Aos nossos amigos Católicos Romanos
Esperamos que o seguinte artigo prove ser uma bênção para si. Nele, expomos as nossas objecções ao Sacrifício da Missa e a nossa crença no sacrifício único realizado uma única vez por Cristo, no Calvário, pelo qual, somente, encontramos «paz com Deus».
Ao apresentarmos os nossos argumentos não seja daí concluído que temos algo contra qualquer Católico Romano. Pelo contrário, oramos para que, depois da leitura deste artigo, se regozije connosco numa redenção consumada.
O MAIOR ERRO DE ROMA
«E assim todo o sacerdote (Velho Testamento) aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados;
«Mas Este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados para sempre, está assentado à dextra de Deus,
«Porque com uma só oblação (oferta) aperfeiçoou para sempre os que são santificados» (Heb. 10.11,12,14).
Das muitas doutrinas da Igreja Católica Romana que os crentes chamados protestantes rejeitam, qual é a que o leitor considera ser mais contrária às Escrituras e mais destrutiva? 0 Papado? A Insuficiência da Bíblia como Regra de Fé? A Mariolatria? A Conceição Imaculada? 0 Celibato dos Sacerdotes? 0 Rosário (Terço)? As Orações pelos Mortos? As Orações aos Santos Mortos? 0 Sacrifício da Missa? 0 Confessionário? A Absolvição Sacramental? As Indulgências? 0 Purgatório? Qual é o maior erro de Roma?
Muitos dos nossos leitores podem discordar de nós – e podem estar certos - mas na opinião do escritor o Sacrifício da Missa é o maior erro de Roma, a maior das suas heresias, e a mais prejudicial nos seus efeitos.
O SACRIFÍCIO DA MISSA
Em 1551, A.D., o Concílio de Trento decretou que o Sacrifício da Missa é “... o sacrifício do corpo e sangue de Cristo sob a aparência de pão e vinho . . . É um sacrifício propiciatório, expiação pelos nossos pecados, e os pecados dos vivos e mortos em Cristo, por quem é oferecido”. (Sess. 22, Caps 1,3; Can. 1,3).
O Dicionário Católico "Attwater" (1961, Macmillan Company), chama à missa “Um sacramento ... em que, sob a aparência de pão e vinho, o corpo e sangue de Cristo estão verdadeira, real e substancialmente (em substância presentes, como alimento produtor de graça para as nossas almas”.
0 Dicionário Católico mais antigo (1884, Catholic Publication Society), declara que na consagração pelo sacerdote “0 pão e o vinho deixam de ser substância como tal para serem transformados no Corpo e sangue de Cristo”.
0 Missal Diário de S. José (1959, John P. Daleiden Co.), diz: “No nome de toda a Igreja o sacerdote oferece a Deus o pão e o vinho, misturados com algumas gotas de água, que são transformadas no Corpo e Sangue de Cristo” (P. 6). Mais: “Falando por intermédio do Seu sacerdote o nosso Bendito Senhor transforma o pão e o vinho no Seu próprio Corpo e Sangue, Alma e Divindade” (P. 7).
Esta doutrina é chamada a “Presença Real”, isto é, de Cristo, que aparenta ser pão e vinho.
Para a Doutrina Católica Romana o Sacrifício da Missa é tão importante que, também no Concílio de Trento, a Igreja estabeleceu:
“Se alguém negar que o corpo e sangue, conjuntamente com a alma e divindade de nosso Senhor Jesus Cristo, e por conseguinte todo o Cristo, se encontram verdadeira, real e substancialmente contidos no Sacramento da Santa Eucaristia, seja anátema (maldito)” (Conc. Trid., Sess. 13, de Eucar, Can. 1).
É este o ensino da Igreja de Roma - tão importante ao seu sistema de doutrina que ela ordena aos homens que o aceitem, e pronuncia maldição sobre quem nega a sua validade!
TRANSUBSTANCIAÇÃO
A (suposta) transformação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo é chamada Transubstanciação; a transformação da substância.
Essencialmente, o argumento para a transubstanciação é o seguinte:
Cristo disse, «Isto é o Meu Corpo; isto é o Meu sangue», e é isso mesmo. Assim, na consagração efectuada pelo sacerdote, o que era pão e vinho torna-se de facto no corpo e sangue de nosso Senhor, de tal forma que a partir de então somente parecem ser pão e vinho, sendo na realidade carne e sangue.
