Atos Dispensacionalmente Considerados - CAPÍTULO XXXVIII – Atos 20:13-38 (10)
O QUE O FUTURO RESERVAVA PARA ELE
Não havia como voltar atrás para o apóstolo. Ele prosseguiria, “ligado ... pelo espírito”,[1] rumo a Jerusalém, mesmo apesar de o Espírito Santo ter estado a testemunhar o tempo todo que “prisões e tribulações” o esperavam ali.
Todos nós que fomos chamados a servir o Senhor faríamos bem em meditar muitas vezes no versículo seguinte, no qual Paulo expressa a sua atitude para com os sofrimentos que inevitavelmente o atingiriam ao prosseguir na sua senda para aquele caldeirão de ódio onde o Senhor havia sido rejeitado e crucificado.
Para o descrever, ele usa a mais familiar de todas as suas metáforas: a corrida a pé. Ele fixa a sua mente em mais nada a não ser na corrida e no final do seu curso. Nenhuma das previsões alarmantes o desviam do seu propósito. Ele nem sequer tem em conta a sua própria vida, para poder terminar com sucesso a sua carreira.[2]
O apóstolo parecia convencido de que nunca mais veria os anciãos da igreja em Éfeso. Quer esse conhecimento fosse ou não absoluto, ele certamente não contemplou mais nenhum ministério entre eles. Se ele pôde, ou não, depois de tudo, ter revisitado a Ásia sob as condições mencionadas em 2 Tim. 1:15; se ele pôde até mesmo ter sido autorizado a cumprir o seu propósito de viajar até à Espanha (Rom. 15:24) será discutido num capítulo posterior, mas é evidente que ele não esperava que os irmãos em Éfeso voltassem a ver o seu rosto.
O que o futuro, em última análise, reservou para o apóstolo fiel, foi o prémio a que ele alude no versículo 24. Ele realmente correu para o “[alcançar]” (1 Coríntios 9:24) e não correu “em vão” (Fil. 2:16). Quando ele terminou a sua “carreira” anos depois, ele estava pronto para receber uma “coroa” (2 Timóteo 4:7,8).
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[1] Este termo é uma expressão idiomática que significa uma pessoa sentir-se responsável. O "espírito" aqui, como mostrámos, é o seu, não o Espírito Santo, que se distingue do espírito de Paulo no versículo seguinte pela adição da palavra "Santo" e (no original) pela repetição familiar do artigo definido “o”: "o Espírito, o Santo".
[2] As palavras “com alegria” são omitidas em alguns manuscritos.
Atos dispensacionalmente Considerados
Cornelius R. Stam