Porque calar a boca?
“E os espíritos imundos, vendo-O, prostravam-se diante d’Ele, e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. E Ele os ameaçava muito, para que não o manifestassem.” (Marcos 3:11,12)
Já te interrogaste porque é que o Senhor não quis que aqueles “espíritos imundos” O tornassem conhecido? Nós cremos que foi porque Ele não queria que pessoas como eles testemunhassem d’Ele aos outros. Isto é, Ele sabia que o testemunho de tais criaturas pecaminosas e impuras iria prejudicá-Lo, não ajudá-Lo. Ele já tinha um suficiente número de pessoas que pensavam que Ele estava "em conluio" com demónios (Mat. 12:22-24). Se as pessoas ouvissem demónios a testemunhar d’Ele, certamente não seria esse exatamente o tipo de testemunho que Ele precisava!
Muitas vezes interrogamo-nos se o Senhor não sentirá o mesmo hoje quando, em vez de espíritos imundos, crentes imundos testemunham d’Ele aos outros. Não estamos a sugerir que apenas os santos que têm a classificação espiritual de 20 na conduta devam ser autorizados a testemunhar, pois nenhum de nós é perfeito. Nem estamos a dizer que Deus não pode usar o testemunho de homens pecadores, pois se Ele pôde usar a jumenta de Balaão para proferir as Suas palavras, Ele certamente pode usar crentes carnais. Mas não podemos deixar de pensar que Deus prefere usar um santo que se purificou da impureza, sendo assim “idóneo para uso do Senhor” (2 Timóteo 2:21).
Acreditamos que o mesmo princípio se aplica quando se trata de testemunharmos às pessoas de Paulo como o nosso apóstolo. Em Atos 16:16, “uma jovem, que tinha espírito de adivinhação” seguia Paulo, dizendo:
“Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.
“E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se, e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela …” (v. 17,18).
O que o diabo estava a dizer era verdade, é claro, mas isso não impediu que Paulo silenciasse o testemunho oferecido por uma fonte tão questionável. E assim, quando nós, como crentes da dispensação da graça, tentamos convencer os nossos irmãos de que somente Paulo é o servo de Deus que nos mostra o caminho da salvação na atual dispensação, o nosso testemunho será recebido muito mais prontamente se a nossa vida “em tudo”, for “ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2:10). Qualquer coisa menos faria com que Paulo, se estivesse aqui e visse isso, ficasse tão triste conosco quanto ficou com a donzela possuída pelo espírito de adivinhação.
por Ricky Kurth