Ora é estranho que a Igreja Romana não ensine que as «sete vacas» de Gén. 41.26 tenham sido realmente «sete anos», ou que as «dez pontas» de Dan. 7.24 sejam de facto «dez reis», ou que «Judá» tivesse sido realmente «um leãozinho», ou que Cristo tivesse sido de facto uma «porta» (João10.9), ou uma Videira (João 15.1), ou que «Agar» tivesse sido realmente o monte «Sinai» (Gál.4.25), ou que os «grandes animais» de Dan. 7.17 sejam mesmo «reis». Roma reconhece que todas estas passagens empregam linguagem simbólica; que os animais de Dan. 7.17 representam reis, etc., e os argumentos dos seus teólogos de que a regra gramatical aqui é diferente são tão fracos como fio de algodão.
A fraseologia usada nas passagens acima citadas é idêntica à usada pelo Senhor em Mat. 26.26-28, quando Ele disse, «Isto é o Meu Corpo ... isto é o Meu sangue». Apesar disso a Igreja Romana ensina-nos que neste caso a linguagem é diferente, de tal forma que ela, a Igreja, pode oferecer aos seus devotos a remissão dos seus pecados na Missa.
Quando, depois da consagração pelo sacerdote, observamos o pão e o vinho, dizemos, “Isto é pão e vinho”. Cheiramo-los; cheira a pão e a vinho. Provamo-los e apenas podemos concluir que é pão e vinho. Analisamo-los quimicamente e o veredicto é: “Pão e vinho". Não será então um atentado à razão que Deus nos deu, insistirmos que aquilo que se apresenta aos nossos olhos, cheira, sabe, e no laboratório é provado como sendo pão e vinho, seja realmente a carne e o sangue de Cristo? Não será completamente injusto da parte da Igreja de Roma amaldiçoar-nos com a perdição eterna porque não podemos concordar que tais elementos sejam alguma coisa mais que pão e vinho (assumindo que a Igreja de Roma tenha autoridade para nos amaldiçoar)?
Ao procurarem explicar a transubstanciação, os maiores teólogos da Igreja Católica Romana têm ficado sempre embaraçados com a absurdidade múltipla envolvida. Entre elas jaz a implicação directa de que o corpo e sangue reais do Senhor Jesus Cristo são (1) engolidos e digeridos nos estômagos (2) de milhões de pessoas ao mesmo tempo, (3) espalhadas por toda a parte de mundo, e (4) algumas delas, pelo menos, sendo insinceras e ímpias. Para os que considerarem racionalmente qualquer dos segmentos da implicação acima exposta, a observância da Missa parecerá uma absurdidade de superstição monstruosa, em vez dum acto de fé inteligente, pois o chamado “milagre” da Missa é diferente de qualquer milagre das Escrituras. Não é meramente acima da razão humana; é contrário à mesma: Os milagres das Escrituras são todos sobrenaturais; nenhum é contranatural.
Mas se tudo o acima exposto é um atentado à razão que Deus nos deu, que diremos do facto da Igreja Romana levar a sua interpretação do «é» de Mat. 26.26,28 tão longe a ponto de ensinar que na «última ceia» o Senhor ofereceu a comer e a beber aos Seus discípulos o Seu próprio corpo e sangue - enquanto sentado com eles «na carne», correndo o Seu sangue pelas veias!
É mais que evidente que os doze interpretaram as Suas palavras simbolicamente pois, com as suas mentes já cheias com muitas questões alusivas à Sua morte, como é que eles poderiam estar prontos a crer em algo tão grotesco e completamente contrário à razão e observação, como o de Cristo sentado à mesa diante dos seus olhos e ainda assim e apesar disso oferecendo-lhes o Seu próprio corpo e sangue para comer e beber? Na realidade, por terem comido e bebido sem a mínima hesitação[1] eles testificaram que compreenderam as palavras de Cristo como nós as compreendemos, isto é, que o pão e o vinho representavam o Seu corpo e sangue, que bem cedo seriam oferecidos por eles na Sua morte. E, notemos bem, eles apenas comeram e beberam; não adoraram os elementos, como a Igreja Romana ensina os seus devotos a fazer.
