Pequena Biografia de Charles T. Studd

charleststudd.jpgPARTIDA PARA ÁFRICA

Em 1908 estava em Liverpool quando leu esta  notícia estranha que prendeu de imediato a sua atenção e o seu sentido de humor. "Canibais querem missionários".

"Karl Kumm tinha atravessado África e contou as suas experiências. Disse que no meio do continente havia numerosas tribos que nunca tinham ouvido a história de Jesus Cristo. Disse-nos que os exploradores tinham estado naquelas regiões, e grandes caçadores, Árabes, e comerciantes, oficiais e cientistas Europeus, mas nenhum Cristão tinha ido falar do Senhor Jesus. A vergonha invadiu-me a alma. Eu disse, 'Porque é que os Cristãos não têm ido?' Deus replicou, 'Porque é que não vais tu?' 'Os médicos não o permitem', disse eu. A resposta veio pronta, 'Não sou Eu o Bom Médico? Não posso Eu cuidar de ti? Não posso Eu guardar-te ali?' Não havia desculpas, tinha de ser."

A propósito dos que o procuravam demover devido à debilidade da sua saúde, ele disse, "O amor em demasia algumas vezes é tão pernicioso quanto o ódio". Como jovem abriu mão da sua carreira, na China abriu mão da sua fortuna, agora abria mão da sua vida. Apostou tudo. Um jogador para Deus. Uniu-se às fileiras dos grandes jogadores da fé, Abraão, Moisés, etc., em Hebreus 11, e à verdadeira sucessão apostólica, «homens que já expuseram as suas vidas pelo nome do nosso Senhor Jesus Cristo» (Actos 15.26). Não admira ele ter escrito certa ocasião, "Não há maior loucura do que a do jogador, e nenhum jogador para Jesus foi alguma vez curado, graças a Deus!" Aos que o procuravam demover disse, "Cavalheiros, Deus chamou-me para que fosse, e irei. Incendiarei o rasto, ainda que a minha pedra tumular possa ser apenas um degrau para que os mais jovens possam seguir". Ele tomou à letra as palavras do Seu Mestre, «Aquele que perder a sua vida por amor de Mim e do evangelho achá-la-á». Os vinte anos seguintes provariam a verdade do último parágrafo, «achá-la-á».

Ele tinha que partir, mas não tinha nenhum dinheiro. Durante um culto surgiu-lhe um pensamento. Era a voz de Deus. "Porque é que não vais?" "Onde está o dinheiro?", perguntei. "Não podes confiar em Mim?", foi a resposta. Era como o sol a brilhar por entre as nuvens.  "É claro que posso", replicou. "Então onde jaz a dificuldade?", veio a resposta. Na segunda-feira de manhã, um amigo que até ali tinha sido para ele um completo estranho, pôs-me na mão cerca de 2.500$00. Imaginem a minha alegria e excitação. Com aquele dinheiro comprei a minha passagem para Port Said. É claro que aqueles 2.500$00 não me levariam a Port Said, muito menos a Cartum, mas Deus enviou-me supriu-me as necessidades dum modo admirável, e como resultado fui." Navegou no dia 15 de Dezembro de 1910. Teve de pisar o lagar só, pois nem a sua mulher o aprovou, mas o Senhor estava com ele e encheu a sua alma de glória e de visões da obra que iria ser realizada.

"Quando deixei Liverpool, ao retirar-me para o meu camarote, na primeira noite, Deus falou-me duma forma muito estranha. Ele disse, 'Esta viagem não é apenas para o Sudão, é para Todo o Mundo Não Evangelizado'. Para a razão humana a coisa era ridícula, mas a fé em Jesus ri-se das impossibilidades."

 "A minha alma está em fogo para realizar a obra de Cristo", escreveu ele a um amigo.

