Quando teve início a Igreja o Corpo de Cristo?

Carlos M. Oliveira

 

     É de extrema importância, para conhecermos a resposta, lembrar que a expressão "a Igreja, o Corpo de Cristo" nunca é encontrado fora das epístolas de Paulo. Tiago, Pedro e João nunca a mencionam nas suas epístolas. E a Igreja referida pelo Senhor Jesus Cristo na Terra em Mateus 16:18 não se refere ao Corpo de Cristo visto Ele estar a falar de uma igreja profetizada e, como sabemos, a Igreja, o Corpo de Cristo era um mistério que Ele só revelou posteriormente já na glória ao Apóstolo Paulo e por seu intermédio.

     Nas suas epístolas, o Apóstolo Paulo fez mais de 20 referências à “Igreja, o Corpo de Cristo” (Romanos 7:4; 1 Coríntios 10:17; 1 Coríntios 12:12,13,14,15,27; Efésios 1:22,23; Efésios 2:16; Efésios 3:6; Efésios 4:4,12,16; Efésios 4:16; Efésios 5:23,30; Colossenses 1:18,24 ; Colossenses 2:19; Colossenses 3:15). A não ser Paulo, nenhum outro escritor da Bíblia usa a expressão “a Igreja, o Corpo de Cristo”. Visto que apenas Paulo usa esta expressão, ele deve saber mais sobre o assunto do que qualquer outra pessoa nas Escrituras, não acha? Portanto, vamos dar ouvidos a Paulo sobre quando a Igreja começou? Em vez de darmos ouvidos a quem alvitra sem real conhecimento, creiamos antes no que o Espírito Santo, por meio de Paulo, ensinou a respeito do início da Igreja, o Corpo de Cristo.

 

Paulo disse claramente que a sua salvação foi para nosso "exemplo".

     O Apóstolo Paulo escreveu em 1 Timóteo 1:15-16:

     “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores; dos quais eu sou o principal.

     “Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer n’Ele para a vida eterna” (1 Timóteo 1:15,16)

     Observe os seguintes detalhes muito importantes na passagem citada acima:

     “Principal” é sinónimo de “primeiro, inicial” (como em Efésios 2:20). A palavra no “Grego”, traduzida por “principal” em 1 Timóteo 1:16 é a palavra protos, que os linguistas sabem bem que significa, de facto, “princípio ou primeiro”, como confirma Strong. Não significa “pior” como muitos pensam. “Primeiro” significa o "mais antigo".

     “Exemplo” quer dizer protótipo, modelo a ser seguido por outros.

     “dos que haviam de crer” significa os que cressem dali em diante.

     Todas estas expressividades são formas diferentes de dizer a mesma coisa, a saber, que algo novo começou com o Apóstolo Paulo. Paulo foi o “principal”, o “primeiro”, o “exemplo ou modelo, ou protótipo, que os outros dali em diante [isto é, depois de Paulo] deveriam seguir para ser salvos - crer simplesmente n’Ele [Jesus Cristo] para a vida eterna”. Quando Paulo escreveu: “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores; dos quais eu sou o principal ”, ele não estava a dizer que era o pior de todos os pecadores. No contexto (observe novamente os detalhes destacados acima), o que ele quis dizer é que ele foi o primeiro de todos os pecadores que Jesus Cristo salvou na atual dispensação da graça. Mas, dirá alguém, não havia crentes antes de Paulo? E eles não foram pecadores salvos por Deus, anos antes de Paulo? Sim, foram, mas a maneira pela qual Paulo foi salvo e o propósito para o qual Paulo foi salvo foram diferentes de todos os que o antecederam – salvo pela graça por meio da fé, sem obras, para formar um Corpo do qual Cristo é a Cabeça. Jesus Cristo salvou Paulo e os depois dele com um plano especial em mente revelado na verdade do mistério, que era totalmente desconhecido antes de Deus o revelar ao Apóstolo dos Gentios.

     As Escrituras não poderiam ser mais claras mostrando que algo novo começou com a salvação de Paulo em Atos 9. Paulo foi o "primeiro". O primeiro de quê? A única resposta sensata é o primeiro membro da Igreja, o Corpo de Cristo. Paulo foi o primeiro indivíduo a ser salvo fora do programa de Israel. O Espírito Santo diz nesta passagem que a salvação de Paulo é o nosso "exemplo, padrão". Somos membros da nação de Israel? Não. Pertencemos ao programa de Israel? Não. De acordo com o Espírito Santo, e de acordo com o próprio Paulo, ele foi salvo da mesma maneira que nós - fora de Israel (1 Coríntios 15:8; Gálatas 1:15) e fora do seu programa (1 Timóteo 1:13-16 cf. Mateus 12:31-32; Romanos 11:11-13; 1 Coríntios 1:17 cf. Mateus 28:19-20; Romanos 6:14-15 cf. Mateus 5:17-19; etc.).

     A longanimidade que salvou Paulo é a mesma longanimidade que está a ser agora dispensada a todos os demais, como Pedro refere na sua última carta (2 Ped. 3:15), confirmando que a salvação agora é como Paulo escreve nas suas epístolas, e não como era apresentada antes da sua conversão protótipa, modelar.

     Lemos que Paulo se considerava o “principal”, ou o primeiro, dos pecadores (I Tim. 1:15c). Claro, ele não foi o primeiro pecador, porque essa distinção pertence a Adão (Rom. 5:12; 1 Cor. 15:21-22)  e houve muitas gerações de homens e mulheres pecadores que vieram e morreram entre os tempos de Adão e o tempo de Paulo. Então, o que é que Paulo quis dizer quando disse que ele era o “primeiro” pecador? O versículo seguinte explica isso. “Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o primeiro, Jesus Cristo manifestasse toda a Sua longanimidade, como modelo para os que futuramente cressem n’Ele para a vida eterna” (1 Tim. 1:16).

     Paulo está simplesmente a afirmar aqui que a razão pela qual Deus mostrou misericórdia ao salvá-lo foi com o propósito expresso e claro de mostrar e provar o que Ele pretendia fazer com todo o mundo, revelando a este igualmente a Sua longanimidade, quando tudo estava conjugado para o derramamento da Sua ira sobre todos, usando-o como protótipo, padrão, exemplo, para os que daquele momento em diante cressem em Cristo e assim recebessem vida eterna (cf. 2 Pedro 3:15). A longanimidade demonstrada é que, em vez de derramar Sua ira na Grande Tribulação sobre um mundo rebelde, o Senhor interrompeu o programa profético graciosamente mostrando misericórdia ao Seu principal perseguidor e salvando-o em território gentio à parte dos requisitos do Evangelho do Reino, sendo Paulo modelo também no facto de ser em si mesmo simultaneamente Judeu e Gentio, exatamente como o corpo a que ele deu início. Embora tenha escrito esta carta mais de trinta anos após a sua conversão, Paulo foi compelido a louvar o seu Salvador quando escreveu sobre o que Ele havia feito por ele e por nós. Associemo-nos a ele, exclamando também: “Agora ao Rei eterno, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (1 Tim. 1:17).

     A Dispensação da Graça começou com a conversão de Paulo e a Igreja, que é o Corpo de Cristo, começou ao mesmo tempo. Paulo, sendo cidadão Romano e Judeu, repetimos, representava a natureza do Corpo de Cristo, no qual Judeus e Gentios são vistos como um só Corpo ou "um novo homem" ao se identificarem com Cristo (ver Efésios 2:14-16 ; cf. Gal. 3:27-28; Col. 3:11).

- C.M.O.

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