Mas esperar-se-á que nós creiamos em tudo isto? Sim, diz a Igreja Romana, ou pereceremos. É a isto que a Igreja de Roma chama fé – uma aceitação cega, supersticiosa a tudo o que ela ensina, não obstante contrária à clara Palavra de Deus ou ao simples senso comum - e é a esta subjugação de mentes e corações que a Igreja provoca naqueles a quem o Filho libertaria que nós repudiamos e contra a qual protestamos.[2] Ouçamos as palavras divinamente inspiradas de S. Paulo sobre o assunto:
«Orarei com o espírito, mas TAMBÉM ORAREI COM O ENTENDIMENTO; cantarei com o espírito, mas TAMBÉM CANTAREI COM O ENTENDIMENTO» (I Cor. 14.15).
E ouçamos a sua oração fervorosa pelos crentes:
«Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu CONHECIMENTO o espírito de SABEDORIA e de REVELAÇÃO,
«Tendo iluminados os olhos do vosso ENTENDIMENTO ...»
Testemunhemos o seu grande conflito pelos santos, para que pudessem gozar:
«DA PLENITUDE DA INTELIGÊNCIA» (Col. 2.2).
Deus não espera de nós uma fé cega, supersticiosa, mas uma fé inteligente no que Ele tern dito na Sua Palavra.
De tudo o acima exposto é evidente que a Igreja Romana não conhece nada duma redenção consumada, toda-suficiente, ou da entrada no descanso que esta bendita verdade proporciona (Heb. 4.10). Todos os argumentos sofisticados dos teólogos da Igreja Católica a respeito da morte «consumada» de Cristo no Calvário continuam completamente por convencer, uma vez que, de acordo com a doutrina Católica Romana, Cristo morre pelo pecado repetidamente, quase continuamente,[3] ao ser “imolado” (morto) pelos seus sacerdotes nos seus “altares”, e o Seu corpo e sangue são reais ao serem oferecidos no Sacrifício da Missa.
0 “Sacrifício Perpétuo”, como a Igreja Católica chama à Missa, explica em grande parte a presença de crucifixos por todo o mundo, onde quer que a Igreja de Roma exerça influência. Cristo deve ser visto a morrer a toda a hora. Também explica o “sagrado coração”, e o facto da “via-sacra” terminar em tudo menos em triunfo, pois o último quadro retracta a sepultura do Senhor.
A Igreja Católica não nega a ressurreição de Cristo, ou a Sua ascensão à mão direita do Pai. Como é que poderia? As suas próprias versões da Bíblia contêm tais verdades. Porém ela ensombra estas factos benditos ao colocar continuamente diante dos seus devotos um Salvador moribundo e ao reclamar estar a oferecer o Seu corpo e sangue num sacrifício perpétuo.
Não será isto uma afronta ao nosso bendito Senhor, que se encontra agora exaltado no céu, oferecendo uma salvação plena e gratuita a todos os pecadores por meio dos merecimentos ganhos no Calvário? E não lembrará aos crentes, atentos à Palavra de Deus, da Sua condenação pelos que «de novo crucificam o Filho de Deus, e O expõem ao vitupério» (Heb. 6.6)? E não será, no mínimo, uma negação das palavras do Apóstolo Paulo inspiradas pelo Espírito Santo em 2 Cor. 5,16? Citamos esta passagem da Difusora Bíblica (Missionários Capuchinhos), Versão Católica, que é muito clara:
«De modo que, desde agora em diante, a ninguém conhecemos segundo a carne. AINDA QUE TENHAMOS CONHECIDO A CRISTO DESSE MODO, AGORA JÁ NÃO O CONHECEMOS ASSIM»[4]
Um dos tristes resultados da doutrina da Igreja Católica a respeito do “Sacrifício Perpétuo” é o facto dela não poder oferecer aos seus seguidores nem paz para o presente, nem certeza para o futuro. Ela somente pode oferecer oração, uma medida de esperança, e muita ansiedade e temor, pois a Igreja Católica ensina que ninguém pode morrer com todos os seus pecados perdoados e esquecidos. Na verdade, mesmo o Católico Romano mais devoto, dizem, tem de passar pelas chamas do Purgatório antes de poder ser aceite por Deus. Assim devem ser “ditas” missas por ele (a um certo preço), não somente ao longo da vida, mas também depois da morte, e por anos sem fim.