Entretanto escreveu com o coração para animar, confortar e encorajar a mulher. Sem dúvida que estas cartas devem ter ajudado a mostrar-lhe que Deus estava com ele de verdade, e a torná-la mais tarde uma ardente cooperadora:

"20 de Dezembro de 1912. De alguma forma Deus diz-me que toda a minha vida tem sido uma preparação para os próximos 10, ou mais, anos. Tem sido uma disciplina rígida. Oh, que agonia! A asma, o que não tem sido, - um morrer dia e noite! A fraqueza do corpo! O ser olhado de soslaio, desprezado, pelo mundo! A pobreza! E não tenho sido eu tentado? Tentado para parar de trabalhar para Cristo! Médicos! Amigos! Família! Crentes! Quem não declarou que eu tentei a Deus por me ter levantado e ido de novo? Mas não; foi Cristo Quem me levou; sei-o. E agora a montanha está conquistada. É como 'Albuera' - '600 soldados Britânicos imortais permaneceram inconquistáveis no monte fatal´. Só que este é um pobre verme fraco, uma criatura que Deus escolheu para pôr na fornalha ardente e andar ali com Ele, trazendo-o de novo para fora. E agora! Ah, sim, Ele parece estar a derramar saúde e força em mim, e um desejo ardente e consumidor para viver, viver para Cristo e para os homens. Glória! Glória! Glória! É Jesus, supremo! Ele é o meu principal amor e o meu Chefe! E agora, Scilla querida, toda esta separação é para nosso bem, e o que é muito melhor, é para a glória de Deus e a honra de Cristo! Creio nisto sem qualquer dúvida:

(1) A tua saúde será restaurada.
(2) Tornar-te-ás um enorme tição para o Senhor Jesus como nunca foste, e um maior poder do que o pobre fraco que eu tenho sido.
(3) As nossas raparigas serão guerreiras Cristãs afervoradas, e para Deus será toda a glória. Eu penso, e penso, e penso, e tudo bate sempre no mesmo - Uma Nova Cruzada. As coisas simplesmente surgem na minha mente e cabeça, e Deus fala-me sempre que amaino, e assegura-me de que irá fazer uma obra maravilhosa. Querida Scilla, lembras-te de Shangai? Bem, aqueles dias repetir-se-ão de novo, só que numa escala muito mais magnífica. Oh, esta Nova Cruzada, arde-me o cérebro e o coração. Tem de ser".

"23 de Dezembro. Junta-te a mim nesta cruzada. É o coxo que toma a presa. É quando somos fracos que somos fortes. Temos que chamar os Cristãos para a guerra. Estarás à minha mão direita. Serás uma pradaria incendiada. Serás o meu incentivo incendiando-me a fazer coisas maiores. Combateremos enquanto vivermos, e depois Ele dar-nos-á a coroa gloriosa, e tu ostentá-la-ás, não eu. Deus te abençoe, meu amor. Amo-te melhor na tua velhice que alguma vez na tua juventude."

"Janeiro de 1911. Reconsagremo-nos na nossa velhice ao Senhor Jesus. Ele tem feito muito por nós. Durante 24 anos Ele guardou-nos e guardou as nossas filhas e salvou-as. Queira Deus que como presente das bodas de prata nos dê esta nobre obra de fazermos o que Ele quer que seja feito para Ele em África. Temo que tenhamos sido muitas vezes frios e mornos no Seu serviço;  acabemos estes próximos 10 ou 20 anos das nossas vidas juntos no Seu serviço, nos lugares altos do campo. Esta é a nossa obra final para o Senhor Jesus e para as almas dos homens. Nada mais pode ser a pedra de remate das nossas vidas. Para nós não existe outro fim digno do Senhor Jesus, do evangelho, ou de nós mesmos: assim, tu e eu fá-lo-emos - fá-lo-emos pelo Senhor Jesus - e outros se levantarão e seguirão. Que Deus te abençoe, querida."

"Descendo o Nilo Deus falou-me de novo. 'Ousarias regressar para passar o resto dos teus dias em Inglaterra, sabendo das multidões que  nunca ouviram falar do Senhor Jesus Cristo? Se o fizesses, como é que te encontrarias depois Comigo diante do Meu trono?'"

