Mentiroso, mentiroso, nariz de Pinóquio
Até onde sabemos, a conhecida expressão que se encontra no título deste artigo não existia nos dias da Bíblia. Mas certamente teria sido uma descrição adequada dos habitantes de Creta, onde Paulo havia deixado Tito para ministrar (Tt 1:5). Até mesmo um dos seus filhos favoritos teve que admitir que isto era verdade!
“Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos …” (Tito 1:12).
Mas antes de falarmos sobre a avaliação desse profeta sobre os seus compatriotas, quero salientar que as palavras de Paulo aqui provam que não há nada de errado em citar homens não salvos se o que eles dizem é verdade - e o que aquele incrédulo disse era verdade, como Paulo se apressou a acrescentar (v. 13). Digo isso porque às vezes nós somos criticados se citamos um pregador ou ensinador não dispensacional nos nossos devocionais, ou na nossa revista. Todavia sabemos que o apóstolo Paulo não teria problemas com isso, pois ele citou um homem perdido - e não apenas uma vez (cf. Atos 17:28).
Agora, a razão pela qual Paulo citou este cretense é que ele tinha acabado de advertir Tito sobre “faladores e enganadores vãos... da circuncisão... que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém” (Tt 1:10,11). Uma vez que os judeus da circuncisão amavam a Lei de Moisés, esses “faladores … vãos” provavelmente estavam a ensinar a Lei, assim como os homens que “desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas, querendo ser doutores da lei” (1 Tim. 1: 6,7). E eles provavelmente estavam a dizer algo como: “Os cretenses são sempre mentirosos, e todo mundo sabe que a única maneira de lidar com um mentiroso é colocá-lo debaixo da Lei, pois esta proíbe a mentira (Lev. 19:11).”
Mas os membros do Corpo de Cristo que estavam nas igrejas de Creta não estavam debaixo da lei, estavam debaixo da graça (Rom. 6:15). Colocá-los debaixo da Lei seria colocá-los debaixo da maldição da lei (Gál. 3:10), algo que transtornara as suas próprias almas (At 15:24). No entanto, os faladores vãos da circuncisão em Creta tinham sido tão ativos nisto, que Paulo disse que eles haviam transtornado “casas inteiras” (Tt 1:11).
Porém, não necessitas de colocar um pecador debaixo da maldição da Lei para o ajudares a superar a mentira! A graça ensina-nos a renunciar à mentira e todas as outras formas de impiedade (Tito 2:11,12). O apóstolo da graça disse que deveríamos deixar “a mentira” (Efésios 4:25). E quando ele acrescentou, “porque somos membros uns dos outros” (Efésios 4:25), ele estava a dar-nos um tremendo incentivo para não mentir. Devemos pensar bem. Se somos “membros uns dos outros” e mentimos uns aos outros, na verdade estamo-nos a mentir a nós mesmos. E coisas danosas acontecem quando um corpo mente a si mesmo.
Quando estás com dor, existem drogas que podes tomar que farão o teu corpo mentir ao teu cérebro sobre a dor que estás a sentir. Mas essas mentiras podem causar muitos danos ao corpo quando o sinal de alerta da dor é silenciado. Existem também drogas que fazem o corpo mentir a si mesmo sobre estar cansado, mas essas drogas também podem prejudicar a tua saúde. Ainda existem outras drogas que farão o teu estômago mentir ao teu cérebro sobre estares com fome. Mas algumas dessas drogas são tão perigosas que tiveram que ser retiradas do mercado.
A questão é que, quando mentes a outro membro do Corpo de Cristo, também podes causar muitos danos a este Corpo. Quanta dor poderia ser evitada na igreja local se cada um de nós acatasse a admoestação de Paulo de falar “a verdade cada um com o seu próximo” (Efésios 4:25). E com incentivos poderosos como saber que somos membros uns dos outros, não há necessidade de colocar um pecador debaixo da maldição da Lei para fazê-lo deixar de mentir.
por Ricky Kurth
