Atos Dispensacionalmente Considerados - CAPÍTULO XXXVI – Atos 20:1-5 (7)

Acts dispensationally considered

 

OS SEUS MÉTODOS PARA LEVANTAR FUNDOS

     É um facto interessante que muitos que recomendariam o pregador por exortar os crentes quanto ao seu testemunho e conduta, o condenariam imediatamente por exortá-los a dar.

     De facto, alguns homens de Deus têm-se gabado realmente de não contarem a ninguém a não ser ao Senhor[1] sobre as necessidades da Sua obra. Isto é um desvio claro, não apenas das Escrituras, como das Escrituras Paulinas sobre este assunto, pois o ofertar é tanto uma parte da vida cristã quanto é o testemunho e a conduta, e o homem de Deus que se abstém de exortar os seus ouvintes a dar, com base no facto de que “o Senhor sabe tudo sobre o assunto”, pode também de abster de exortá-los quanto ao seu testemunho e andar na mesma base.

      Isto não é negar, como já dissemos, que levantamento de fundos na Igreja professa indica falta de fé, espiritualidade e até mesmo honestidade, e os que são responsáveis, sob Deus, pelo financiamento da Sua obra devem sondar as suas consciências e pedir a Deus que lhes dê a sinceridade, integridade e espiritualidade de Paulo sobre este assunto.

     A carta que Paulo escreveu aos Coríntios nesta altura contém mais instruções sobre dar e levantar fundos do que qualquer outra.

     Ao solicitar fundos para os santos pobres em Jerusalém, o apóstolo não se envolveu em apelos emocionais dramáticos ou em esquemas pelos quais os ofertantes dariam mais do que eles imaginariam. Pelo contrário, ele fala-lhes francamente sobre a necessidade e lembra-lhes do seu privilégio e responsabilidade na matéria. Tão-pouco há qualquer indicação da histeria que frequentemente tem caracterizado muitas vezes os apelos arrebatadores por fundos para levar adiante a obra do Senhor. Ele é sensato e razoável no assunto.

     De facto, ele evitou cuidadosamente fazer apelos dramáticos e arrebatadores, pois escrevera-lhes algum tempo antes, instando-os a economizar sistematicamente com vista a essa contribuição (1 Cor. 16:1,2). E em vez de usar métodos de alta pressão, ele deixou-lhes muito claro que cada um deve dar apenas “segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade” (2 Cor. 9:7).

     Ele exibiu um espírito de equidade também no seu apelo por fundos. “No primeiro dia da semana”, dissera ele, “cada um de vós ponha de parte, o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (1 Cor. 16:2) e, na outra carta, ele enfatiza isto:

     “Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem.

     “Mas não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão” (2 Coríntios 8:12,13).

     Deve ser lembrado, no entanto, que os carnais Coríntios estavam longe de ser generosos no seu apoio à obra do Senhor ou a Paulo, Seu servo. Sem dúvida sendo a maior das assembleias, eles poderiam facilmente ter suprido as escassas necessidades de Paulo, contudo, enquanto operava tão fervorosamente entre eles, ele teve que trabalhar com as mãos para o seu próprio sustento, e isto enquanto outras igrejas, especialmente os Filipenses, o procuraram para o ajudar (Filipenses 4:15,16 cf. 2 Coríntios 11:7-9).

     Em relação à contribuição para os santos da Judeia, os Coríntios exibiram as mesmas características. Eles demonstraram grande zelo pelo assunto um ano antes e evidentemente começaram a coleta semanal, mas isso agora estava a ser negligenciado (2 Coríntios 8:10) e tendo a última visita de Tito resultado apenas em mais promessas, o apóstolo enviou-o de volta com mais instruções e exortações sobre o assunto.

     Com o tato que Deus lhe deu, o apóstolo diz-lhes que é, em certo sentido, “desnecessário” escrever-lhes sobre este ministério a favor dos santos, pois ele conhece a prontidão do seu ânimo e gloriava-se perante os da Macedónia “que a Acaia estava pronta[2] desde havia um ano atrás” (2 Cor. 9:1,2). Ele também informa-os que o zelo deles (não o desempenho deles) “tem estimulado muitos” (2 Coríntios 9:2).

     Todavia suas intenções teriam que ser levadas a cabo sem mais demora. Assim, o apóstolo informa-os da grande contribuição já feita pelas igrejas da Macedónia, e isto não por serem abastados, mas da sua “profunda pobreza” (8:2,13) De facto, ele registou que os Macedónios tinham-lhe sinceramente pedido que ele aceitasse uma contribuição maior do que eles poderiam assumir com sensatez (2 Cor. 8:3,4). E, ele é cuidadoso em salientar que aquilo era tudo resultado de uma condição espiritual saudável (2 Cor. 8:2,5).

     A este desafio, o apóstolo acrescenta vários outros. Eles abundam em outras graças, porque não nesta (2 Coríntios 8:7)? Não devem eles provar a sinceridade do seu amor declarado a Cristo e ao Seu povo (2 Coríntios 8:8)? Eles estavam prontos e ansiosos há um ano; agora eles deveriam “completa[r] também o já começado” (2 Coríntios 8:11). Eles agora têm “abundância” para suprir a "falta" dos outros; um dia os papéis podem se inverter, de modo a eles virem a precisar de ajuda (2 Coríntios 8:14). E, claro, ele avança com o que deve ser sempre o argumento mais forte de todos:

     “PORQUE JÁ SABEIS A GRAÇA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, QUE, SENDO RICO, POR AMOR DE VÓS SE FEZ POBRE, PARA QUE, PELA SUA POBREZA, ENRIQUECÊSSEIS” (2 Cor. 8,9).