"Nós devíamos encetar uma campanha por Cristo.", escreveu C.T., "Temos homens, os meios, e os caminhos - vapor electricidade e ferro têm cruzado terras e mares. As portas do mundo têm-nos sido abertas pelo nosso Deus. Oramos e pregamos; curvamos os joelhos; recebemos e administramos a Comunhão da Paixão de Cristo; recitamos o Credo triunfantemente; todos nós somos optimistas; gritamos 'Avante soldados Cristãos, marchemos para a guerra'. E então?... E então?... Sussurramos, 'Rogo-te que me hajas por escusado!!!' Que gloriosos embustes (intrujões, mentirosos, impostores) nós somos!"

"No passado mês de Junho na boca do Congo aguardavam um milhar de prospectores, comerciantes, vendedores e pesquisadores de ouro, esperando invadir estas regiões mal o Governo lhes abrisse a porta, pois corre o rumor que há abundância de ouro. Se estes homens ouvem tão alto a chamada do ouro e lhe obedecem, poderá ser que os ouvidos dos soldados de Cristo estejam surdos à chamada de Deus, e aos clamores das almas dos homens que perecem? Serão os que abrem a mão de tudo pelo ouro tantos, e os que abrem a mão de tudo por Deus tão poucos? ... Quando é que na verdade seremos uma real 'Igreja Militante aqui na terra'?"

"Somos os ninguém de Cristo, os etecetra de Cristo... "

"Regozijamo-nos e agradecemos a Deus  pela boa obra que está a ser realizada nas terras já ocupadas pelas Forças Regulares de Deus. Nós procuramos atacar e vencer para Cristo apenas aquelas partes do império do diabo que estão para além dos postos avançados extremos do exército regular de Deus. Os etecetras de Cristo são uma missão unida; uma irmandade Cristã, e, portanto, uma irmandade internacional; uma Cruzada para a Evangelização Mundial suplementar.

"O nosso método é sondar e descobrir que partes do mundo no presente permanecem por evangelizar, e depois, pela fé em Cristo, por meio da oração a Deus, através da obediência ao Espírito Santo, com coragem, determinação, e sacrifício supremo, realizar a sua evangelização com a máxima eficiência e rapidez.

"O Chefe, o Comandante, O Director desta Missão, é o Deus Trino.
"David escolheu 5 seixos do ribeiro para derrotar Golias. Por isso escolhemos as seguinte cinco pedras basilares para a nossa operação, às quais todos os que se juntem devem aderir:

 "(1) Fé Absoluta na Deidade de cada uma das Pessoas da Trindade.
 "(2) Crença Absoluta na Inspiração plena das Escrituras do Velho e do Novo Testamentos.
 "(3) Prometer solenemente conhecer e pregar nenhum outro a não ser Jesus Cristo e Este Crucificado.
 "(4) Obediência ao mandamento de Cristo para amar a todos os que amam o Senhor Jesus sinceramente sem fazer acepção de pessoas, e amar todos os homens.
 "(5) Fé Absoluta na Vontade, Poder, e Providência de Deus para satisfazer todas as necessidades no Seu serviço.

"Os fundos para esta obra serão procurados apenas em Deus. Ninguém pedirá donativos ou contribuições. Nenhuma colecta para a obra etecetra será levantada em qualquer reunião ou reconhecida por esta irmandade. Se buscarmos primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, temos a promessa de Cristo de que Deus suprirá todas as nossas necessidades. Se degenerarmos em buscarmos algo mais, cedo deixaremos de existir, o melhor de nós, para o mundo e a causa de Cristo.

"O evangelista etecetra deve ser um homem de Deus e não um filho do homem. Não é um servo assalariado da Comissão Etecetra. É um servo de Jesus Cristo com Quem tem já estabelecido os termos do acordo. Não conhece nenhum outro Senhor. Não tem qualquer dúvida de que Deus suprirá as suas necessidades; leva sempre com ele o seu livro de cheques, e não tem qualquer receio dos cheques serem desonrados. Se a morte o surpreender no campo de batalha, sabe que isso será um sinal favorável do favor de Cristo, que assim o tem honrado e promovido mais cedo do que ele teria qualquer direito de esperar. Ao esperar de Deus o suprimento das suas necessidades, também espera d'Ele a sua direcção e deve obedecer-Lhe."

