1 Tessalonicenses 1:5-10 (4)
Como I Ts.1:10 representa cronologicamente a primeira afirmação escrita de Paulo sobre o arrebatamento da Igreja para estar com Cristo, uma palavra adicional deve ser dita em relação ao ponto de vista pós-tribulacionista: Este ensinamento diz que o arrebatamento do Corpo só acontecerá depois da Grande Tribulação da profecia.
Este ensinamento é em grande parte o resultado de se interpretar e aplicar erroneamente certos versículos dos registros dos "Evangelhos" e do livro de Actos, particularmente os seguintes:
Mateus 24:40-42 ("será levado um, e deixado o outro").
Mateus 25:1-13 (a parábola das dez virgens).
João 14:3 ("E, se eu for... virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo").
Actos 1:11 (Esse Jesus... há de vir assim como para o céu O vistes ir").
Mas, como ainda veremos, estes irmãos tomaram os seus argumentos para o Arrebatamento na parte errada das Escrituras, pois Paulo declara claramente que a verdade do Arrebatamento era um "mistério", ou segredo, até ser revelado através dele.
A IRA FUTURA
Deve ser notado, em primeiro lugar, que é em relação ao Arrebatamento que o Apóstolo se refere a nosso Senhor como Aquele que "nos livra da ira futura" (I Ts. 1:10).
Como é esta "ira futura" da qual ele fala? É o Grande Trono Branco ou o Lago de Fogo? Não. Leia Ap.20:11-15. A ênfase aqui não é em relação à ira, mas à justiça penal.
Mas a Grande Tribulação da profecia é consistente e repetidamente associada à ira de Deus em frases como "o dia da Sua ira", "o ardor da Sua ira", "o furor e ira do Deus Todo-poderoso", "da ira futura", etc. (Veja Sl.2:5; Is.9:19, 13:9; Jr.10:10; Sf.1:14-15; Ap.6:15-17, 14:10, 15:1, 16:1, 19, 19:15, etc.).
Assim os membros do Corpo de Cristo serão “arrebatados” para estarem com Ele antes da Tribulação profetizada ocorrer, e foi com este facto em mente que o Apóstolo escreveu as palavras:
"E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura" (1:10).
QUATRO ARGUMENTOS E UMA CONCLUSÃO
1) Ao longo das Escrituras a esperança e chamada de Israel são apresentados como sendo terrenas na sua esfera, enquanto que a esperança e chamada do Corpo de Cristo são celestiais (Veja Gn.12:1-3, 7; Is.11:1-9; Jr.23:5; Mt.5:5, 6:10 e cf. Ef.1:3, 2:5-6; Fp.3:20; Cl.1:5, 3:1-3).
2) O nosso Senhor, enquanto na terra, foi enviado apenas "às ovelhas perdidas da casa de Israel". (Veja Mt.15:24; Rm.15:8).
3) Se nosso Senhor, enquanto na terra, tivesse falado a Seus discípulos sobre o Arrebatamento do Corpo, então as verdades do Corpo e do seu arrebatamento para estar com Cristo, NÃO eram segredos revelados em primeira mão a Paulo – como ele diz que foram (Veja Ef.3:1-11; Cl.1:24-26; I Co.15:51-52; I Ts.4:15). Observe: a palavra "mistério" (grego: musterion) significa simplesmente segredo.
4) Se o nosso Senhor na terra tivesse incitado os Seus discípulos a vigiarem e esperarem o Arrebatamento, então o Arrebatamento teria de acontecer depois da Grande Tribulação, porque Ele também os preparou para este período de tribulação (Veja Mt.24:3-21).
5) PORTANTO: os ensinadores da Bíblia que têm usado passagens dos quatro Evangelhos e do começo dos Actos para ensinarem o Arrebatamento, falharam em dividir correctamente (manejar bem) a Palavra da verdade e ajudaram, involuntariamente, a propagar a teoria pós-tribulacionista, atemorizando assim crentes sinceros em vez de se consolarem "uns aos outros" com a bem-aventurada verdade de que o Senhor nos livrará "da ira futura" através da Sua vinda para levar para fora deste mundo os membros do Seu Corpo (Veja I Ts.1:10, 4:16-18, 5:9-11).
Cornelius R. Stam
Comentário Sobre as Epístolas de Paulo aos Tessalonicenses