O Engano da Tradição (II)

"Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: Por que transgridem os Teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão" (Mt. 15:1-2).
Os escribas e fariseus tentaram por muito tempo encontrar alguma falta no Senhor ou nos Seus seguidores. Quando finalmente encontraram, qual foi o crime hediondo que descobriram entre os discípulos? Formicação? Roubo? Mentira? Não, tinham feito uma refeição sem lavarem as mãos! Pasmem! Não é maravilhoso que os discípulos tenham vivido de modo tão santificado que esta foi a pior acusação que os seus inimigos conseguiram arranjar? Que o mesmo possa ser dito de nós!
Mas aqui precisa ser entendido que os apóstolos não tinham violado uma das regras das Escrituras, mas apenas uma tradição oral predominante entre os escribas e fariseus. Assim sendo, o Senhor respondeu:
"...Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição?" (v.3).
Agora, como classificamos algo que transgride a Palavra de Deus? Uma transgressão, é lógico! Portanto, vemos aqui que quando as tradições orais entram em conflito com a Palavra de Deus, não são apenas uma má ideia, são pecaminosas! E o Senhor continua aqui a citar um exemplo onde a tradição deles transgredia a Palavra de Deus.
Como Ele ressaltou, a Bíblia ensina claramente que devemos honrar os nossos pais (v.4) e que qualquer "proveito" que possam receber de nós é o produto de uma dívida moral de amor que lhes devemos por tudo que fizeram por nós. Entretanto, estes líderes religiosos não entendiam estas coisas desta maneira! Conforme o Senhor continua a explicar:
"Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus" (Mt. 15:5-6).
Os escribas e fariseus argumentavam que qualquer proveito que os pais recebessem deveria ser considerado como uma "oferta", em vez de um reembolso por débito moral. Esta tradição oral fez com que muitos deles desonrassem os seus pais. Quando isto acontecia, a condenação prescrita pela Lei especificava que a pessoa deveria morrer (v.4). Mas os escribas e fariseus argumentavam que "esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe" e estava livre da condenação. E deste modo vemos que a tradição oral deles, com efeito, negava a Palavra de Deus! Observe o que o Senhor disse das pessoas que tinham inventado estas tradições más:
"Mas em vão Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens" (v.9).
Aqui vemos claramente que os "preceitos dos homens" não deveriam ter a mesma autoridade dos mandamentos das Escrituras.
Uma vez que as tradições que entram em conflito com a Palavra são transgressões, Pedro escreve sobre ser resgatado delas:
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados DA vossa vã MANEIRA DE VIVER que por TRADIÇÃO recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo..." (I Pe. 1:18-19).
Obviamente, os pecados carnais da carne não são os únicos pecados dos quais os homens precisam ser resgatados! Os homens têm a mesma necessidade de serem resgatados da maldade da tradição religiosa! Lembre-se que Paulo falou da sua "conduta" nas "tradições de meus pais" e a sua necessidade de ser resgatado delas (Gl. 1:13-15).
(Continua)