     Paulo havia elogiado os coríntios perante os outros, mas agora achava necessário enviar “os irmãos” para que aquela "glória” acerca deles “não [fosse] vã" e, para que não acontecesse que os delegados da Macedónia, vindo com ele, os encontrassem despreparados, e tanto ele como eles ficassem envergonhados (2 Coríntios 9:3,4). O líder destes “irmãos” era, é claro, Tito, enviado para “acab[ar]” o que ele “tinha começado” algum tempo considerável antes (2 Coríntios 8:6). Juntos, esses irmãos deviam “prepa[rar] de antemão” a oferta dos coríntios agora “anunciada” amplamente, para que pudesse ficar pronta como quantidade extra, concedida alegremente, em vez de uma oferta incompleta entregue por uma questão de necessidade antes de estar pronta (2 Coríntios 9:5) Assim o apóstolo desafia-os:

     “Portanto, mostrai para com eles, perante a face das igrejas, a prova da vossa caridade e da nossa glória acerca de vós” (2 Cor. 8:24).

     “E DIGO ISTO: QUE O QUE SEMEIA POUCO, POUCO TAMBÉM CEIFARÁ; E O QUE SEMEIA EM ABUNDÂNCIA EM ABUNDÂNCIA TAMBÉM CEIFARÁ.

     “CADA UM CONTRIBUA SEGUNDO PROPÔS NO SEU CORAÇÃO, NÃO COM TRISTEZA OU POR NECESSIDADE; PORQUE DEUS AMA AO QUE DÁ COM ALEGRIA.

     “E DEUS É PODEROSO PARA TORNAR ABUNDANTE EM VÓS TODA GRAÇA, A FIM DE QUE, TENDO SEMPRE, EM TUDO, TODA SUFICIÊNCIA, SUPERABUNDEIS EM TODA BOA OBRA” (2 Cor. 9:6-8).

     Quantos filhos de Deus precisam destas exortações hoje! Mesmo aqueles em circunstâncias comuns aqui na América [e também na Europa] têm muito dos bens deste mundo - tanto que muitas vezes eles só querem mais para si e esquecem a sua responsabilidade para com Deus e com os outros. Os ricos geralmente começam querendo “segurança”. Quando eles a têm, dizem a si mesmos que farão a sua parte na obra do Senhor. Como se pudesse haver um lugar de maior segurança do que o centro da vontade de Deus! O resultado é quase sempre o mesmo. Eles nunca têm certeza de que têm segurança suficiente e os seus fundos estão sempre “amarrados” aos negócios, de modo que não conseguem enfrentar o desafio e desfrutar do privilégio de ter uma parte substancial na obra do Senhor. Graças a Deus pelas exceções, pois são poucas. Qualquer líder na causa de Cristo testemunha repetidamente o contraste entre os Macedónios e os Coríntios, já que alguns que têm tão pouco suportam uma parte tão grande da carga financeira, enquanto outros, que têm muito, dão tão pouco.

     Antes de deixar o assunto desta carta aos coríntios, deve-se observar que ela contém muitas informações adicionais sobre os sofrimentos de Paulo que não se veem no livro dos Atos.

     Aqui ele fala sobre a “tribulação” que o sobrecarregou na Ásia, como ele tinha sido “sobremaneira agravad[o], mais do que podi[a] suportar, de modo tal que até da vida desesper[ou]” (1:8). Aqui ele fala da sua fragilidade física e da dor que suportou por toda a parte onde ia (2 Coríntios 4:7-5:10; 12-7-9). Aqui ele fala sobre a sua ansiedade mental em Troas (2:12,13) ​​das suas lutas, medos e desânimo na Macedónia (7:5) e apresenta uma longa lista de perseguições e sofrimentos até então sofridos, incluindo açoites, prisões, chicotadas, naufrágios, uma noite e um dia no abismo, viagens extenuantes, todos os tipos de perigos, fome, sede, frio, nudez e a carga de que ele nunca foi aliviado: "o cuidado de todas as igrejas" (2 Coríntios 11:23-28).

     Certamente que o apelo de alguém tão devotado à causa de Cristo deveria ter o seu efeito sobre os crentes Coríntios - e sobre nós. Enquanto “os irmãos” foram a Corinto com esta nova carta, Paulo permaneceu na Macedónia para deixar que o ministério deles e a sua epístola fizessem o seu trabalho.

     “As terras” por que o apóstolo “passou” nesta altura devem ter incluído uma área maior da Macedónia do que ele havia visitado anteriormente, pois é evidente que, durante esta viagem, ele escreveu que havia pregado “o Evangelho de Jesus Cristo” ao redor, “até ao Ilírico” e “agora” não tinha “mais demora neste sítios” (Rom. 15:19,23).

     O apóstolo havia prometido visitar Corinto, pela vontade de Deus, e não temos dúvida de que os "três meses" na Grécia foram gastos principalmente em Corinto, na casa de um dos primeiros convertidos ali – Gaio (Ver 1 Coríntios 1:14 cf. Rom. 16:23).

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[1] Apesar de, inconsistentemente, eles continuarem geralmente a dizer aos outros como eles dizem apenas ao Senhor!

[2] Não com a oferta completa, mas pronta para colocar os seus planos em ação.

 

 

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