A mulher dele chorou muito com a sua partida, até que uma noite, uns dias antes dele partir ao ler o Salmo 34, «Louvarei ao Senhor em todo o tempo ... clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias ... Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra» e Daniel 3.29, «... não há outro Deus que possa livrar como Este», deu-lhe a vitória. Ela disse que naquela noite riu o riso da fé, tendo adormecido cheia de júbilo.

Na véspera da sua partida para África, num rasgo de inspiração, C.A., colocou o pensamento do seu coração e da sua mulher numa frase, e essa frase tornou-se no lema da Cruzada. Um jovem companheiro conversando com ambos perguntou-lhe, "É verdade que aos 52 anos tenciona deixar o seu país, o seu lar, a sua mulher, os seus filhos?" "Porquê?", disse Charles Studd, "não estiveste a falar do sacrifício do Senhor Jesus Cristo esta noite? Se Jesus Cristo é Deus e morreu por mim, então não há sacrifício demasiado grande que eu possa fazer por Ele".

"Nós começámos a abrir mão de tudo por Deus e terminaremos como começámos, amando-nos um ao outro completamente e apenas menos do que amamos o Senhor Jesus".

"A Comissão sob a qual trabalho é uma pequena Comissão sem qualquer inconveniente, uma Comissão maravilhosamente generosa, que está sempre reunido em conselho - a Comissão do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

"Temos um multimilionário que nos suporta, de longe a pessoa mais rica no mundo. Tive uma entrevista com Ele. Deu-me um livro de cheques em branco e instou comigo para que o usasse. Ele assegurou-me que a sua Sociedade veste a erva do campo, preserva as aves do campo, conta os cabelos das cabeças dos filhos. Ele prometeu que o Chefe do Conselho prometeu suprir todas as nossas necessidades. Um dos Consócios, ou antes Dois, quis acompanhar cada um dos membros dos nossos grupos, e nunca nos deixará nem desamparará. Ele até me mostrou alguns testemunhos dos primeiros clientes. Um velho companheiro robusto com uma barba comprida e uma face que evidenciava tenacidade disse que numa ocasião o suprimento chegou e foi entregue por corvos negros, e um outro por um anjo vestido de branco. Um outro pequeno homem velho que parecia cicatrizado e cheio de marcas como uma casca de noz disse que fora salvo da morte vezes sem conta, pois tinha decidido pôr à prova a certeza de que se perdesse a sua vida por amor do Conselho a encontraria. Ele contou histórias mais maravilhosas do que novelas e as Noites da Arábia, de escapes e dificuldades, viagens e masmorras, e com um enorme fogo nos olhos e riso na voz, acrescentou, 'Mas de todas elas o Consócio me livrou'. Ele dizia que jogar tudo por amor a Cristo era o melhor jogo do mundo. ... 

"Fez-me bem ver este velho guerreiro."

Entretanto chegaram ao Congo Belga, onde se fixaram, tendo passado por inúmeros perigos, incluindo leões, crocodilos, serpentes e canibais.

"Nós podemos confiar pouco n'Ele, mas nunca em demasia".

"Se um homem for fiel para com Deus está condenado a perder alguns amigos, mas Deus levanta sempre outros e mais verdadeiros para ocuparem os lugares vazios". Dum grande amigo que morreu a morte do herói em Dungu, com um ataque de malária ele disse, "Mesmo no seu leito de morte ele não se esqueceu de nós, tendo ditado uma carta que para mim vale mais do que o seu peso em ouro". 

"Passámos por muitos lugares apertados, mas encontrámos sempre Deus ali".

 "Passados dois anos de muito caminhar começaram a evangelizar. Em Junho de 1915 converteram-se os primeiros doze.

