismo infantil variam de acordo com os diferentes credos e programas das várias igrejas. Em alguns casos, a criança é imersa para cumprir o exemplo de I Coríntios 10:1 a 13. Em outros casos, o modo é por derramamento. Na maioria dos casos, o batismo infantil é por aspersão. Com os católicos romanos, a cerimónia do sacerdote faz-se com água benta (benzida) e trata-se de uma cerimónia de água para remover o pecado original. Em outras denominações a aspersão é o selo da Nova Aliança, tomando o lugar da circuncisão que era o selo da Antiga Aliança. Em tais casos, é necessário que os pais da criança sejam cristãos professos. Em outras denominações, a aspersão é a maneira pela qual os pais dedicam a criança ao Senhor. Muitos ensinam que a criança apresentada pelos pais crentes, torna-se cristã e membro da Igreja de Cristo através do ato do batismo. Eu ouvi um pregador de uma das principais denominações protestantes dizer: "a maioria do nosso povo torna-se cristão por acidente, ao ser apresentado para batismo na infância."
Tem sido argumentado por muitos que a palavra grega "baptizo" significa "imersão", mas isso não pode ser comprovado pelas Escrituras Sagradas. A palavra, em forma substantiva, é usada em Hebreus 9:10, sendo traduzida por “abluções, ou lavagens”. As lavagens cerimoniais de Israel eram aspersões, ou derramamentos, como também mergulhos.
A partir de quatro textos das Escrituras, os imersionistas argumentam que o batismo bíblico deve ter sido por imersão. Marcos 1: 9 e 10, João 3:23, Atos 8:38 e 39, Romanos 6: 4. Em defesa, ou apoio, do batismo infantil, os seguintes textos das Escrituras sobre o batismo familiar (de toda a família) são usados: Atos 11:14 e 10:18; Atos 16:15; Atos 16:31 a 33; I Coríntios 1:16; I Coríntios 7:14; I Coríntios 10: 2 e 11.
Aqueles que refutam o ensino e a prática do batismo familiar (de toda a família), incluindo bebés, citam Marcos 16:16: “Quem crer e for batizado será salvo.” Atos 8:12, “quando creram foram batizados, tanto homens como mulheres”. Atos 18: 8, “muitos dos coríntios que ouviram creram e foram batizados”.
Uma das principais autoridades no assunto do batismo, embora ensine o batismo infantil por aspersão, reconhece na sua mensagem impressa sobre o assunto, que ele não pode provar esta doutrina por qualquer declaração clara da Bíblia. Ele afirma que a prática é ensinada por implicação ou inferência.
Outros que ensinam o batismo na água para os crentes no Corpo de Cristo com qualquer outro significado não devem ridicularizar a doutrina da “implicação” ou “inferência” dos teólogos, pois empregam precisamente o mesmo método, independentemente da sua interpretação quanto à fórmula, modo e significado da sua cerimónia com água. É tudo por implicação ou inferência. Ao olharmos para as diferentes interpretações dos cristãos evangélicos que ensinam e praticam o batismo na água, devemos concluir que, se alguma delas é a interpretação bíblica correta, as demais não passam de teorias antibíblicas. Se a sepultura aquosa é bíblica, o selo da aspersão é absurdo.
E lembre-se que centenas de milhares de cristãos verdadeiros têm crido em cada uma e em todas as seguintes interpretações:
1. O selo da Nova Aliança, como a circuncisão era da Velha Aliança.
2. Regeneração batismal, ou arrependimento para a remissão de pecados pela recepção do Espírito Santo.
3. Um símbolo exterior de uma obra interior da graça.
4. Um testemunho ao mundo da salvação do crente .
5. Uma porta de entrada para a igreja.
6. Uma sepultura aquosa reconhecendo a identificação com Cristo na morte, sepultura e ressurreição.
Cinco das seis interpretações têm de ser apoiadas por implicação ou inferência e pelos credos e práticas de certas denominações que foram organizadas séculos após a morte dos apóstolos de Cristo. Não há um único versículo que prove que o batismo na água tivesse sido recebido pelo crente como um testemunho dado ao mundo de que ele se havia tornado num membro do Corpo de Cristo.
A interpretação do batismo na água de arrependimento para a remissão dos pecados é suportada por Mateus 3:11; Marcos 1: 8; Lucas 3: 3; Marcos 16:16; Atos 2:38; Atos 8:12 a 16; Atos 19: 3 a 7. Esse batismo começou com o ministério de João Batista: Ouça as suas próprias palavras em João 1:31:
“E eu não o conhecia, mas, PARA QUE ELE FOSSE MANIFESTADO A ISRAEL, VIM EU, POR ISSO, BATIZANDO COM ÁGUA.”