AOS Católicos Romanos não lhes é dita a bendita verdade que tanto emocionou o Apóstolo Paulo, quando ele escreveu:
«PARA L0UVOR E GLÓRIA DA SUA (DE DEUS) GRAÇA, PELA QUAL NOS FEZ AGRADÁVEIS (ou, ACEITES) A SI NO AMADO (CRISTO).
«EM QUEM TEMOS A REDENÇÃO PELO SEU SANGUE, A REMISSÃO DAS OFENSAS (ou, O PERDÃO DOS PECADOS), SEGUNDO AS RIQUEZAS DA SUA GRAÇA» (Efé. 1.6,7).
Uma vez que os Católicos Romanos são ensinados que mesmo na morte os seus pecados ainda não se encontram completamente expiados, a Igreja Romana deixa-os na mesma condição mental das almas perdidas referidas em Heb. 2.15, «que, com medo da morte, (estão) por toda a vida sujeitos à escravidão». E depois de terem partido os seus entes queridos ainda pagam para se dizerem Missas, cantadas ou rezadas, consoante as suas possibilidades, ou desejos, através das quais se espera que os sofrimentos dos seus entes que partiram possam ser minorados no Purgatório.
Este artigo é resultado da contemplação que o escritor fez, da morte do Papa Paulo VI. Foi originalmente escrito por extenso escassos dias após a morte deste prelado de renome.
A sua morte não nos deveria ensinar a todos, que, de acordo com as doutrinas da Igreja que ele representava, nem sequer ele mesmo pôde morrer no gozo da justificação completa pela obra de Cristo no Calvário? Quando ele se aproximou da morte não pôde descansar na obra consumada de Cristo, corno é dito aos crentes para descansarem em Heb. 4.10. Na verdade, ainda têm de ser rezadas missas por ele - missas em que o corpo e sangue de Cristo são oferecidos em sacrifício repetidas vezes, e isto continuamente, enquanto ele sofre nas chamas do Purgatório. Assim, a Igreja Católica nega mesmo aos seus papas o gozo da consciência de pecados perdoados por meio de Cristo. Eles também, como todos os Católicos Romanos, têm de passar toda a vida até à morte, a rezar assim: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai par nós pecadores agora, e na hora da nossa morte”.[5] Na verdade, os Católicos Romanos usam os seus Rosários ou Terços a fim de contarem as suas “Avé-Marias”, sendo ensinados a crer que existe algum mérito na frequente repetição das suas orações. Oh, que possam aprender a diferença entre orar e rezar!
UM ÚNICO SACERDOTE - UM ÚNICO SACRlFÍClO, OU MUITOS?
O QUE DIZEM AS ESCRITURAS?
O sacerdócio Católico Romano e os seus sacrifícios não se encontram baseados nos escritos de S.Pedro, tido como o primeiro papa, e decerto que não se encontram nas epístolas de Paulo, o apóstolo designado por Deus para esta presente «dispensação da graça de Deus». São uma adaptação do sistema Mosaico com os seus muitos sacerdotes, o seu tabernáculo, o seu altar e os seus sacrifícios repetidos.
A Epístola de Paulo aos Hebreus tem muito a dizer acerca disto, e oferece algo «melhor» - muito melhor.[6]
A respeito dos sumos sacerdotes ele diz:
«E na verdade aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer» (Heb. 7.23).
«Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos ...» (Ver.28).
Apesar de para cada sumo sacerdote haver também “muitos” outros sacerdotes, no sacerdócio Levítico, naquele tempo, esta parte da Epístola aos Hebreus enfatiza mais o sumo sacerdote porque ele era o único que podia entrar no Lugar Santíssimo e representar o povo diante de Deus.
«Mas no segundo (no Lugar Santíssimo) só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo:
«Dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santuário[7] NÃO estava descoberto ...» Heb. 9.7,8).
Mas agora Deus aboliu todo este sacerdócio, e os crentes nesta presente dispensação da graça têm um - único - Sacerdote, um sacerdote duma ordem inteiramente diferente da do sacerdócio Levítico - ou da do sacerdócio Católico Romano. Ele é chamado «sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque» (Heb. 5.6).
