Tessalonicenses - Introdução (3)

Há um assunto adicional que deve ser abordado em ligação às epístolas aos Tessalonicenses: a sua ênfase na " trindade permanente" das graças Cristãs. Em I Co.13 lemos que com o passar dos dons sinais (v.8) três coisas deveriam permanecer:
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade [amor], estas três, mas a maior destas é a caridade [amor]" (I Co.13:13).
Eram estas três graças que o Apóstolo procurava em cada uma das igrejas. Ele nunca perguntou: "Quantos convertidos baptizados você tem?" ou "Quantos de vocês têm dons sinais?" O programa não era mais o da chamada "grande comissão" com os seus baptismos de água e sinais milagrosos. Estes estavam gradualmente a dar lugar a valores maiores.
Fé, esperança e amor são uma trindade. Embora o Apóstol, no entanto, tão unidas numa só que nenhuma pode existir à parte das outras duas. Além do mais, cada uma é igualmente importante à sua maneira. O amor é o "maior", a virtude culminante. É de importância suprema. Entretanto, a fé é de importância primária. A fé tem de vir primeiro, porque "sem fé é impossível agradar-Lhe" (Hb.11:6). E a esperança, ou expectação, é de importância perpétua. Situa-se no centro de nossa experiência diária Cristã.3
Não é lindamente apropriado, então, que nas primeiras epístolas de Paulo ele enfatize esta trindade permanente mais do que em qualquer outra das suas epístolas? Como os dons sinais já estavam a desaparecer ele quer que os crentes vejam a importância duradoura da "fé, esperança e amor, estes três".
Nas palavras de abertura da sua primeira carta aos Tessalonicenses o Apóstolo relembra a "obra da vossa fé, do trabalho de caridade (amor), e da paciência da esperança" (1:3). Depois ele relembra como "dos ídolos vos convertestes (virar)": eis a fé – "para servir o Deus vivo e verdadeiro": – eis o amor – "e esperar dos céus o Seu Filho": eis a esperança (1:9-10). De facto, o primeiro capítulo é dividido em três partes, a primeira tendo a ver basicamente com a fé deles (vs.1-5), a segunda parte com o amor deles (vs.6-8) e a terceira parte com a esperança deles (vs.9-10).
Ao estudarmos a epístola encontramos mais exemplos, mas em 5:8 Paulo deseja que eles se vistam com a "couraça da fé e da caridade (amor), e tendo por capacete a esperança da salvação".
Volvendo-nos para a saudação da segunda epístola somos revigorados ao ver como estes crentes cresceram espiritualmente desde a última vez em que ele lhes escreveu. O Apóstolo diz:
"...porque a vossa fé cresce muitíssimo e a caridade (amor) de cada um de vós abunda nuns para com os outros, de maneira que nós mesmos gloriamos... da vossa paciência e fé [sim, existe esperança!], e em todas as perseguições e aflições que suportais" (II Ts.1:3-4).4
Oh, que estas graças possam abundar em nós, membros do Corpo de Cristo, hoje! O crente individual em quem estas virtudes abundam tem tudo o que precisa e tudo o que Deus espera dele. Tudo o resto está limitado a "estes três". Da mesma forma, a igreja local na qual estes abundam será uma igreja cheia, não importando se for composta de vinte e cinco membros ou de dois mil e quinhentos.
Os sacrifícios, a circuncisão e a lei já passaram; os dons sinais cessaram,5 mas estas três graças permanecem como uma trindade permanente e permanecerão até ao fim do século.
4 Observe que em cada um destes exemplos a esperança, em vez de o amor, recebe a menção final – consistente com o tema destas "Cartas da Bem-Aventurada Esperança".
5 No programa de Deus. E os esforços humanos para recuperar os sinais de Pentecostes não são apenas fúteis, são ilícitos, e apontam para o operador de falsos milagres de II Ts.2:9.
Cornelius R. Stam
Comentário Sobre as Epístolas de Paulo aos Tessalonicenses