Havia um só batismo para o povo de Deus quando Cristo estava na Terra. O batismo de Cristo na morte aconteceu na cruz. Lucas 12:47 a 52. Após o encerramento do Livro dos Atos, a declaração em Efésios 4:5 é “um só batismo”. O batismo não era algo novo em Israel. Em Hebreus 9:10 a palavra “abluções” ou lavagens realizadas no velho testamento foi traduzida da palavra Grega “baptismos”). Porém o batismo confiado a João tinha um significado especial. Houve três batismos no período dos “Atos” - “batismo na água”, “batismo no Espírito Santo” e “batismo na morte”. Atos 1: 5; Atos 11:14 e 15; I Coríntios 12:13; Gálatas 3:27; Atos 19:2 a 7 e Romanos 8:3.
Quando os doze apóstolos foram batizados, muitos meses antes do batismo de Cristo na morte, antes da Sua ressurreição, os Doze não sabiam o que ressuscitar dos mortos significava e não sabiam nada sobre o batismo na morte de Cristo. Mateus 16:21 a 23; Marcos 9:10; Lucas 9:44 e 45; Lucas 18:31 a 34; João 20:9. Portanto, verificamos que os Doze certamente não foram batizados com água como indicação ou reconhecimento de que haviam sido sepultados com Cristo pelo batismo. E certamente que não para indicar que eles se juntavam à Igreja, que é o Seu Corpo. Essa Igreja não existia quando eles foram batizados. Os Doze nunca receberam um segundo batismo na água após o batismo da morte de Cristo. O batismo na água é chamado por diferentes nomes: “uma ordenança do reino”, “uma ordenança da igreja”, “batismo do Novo Testamento”, “batismo do reino”, “batismo cristão”. Mas todos esses nomes têm sido sugeridos pelos homens, não sendo encontrados na Bíblia.
Todos os estudiosos da Palavra de Deus concordam que o batismo de 1 Coríntios 12:13 não é batismo na água.
I Coríntios 12:13:
“POIS TODOS NÓS FOMOS BATIZADOS EM UM ESPÍRITO, FORMANDO UM CORPO, QUER JUDEUS, QUER GREGOS, QUER SERVOS, QUER LIVRES, E TODOS TEMOS BEBIDO DE UM ESPÍRITO.”
“Batizado em um Espírito formando um corpo”. Em Efésios 4:4 a 6 há a menção de um só corpo, de um só Espírito e de um só batismo. Judeus e gregos não foram batizados em um só Espírito, em um só corpo, na época em que João Batista estava batizando com água para que Cristo fosse manifestado a Israel; nessa altura, os Doze foram batizados com água. Uma coisa é Israel ter o batismo na água para que o seu Messias se manifestasse a eles: algo bem diferente é os israelitas e os gentios se unirem em um só corpo pelo batismo do Espírito Santo. O batismo na água de João estava ligado à proclamação do reino de Cristo a Israel. Portanto, há autoridade bíblica para o “batismo do reino”. Mas “batismo cristão” é uma expressão indefinida e incerta; uma expressão da pena de teólogos, mas que não se encontra na Bíblia: alguns diferenciam entre o batismo na água do reino enquanto Cristo estava na Terra, e o que eles chamam de batismo cristão na água depois de o Espírito ter vindo do Céu. Mas eles não podem comprovar com as Escrituras os “dois diferentes" batismos na água na experiência dos Doze. Segundo essa discriminação, os Doze nunca receberam o chamado batismo cristão; somente o batismo israelita do reino.
Se o batismo de João era o batismo do Novo Pacto, e se há alguma coisa na lei da primeira ocorrência, que significado teve o batismo na água até a última ocorrência do batismo na água em Atos 19: 2 a 7? Não devemos provar o significado pela exceção à ordem estabelecida em Atos 10:34 a 48, a experiência de Cornélio e a sua casa; lembrando que Cornélio foi o primeiro gentio a entrar com os judeus que requeriam um sinal.
Não há autoridade bíblica para a distinção dupla de batismo na água - “batismo do reino” e “batismo cristão”. Isso é teoria e tradição.
