A Palavra – uma pia

Carlos M. Oliveira

     A pia de cobre, no tabernáculo, com uma boa quantidade de água, tinha sido feita dos espelhos de bronze oferecidos pelas mulheres (Êxodo 38:8) e servia para que os sacerdotes lavassem nela, cerimonialmente, as mãos e os pés quando realizassem o seu serviço na tenda da congregação. Vemos, assim, uma associação intrínseca entre o espelho (Tiago 1:23), que já considerámos no artigo anterior, e agora a pia (feita de espelhos). A pia de cobre interpunha-se entre o adorador e Deus e proporcionava àquele a purificação que o habilitava a aproximar-se d’Ele. 

     Nas Escrituras, como observámos anteriormente, o espelho é uma figura da Palavra de Deus e a água na pia reforça esse pensamento, uma vez que também ela nos fala da Palavra de Deus, como lemos em Efésios 5:26 - “a lavagem da água, pela Palavra” - embora, aqui, na sua relação com quem que já é crente no Senhor Jesus, falando-nos concretamente da ação prática purificadora da Palavra na vida do crente. O cobre fala-nos de juízo. Os pés julgadores do Filho de Deus são vistos no livro do Apocalipse como sendo “semelhantes a latão reluzente [ou, cobre, ou bronze]” (Apocalipse 1:15). Vemos, assim, com muita clareza, em figura, que a Palavra de Deus, para além de purificar, também julga. Sim, “… a Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar …” (João 12:48).

     Devemos dar graças a Deus por o Livro que nos mostra os nossos pecados, facultar-nos o remédio e a solução para os mesmos. Para além de no-los mostrar (espelho), a Bíblia julga-os (cobre) e elimina-os (água).

     O propósito da pia era a lavagem das mãos e dos pés dos sacerdotes, figura dos crentes, que têm a necessidade de se purificar diariamente, usando a Palavra de Deus, para O poderem servir. Isto é perfeitamente ilustrado na lavagem dos pés dos discípulos feita pelo Senhor (João 13:3-10). 

     “Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo” (Ver.10). No ato em que se tornavam sacerdotes, Aarão e seus filhos foram lavados completamente – literalmente banhados. Essa lavagem foi feita uma única vez e nunca mais se repetiu, tendo-os tornado potenciais servidores de Deus. No entanto, no seu serviço diário os sacerdotes tinham que lavar as suas mãos e pés na pia de cobre. Sempre que entravam no tabernáculo, quer fossem arranjar os pães da proposição, preparar as lâmpadas do candelabro, ou oferecer incenso, eles primeiro lavavam-se na pia; e quando saíam e ministravam no altar dos holocaustos, a mesma ação repetia-se, de modo que os sacerdotes estavam continuamente a lavar-se. A pia não representa, pois, a regeneração do crente em Cristo, mas a sua purificação diária através da Palavra de Deus. A regeneração do crente é um ato único, que não se repete, em que a Palavra de Deus tem igualmente um papel fundamental (Tito 3:5; Cf. Efé.1:13). A purificação do crente é diária, repetitiva, em virtude de ele estar em permanente contacto com o mundo poluído pelo pecado. Nós temos de ser purificados, separando-nos totalmente do mal, se quisermos ser veros servos e adoradores. Nenhuma verdadeira comunhão com Deus é possível a não ser tendo por base a santidade pessoal. “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2 Coríntios 7:1).

     A pia de cobre, mostra-nos, pois, a necessidade de pureza no exercício do ministério. “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no Seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Salmo 24,3,4).

     É aqui bem apropriado citar Hebreus 10:22: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa”.

     
"Bem-aventurado o varão que ... tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite" (Salmo 1:1,2).

     Ao contrário do mar de bronze, ou de fundição, do templo, que substituiu a pia de cobre do tabernáculo, a esta não vemos atribuídas quaisquer medidas (confirme, comparando 2 Crónicas 4:2 com Êxodo 30:18-21). O templo fala da glória e o tabernáculo da vida de peregrinação na Terra. Aqui, na Terra, a Palavra de Deus é imensurável (Salmo 119:96). Só conheceremos as suas verdadeiras medidas quando chegarmos ao Céu. 

- C.M.O.

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