Melquisedeque aparece pela primeira vez nas Escrituras em Génesis 14, muito antes de Israel existir. Na verdade, ele não apareceu a Abrãao (nome do concerto feito com Abrão), mas a Abrão «quando ainda na incircuncisão» e apesar de, por razões muito especiais nada lermos dos pais e da genealogia de Melquisedeque, é evidente, sem sombra para dúvidas, que o seu sacerdócio não podia ter pertencido de forma alguma a Israel, pois antedata o sacerdócio de Israel em centenas de anos.
Precisamente como, ao escrever aos Gentios, Paulo vai tantas vezes atrás a Abraão, o pai dos crentes, para ilustrar a justificação somente pela fé, assim ao escrever a estes Hebreus, agora «participantes da chamada celestial», ele vai atrás a Melquisedeque, para lhes mostrar que eles agora têm um «melhor» Sumo Sacerdote em Cristo, o seu Senhor ascendido.
Ao comparar estes dois sacerdócios, o apóstolo Paulo diz, por inspiração divina:
«De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio Levítico (porque sob ele e povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que OUTRO SACERDOTE se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão?
«Porque, MUDANDO-SE O SACERDÓCIO, necessariamente se faz também mudança da lei». (Heb. 7.11,12).
«E muito mais manifesto é ainda à semelhança de Melquisedeque se levantar OUTRO SACERDOTE,
«Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível (sem fim)».
«Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade
«(Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus» (Heb. 7.15,16,18,19).
«Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;
«Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez Ele, UMA VEZ, oferecendo-Se a Si mesmo.
«Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a Palavra do juramento,[8] que veio depois da lei, constitui ao Filho (um Sacerdote), perfeito para sempre» (Heb. 7.26-28).
«Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém NO PRÓPRIO CÉU, para agora comparecer por nós perante a face de Deus» (Heb. 9.24).
E notemos bem, este Sacerdote não ora a Deus por nós (João 16.26,27), mas antes abriu o caminho para o Pai por nós de forma a podermos, nós próprios, orar ao Pai directamente no nome de Cristo.
Que “grande consolação” isto oferece ao crente mais simples em Cristo! Ouçamos o Apóstolo exclamar:
«A qual (esperança) temos como âncora da alma, segura e firme, penetra até ao INTERIOR DO VÉU,
«ONDE JESUS, NOSSO PRECURSOR, ENTROU POR NÓS, feito eternamente Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque» (Heb. 6.19,20).
Assim, este Sumo Sacerdote é o nosso «Precursor», que nos conduz à presença imediata de Deus quando oramos. Ele não ora ao Pai em vez de nós o fazermos. Pelo contrário, as Suas intercessões são acrescentadas às nossas orações.
«Visto que temos um grande Sumo Sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão».
«Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno» (Heb. 4.14,16).
Deve ser observado que nesta passagem Deus leva-nos do propiciatório do tabernáculo Levítico ao «trono da graça» no próprio céu, e em vez de alcançarmos «misericórdia», como o Israel errante alcançava uma vez por ano no propiciatório, nós não somente «alcançamos misericórdia» como também «achamos graça a fim de sermos ajudados»: e quando? «Em tempo oportuno (ou, de necessidade)»! Deus convida-nos a «chegarmo-nos com confiança», na nossa conveniência, e tantas as vezes quantas as desejarmos, para «alcançarmos misericórdia e acharmos graça, a fim de sermos ajudados». Que bênção!
Antes de deixarmos esta linha de pensamento deveríamos considerar mais uma passagem, para vermos como por meio do sangue de Cristo foi-nos aberto um caminho para a presença de Deus, e nos foi dedicado para nosso uso:
«Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus,[9] novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne,
«E tendo um grande Sumo Sacerdote sobre a casa de Deus,
«Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé ...» (Heb. 10.19-22).
O velho caminho morto, com todas as suas cerimónias e ritos, falhou em ganhar para os homens uma entrada para a presença de Deus, porém o «novo e vivo caminho» trouxe-nos à presença imediata de Deus! Que bênção contemplar que este novo e viva caminho foi «consagrado» para nosso uso! Deus quer que nós o usemos!