Tão pouco há autoridade bíblica cristã para se mudar a ordem de Marcos 16:16, “quem crer e for batizado será salvo”, para “quem crer e for salvo será batizado”. Se nos quisermos apegar à água sob a autoridade dessa passagem das Escrituras, observemos a ordem. Se fizermos isso, como podemos reconciliar esse Evangelho com o Evangelho de Romanos 3:24 e Efésios 2:8 e 9? O batismo na água não tem lugar na mensagem da pura graça como se vê em Marcos 16:16. Cristo enviou Paulo não para batizar. I Coríntios 1:17.
Isto conduz-nos à seguinte declaração importante. Nenhum texto das Escrituras instrui um membro do Corpo de Efésios a batizar com água outro crente que já é membro desse Corpo. O “um só batismo” de Efésios 4:5, como o “um só batismo” de Romanos 6:3, produz uma mudança espiritual no pecador. Por aquele batismo, o pecador que crê é identificado com Cristo na morte, sepultura e ressurreição. Como resultado desse único batismo, o crente fica sentado nos lugares celestiais em Cristo e abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais. Ele torna-se para sempre membro do Corpo de Cristo. O batismo na água hoje não produz nenhuma mudança espiritual em nenhum pecador ou santo: o batismo na água não ajuda a salvar nenhum pecador, nem ajuda a mantê-lo salvo. Todos esses mensageiros admitem que o batismo na água não tem absolutamente nenhuma eficácia para ajudar, ou acrescentar à completude do crente em Cristo ou a torná-lo membro no Seu Corpo. Colossenses 2:10. O batismo na água não é requerido por Deus para se ser membro da verdadeira Igreja, que é o Corpo de Cristo. O batismo na água não é necessário para a salvação ou regeneração. O batismo na água não é exigido como condição para se receber o Espírito Santo. Então o batismo na água, de acordo com Efésios, e de acordo com as admissões dos atuais pregadores da graça, não tem o significado que tinha em Atos 2:38 e Atos 19:3 a 7 ou em Atos 8:12 a 17.
Qual é o seu significado? Pode dar uma resposta bíblica e não uma teoria humana? O que os homens têm ensinado e pregado nunca satisfará a mente investigadora do verdadeiro Bereano. Não siga os credos estabelecidos ou a tradição dos anciãos. Os costumes da igreja e a verdade da Bíblia podem ser diferentes. Depois de orar fervorosamente e examinar as Escrituras diligentemente e com isso ficar convencido sobre qual das mais de uma dúzia de interpretações, e de modos e significados praticados pelos cristãos ortodoxos é requerido aos membros do Corpo de Cristo, obedeça ao requerido e depois procure o homem que é biblicamente qualificado para batizar.
Porém, lembre-se, estude diligentemente a Palavra de Deus antes de responder a Deus: “ser ou não ser batizado”. Quando pergunta aos homens, por mais espirituais que sejam, em geral eles não conseguem dar-lhe uma passagem das Escrituras definida para provar que o batismo na água é compatível com o Evangelho da Graça de Deus. Se citam a chamada Grande Comissão de Mateus 28:19 e 20 e Marcos 16:14 a 18, eles têm que admitir que as instruções foram dadas aos apóstolos, que ainda não estavam no Corpo de Cristo, apóstolos que se assentarão sobre doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. (Mateus 19:28) Esses apóstolos eram ministros da circuncisão com o evangelho da circuncisão. Gálatas 2:7 a 9. Eles foram comissionados antes do Corpo de Cristo ter começado historicamente. Eles foram batizados muitos meses antes do Corpo ter começado. Depois os Doze não foram batizados com água como membros da igreja de Efésios 1:19 a 22. O apóstolo dos gentios declarou claramente: “Cristo não me enviou para batizar”. I Coríntios 1:17. Como membros do Corpo de Cristo, de que textos das Escrituras, devemos obter as nossas instruções a respeito do batismo na água e do Evangelho da Graça de Deus? Não há uma única palavra que instrua os membros do Corpo de Cristo a serem batizados.
A grande maioria dos cristãos pratica o que os seus líderes humanos lhes têm ensinado; o que os credos da igreja requerem deles, e parecem pensar que estão na vontade de Deus porque obedecem a uma demanda denominacional em vez de obedecerem às Escrituras bem manejadas.
Se um homem ou um grupo de homens exige uma cerimónia religiosa como porta de entrada para qualquer uma das suas igrejas e o Senhor não exige essa cerimónia para os tornar membros da Sua Igreja, qual é o seu dever? Algo pode acontecer com a sua membresia da igreja cá em baixo se obedecer à Cabeça da igreja nos lugares celestiais.
Seja um bereano. Peça capítulo e versículo. Não faça algo só porque se trata de um hábito religioso há muito tempo.
- J. C. O'Hair
