Fanny Crosby

Cega desde criança, Fanny Crosby tornou-se na maior autora de hinos sacros de toda a História.

A vida da poetisa e compositora Fanny Jane Crosby (1820-1915) é tão impressionante quanto a qualidade e quantidade dos seus hinos. Ao todo são quase nove mil hinos que incentivam a mudança de vida de pecadores, encorajam cristãos e inspiram toda a humanidade até os dias de hoje. É difícil ficar impassível diante da força das palavras do Nº 607 de Hinos e Cânticos, "A Deus seja a Glória":

fanny_crosby.jpgA Deus seja a glória por Seu grande amor,
Pois deu-nos Seu Filho, Jesus Salvador,
O Qual, pelos homens, na cruz padeceu
E abriu-lhes a porta de entrada no céu.

Exultai ! Exultai, vós os filhos de Deus!
Exultai ! Exultai, todos vós que sois Seus!
Oh, vinde à presença de Deus vosso Pai
E, em nome de Cristo Jesus, adorai!


Oh, graça infinita do Filho de Deus,
Ao mundo descendo, da glória dos céus,
A fim de remir-nos, com sangue, na cruz,
E assim transportar-nos ao reino da luz!

Oh, quanto devemos ao nosso Senhor
Por todas as bênçãos do Seu grande amor
E pelas promessas que vamos gozar
Mais bênçãos eternas em Seu santo lar.

A beleza e o poder contidos nestes versos surpreendem ainda mais por terem sido escritos por uma mulher que ficou cega com apenas seis semanas de vida. A sua vida foi prova de que dificuldade alguma pode conter a unção de Deus, nem mesmo tirar o prazer de um dos Seus servos. Noutro dos seus mais famosos e belos cânticos, intitulado "Segurança", ela escreveu:

Que segurança! Sou de Jesus!
Eu já desfruto as bençãos da luz.
Sou por Jesus herdeiro de Deus;
ele me leva à glória dos céus.

Canta Minha alma! Canta ao Senhor!
Rende-lhe sempre ardente louvor!
Canta minha alma! Canta ao Senhor!
Rende-lhe sempre ardente louvor!

Ao seu amor eu me submeti
extasiado então me senti
Anjos cantando nos altos céus
louvam a excelsa graça de Deus.

Sempre vivendo em seu grande amor,
me regozijo em meu Salvador.
Esperançoso vivo na luz
pela bondade do meu Jesus.

Outra curiosidade na vida da maior autora de hinos da história da música sacra é o facto de ela ter escrito o seu primeiro cântico aos 44 anos.

Infecção nos olhos - Nascida em 24 de Março de 1820 no município de Putnam, em Nova Iorque, Fanny tinha pouco mais de um mês de vida quando sofreu uma infecção nos olhos. O clínico geral estava fora da cidade e um outro médico fora chamado para tratar do caso. Receitou cataplasmas de mostarda quente e o efeito foi desastroso: a menina ficaria cega para o resto da vida. O "médico" teve de fugir da cidade, tamanha a revolta suscitada entre os parentes e vizinhos do bebé.

Aos cinco anos, foi levada pela mãe para consultar o melhor especialista no país, o Dr. Valentine Mott. Uma colecta feita entre os vizinhos pagou a viagem. O pai de Fanny já havia morrido e a situação financeira da família era muito difícil. O sacrifício, infelizmente, foi em vão, já que o médico decretou o caso como incurável. A menina teve então de acostumar-se às dificuldades, ao mesmo tempo que demonstrava uma habilidade incomum para compor poesias.

Naquela época, a mensagem do Evangelho foi plantada no coração da jovem Fanny, por intermédio da sua avó. Era ela quem passava horas a ler a Bíblia para a menina, que demonstrava ter uma memória extraordinária: decorou diversos trechos do Livro de Rute e dos Salmos. Aos 15 anos, ela entrou para o Instituto de Cegos de Nova Iorque, para onde voltaria anos depois para ensinar Inglês e História. Como aluna e professora, Fanny passou 35 anos na mesma escola.