Os que negam o presente sacerdócio de Cristo para os membros do Corpo de Cristo, argumentam algumas vezes, dizendo: “Porque é que necessitamos dum sacerdote para nos levar à presença imediata de Deus? Em Cristo, já nos encontramos lá, assentados nos lugares celestiais à dextra de Deus (Efé. 2.4-6).
Isso é verdade - em Cristo. Mas as Escrituras são sempre cuidadosas na distinção entre a nossa posição e a nossa condição, a nossa situação e o nosso estado. Nós também nos regozijamos com a nossa posição diante de Deus em Cristo, «aceites no Amado», e, eternamente. Isto é para nós da maior importância. Mas não é igualmente verdade que, experimentalmente, devemos ocupar, ou participar dessa posição repetidas vezes, pela fé? Nunca nos esqueçamos que a mesma epístola que tem tanto a dizer acerca da nossa posição à dextra de Deus em Cristo, também nos fala do nosso acesso a Deus por meio de Cristo!
«Porque POR ELE ambos temos ACESSO ao Pai em um mesmo Espírito» (Efé. 2.18; cf. Rom. 5.2).
Finalmente, volvamo-nos do sacerdócio múltiplo da Igreja Católica para os seus muitos sacrifícios - e para o que Deus diz acerca deles na Sua Palavra.
As Escrituras apresentam-nos aqui de novo tanto o aspecto negativo como o positivo. A nossa salvação é-nos adquirida, não por muitos sacrifícios, mas pelo sacrifício ÚNICO do Senhor Jesus Cristo, no qual «Ele se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus» (Heb. 9.14).
A respeito dos sacrifícios do sacerdócio Levítico do velho Testamento, encontramos uma fraseologia tal como «cada ano», «ano a ano continuamente», «muitas vezes», «diariamente», etc., e estas expressões são sempre encontradas no aspecto negativo. Vejamos:
«Mas no segundo (o Lugar Santíssimo) só o sumo sacerdote, uma vez CADA ANO , não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo:
«Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santuário NÃO estava descoberto ...» (Heb. 9.7,8).
Os que estão familiarizados com as Escrituras no que respeita ao Dia Anual da Expiação de Israel recordarão que era numa ocasião em que o povo de Israel «afligia as suas almas» devido aos seus muitos pecados. Isto explica a declaração de Paulo na seguinte passagem:
«Nesses sacrifícios, porém, CADA ANO SE FAZ COMEMORAÇÃO DOS PECADOS» (Heb. 10.3).
No Dia da Expiação havia de facto «uma comemoração dos pecados». Mas os nossos pecados tendo sido imputados a Cristo, e a Sua justiça a nós, não temos nenhum Dia da Expiação.
«Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos ... porém no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;
«NEM TAMBÉM PARA A SI MESMO SE OFERECER MUITAS VEZES, COMO O SUMO SACERDOTE CADA ANO ENTRA NO SANTUÁRIO ...» (Heb. 9.24,25).
Contudo devemo-nos lembrar que nem o sacrifício anual de Israel, nem os seus sacrifícios diários podiam «tirar» os seus pecados.
«Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem (substância) das coisas, NUNCA, PELOS MESMOS SACRIFÍCIOS QUE CONTINUAMENTE SE OFERECEM CADA ANO, PODE APERFEIÇOAR OS QUE A ELES SE CHEGAM» (Heb. 10.1).
«E assim todo o sacerdote aparece CADA DIA, MINISTRANDO E OFERECENDO MUITAS VEZES OS MESMOS SACRIFÍCIOS, QUE NUNCA PODEM TIRAR OS PECADOS» (Heb. 10.11).
Ah, mas consideremos agora o aspecto positivo, a suficiência total, gloriosa do sacrifício oferecido uma única vez, e por todos, pelo Senhor Jesus Cristo no Calvário.
«(Ele não necessita), como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios ... porque isto fez Ele, UMA VEZ, oferecendo-Se a Si mesmo» (Heb. 7.27).
«Não por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu próprio sangue, entrou UMA VEZ no Santuário, havendo efectuado uma eterna redenção» (Heb. 9.12).
«Nem também para a Si mesmo Se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio;
«Doutra maneira, necessário Lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo: mas agora na consumação dos séculos UMA VEZ se manifestou, PARA ANIQUILAR O PECADO PELO SACRIFÍCIO DE SI MESMO».
«E como aos homens está ordenado morrer uma vez, vindo depois disso o juízo,
«Assim também Cristo oferecendo-Se UMA VEZ para tirar os pecados de muitos ...» (Heb. 9.25-28).
«Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem (substância) exacta das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.
«Doutra maneira, TERIAM DEIXADO DE SE OFERECER, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado (Heb. 10.1,2).
«... temos sido santificados pela oblação (oferta) do corpo de Jesus Cristo, feita UMA VEZ.
«E assim todo sacerdote aparece[10] cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados;
«Mas Este, havendo oferecido UM ÚNICO SACRIFÍCIO PELOS PECADOS, está assentado para sempre à destra de Deus».
«Porque, POR UMA SÓ OBLAÇÃO, APERFEIÇOOU PARA SEMPRE OS QUE SÃO SANTIFICADOS» (Heb. 10.10-12,14).
O Apóstolo realça esta verdade gloriosa por meio dum argumento sétuplo: uma vez, uma vez, uma vez, uma vez, uma vez, um único sacrifício, uma só oblação! E este sacrifício único «aperfeiçoou para sempre» (isto é, judicialmente) aqueles a quem a oferta é aplicada.
Tudo isto concorda com o que encontramos em I Tim. 2.5-7:
« Porque há um só Deus e UM SÓ MEDIADOR[11] entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Homem,
«O Qual Se deu a Si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.
«Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui (eu, Paulo) constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade».
Como tudo isto refuta total e completamente os argumentos da Igreja Católica a favor do seu vasto sacerdócio e dos seus muitos sacrifícios! Decerto que todas as passagens bíblicas que citámos neste artigo não deixarão espaço para dúvidas quanto à condenação que Deus faz do seu popular Sacrifício da Missa. Quão triste é que milhões de pessoas religiosas sinceras sejam ainda deixadas na dúvida quanto ao seu destino eterno, quando se poderiam regozijar numa redenção consumada e então sim, efectuarem «boas obras» por um motivo certo: não para obterem nada de Deus, mas extravasadas de amor sincero e de gratidão por tudo o que Ele fez por nós.
Para os que ainda não viram estas verdades citamos mais uma passagem na esperança de que creiam e se regozijem na «Paz com Deus»:
«(Cristo) por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.
«Sendo pois justificados pela fé, temos PAZ COM DEUS, POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO» (Rom. 4.25-5.1).
Deus ama-o(a). Cristo morreu por si; creia e será salvo(a).
[1] Se o pão e o vinho se transformam na carne e sangue do Senhor, poucos, incluindo os sacerdotes, poderiam participar deles.
[2] Ver o opúsculo do autor, A Vossa fé na Palavra de Deus – É Supersticiosa ou Inteligente?.
[3] Diz-se que por todo e mundo é começada uma nova Missa numa média de quatro em quatro segundos. Em média, em cada quatro segundos principia uma Missa.
[4] Estes a quem Paulo escreveu tinham conhecido Cristo quando Ele andara entre os homens na terra, mas «desde agora em diante» deveriam «conhecê-LO» como Senhor da glória «exaltado acima de tudo».
[5] As palavras finais da Avé-Maria, a mais popular de todas as orações a Maria.
[6] «Melhor» é a palavra-chave da epístola aos Hebreus.
[7] A presença imediata de Deus no céu.
[8] Ver Hebreus 7.21.
[9] Omitimos propositadamente o segundo “Pelo”, com que o Versículo 20 principia, pois não se encontra no texto original. É difícil de dizer porque é que o tradutor o inseriu aqui. Os Versículos 19,20 não contêm dois elementos como base para se entrar na presença de Deus, mas apenas um. “0 sangue de Jesus”, derramado uma vez por todas, é o «novo e vivo caminho» pelo qua1 chegamos a Deus. Os nossos amigos Cat6licos Romanos não vêem isto apesar das suas versões serem às vezes ainda mais claras, com traduções fidelíssimas.
[10] No tabernáculo havia várias peças de mobiliário, mas não havia qualquer cadeira - nenhum lugar onde se pudesse sentar. Isto era simbólico do facto do sacerdote nunca ter consumado a sua obra. Cf. Ver. 12.
[11] Maria não é uma co-mediatriz com Cristo, entre Deus e os homens, como a Igreja Romana reclama.