Testemunho de fé - Em 1844, escreveu o seu primeiro livro de poemas - "A Menina Cega e Outros Poemas". Uma das suas primeiras participações como compositora aconteceu num dos cultos de Dwight L. Moody, um dos maiores pregadores da história do Evangelho, que realizava uma conferência na cidade de Northfield, no estado de Massachussetts. Impressionado com o talento de Fanny, Moody pediu que ela contasse o testemunho pessoal da sua fé e do seu relacionamento com Deus. Assustada, Fanny a princípio resistiu, mas depois leu a letra de um hino que acabara de escrever: "Eu chamo-o de meu poema da alma. Às vezes, quando estou preocupada, repito isto para mim mesma, e estas palavras trazem conforto ao meu coração, disse ela, antes de recitá-lo."

O hino, é verdade, não é citado na sua biografia, mas isso, de facto, pouco importa, já que poderia ser qualquer um daquelas centenas de cânticos que embalaram o avivamento americano no século 19, período que ficou conhecido como "O Grande Despertamento". Naquela ocasião, os momentos de apelo à conversão eram frequentemente inspirados por palavras como as do hino "Mais perto da Tua cruz", composto por Fanny Crosby, em 1868:

Meu Senhor, sou Teu; Tua voz ouvi
A chamar-me com amor;
E de Ti mais perto desejo estar,
Ó bendito Salvador !

Mais perto, sim, da Tua cruz,
Quero estar, ó Salvador !
Mais perto, perto, sim, da Tua cruz,
Leva-me, ó meu Senhor !

A seguir-Te aqui me consagro eu,
Constrangido pelo amor;
Bem alegre já me declaro Teu,
Pra servir-Te a Ti, Senhor.

Oh, que pura e santa delícia é
Aos Teus santos pés me achar;
E com viva e mui reverente fé
Com meu Salvador falar !

Fanny era membro da Igreja Episcopal Metodista, de Nova Iorque. Ela preparava frequentemente as reuniões infantis da igreja.

Casamento - Em 1858, Fanny casou-se com o professor de música e cantor de concerto Alexander Van Alstyne. Nessa época, ela havia deixado o ensino para acompanhá-lo tocando piano e harpa em apresentações públicas. Compôs diversas canções populares nesse período. Na mesma ocasião, a vida trouxe-lhe uma das maiores aflições que uma pessoa pode enfrentar: a perda de um filho. A criança, seu filho único, morreu ainda pequena.

Em 1864, por influência do famoso evangelista, escritor e compositor William Bradbury, que tem dezenas de canções registadas nos hinários e cantores cristãos até hoje, Fanny passou a escrever exclusivamente músicas sacras. Apaixonada por crianças e motivada pela perda irreparável do seu filho, a compositora criou um estilo próprio: "Achei que as crianças também tinham de entender as letras e as melodias teriam de ser igualmente simples." Ela esforçou-se para retratar os temas do céu e o retorno de Cristo com palavras simples.

Ímpeto criativo - O número extraordinário de composições da autora pode ser explicado não só pelo ímpeto criativo de Fanny, mas também pelo facto de ela ter um contrato de trabalho com uma editora, a Biglow & Co., que a obrigava a entregar três composições novas semanalmente. Ela chegou a compor sete canções em apenas um dia. Como hábito, não iniciava o seu trabalho sem antes dedicar horas à oração.

Curiosamente, Fanny não escrevia as letras dos seus hinos, por nunca ter dominado o método Braille. Dona de uma memória extraordinária, memorizava-as facilmente. Quando morreu, aos 94 anos, amigos e parentes escreveram na lápide da sua sepultura: Ela fez o máximo que pôde. Foi, sem dúvida, uma heroína da fé.

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