"Cada um dos dezoito que se converteu seis meses depois trouxe uma pedra do rio que colocaram no meio da estação missionária como testemunho da sua dedicação a Deus. Aquelas pedras ainda estão ali, agora em volta da sepultura da bebé Noel Grubb, neta de C.T., que morreu em Nala, 1921, no seu primeiro aniversário. 

Os testemunhos de alguns dos convertidos era impressionante, "O meu pai matou um homem, e eu ajudei a comê-lo." "Fiz bruxaria com as unhas dum cadáver, e matei um homem".

Ex-canibais, Bêbados, Ladrões, Assassinos, Adúlteros, e blasfemadores, entraram no reino de Deus.

Apesar da zona ser  pobre, os convertidos diziam que não queriam dinheiro mas a Deus.

A língua que estudaram para se comunicar com eles foi a Bangala, língua comercial, usada para propósitos comerciais entre as tribos, e entre brancos e nativos. Assim puderam contactar todas as tribos da região. Alfred Buxton, seu companheiro viria a ser seu genro. Ele produziu o Vocabulário Bangala e traduziu todo o Novo testamento e metade do Velho, usado em mais de 100 tribos.

"O plano de Deus somente requer uma coisa para o seu cumprimento. Não requer educação, nem talentos, nem juventude, nem força, mas tão somente fé." "Pela fé Abraão ... Pela fé Moisés" ... Pela fé Charles T. Studd ...

Devido ao agravamento súbito da doença da sua mulher, ele regressou a Inglaterra, aproveitando para fazer um périplo. Foi pela última vez á Inglaterra, urgindo e instando com o povo de Deus para que se erguesse e lutasse e se sacrificasse pelas almas que pereciam, pelo menos com tanto zelo e heroísmo como o revelado na Grande Guerra, que então estava no seu apogeu. Raras vezes alguma voz pleiteou tanto pela causa dos pagãos, como ele. Ele estava fraco e desgastado com as longas viagens. Tinha constantes ataques de malária. Por vezes ia para o púlpito cheio de febre, e pregando a temperatura descia ao normal.

"Há mais de duas vezes tantos Oficiais Cristãos uniformizados na pátria, entre os 40 milhões de habitantes Ingleses evangelizados, que todo o somatório das forças de Cristo que combatem na frente de batalha entre um bilião e 200 milhões de pagãos! E os tais ainda se chamam de soldados de Cristo! Interrogo-me como lhes chamarão os anjos. A brigada "salvemos primeiro a Inglaterra" está na sucessão apostólica dos "Eu rogo-te que me ajas por escusado".

"A chamada de Cristo é para alimentar os famintos e não os cheios; para salvar os perdidos e não os teimosos; não é para chamar os escarnecedores, mas os pecadores ao arrependimento; não é para construir e proporcionar capelas, igrejas e catedrais na pátria onde os Cristãos professos adormecem com mensagens eruditas, orações estereotipadas e realizações musicais artísticas, mas erguer igrejas vivas de almas entre os destituídos, capturar homens das garras do diabo e arrebatá-las das maxilas do inferno, alistá-las e treiná-las para o Senhor Jesus, e fazer delas um Exército de Deus Todo-poderoso. Mas isto só pode ser conseguido por uma igreja ardente, sem convencionalismos, desalgemada pelo Espírito Santo, onde nem a Igreja nem o Estado, nem o homem nem as tradições sejam adorados ou pregados, mas somente Cristo e Este crucificado."

"Uma reputação perdida é o, melhor doutoramento no serviço de Cristo".

"Estou mais do que nunca determinado em não colocar nenhum limite à nossa volta, a não ser o próprio Senhor, 'até aos confins', 'a toda a criatura'. Pertenço e pertencerei sempre ao grupo do Grande Deus' e não ao grupo do 'Pequeno Deus'.

"A dificuldade é  crer que Ele possa condescender em usar inúteis como nós, mas é claro que Ele quer Fé e Loucos em vez de talentos e cultura. Tudo o que Deus quer é um coração; qualquer nabo tem cabeça; estando vazios será óptimo, pois então Ele encher-nos-á com o Seu Espírito".

"O Espírito Santo transformará Cristãos moles, macios, em heróis vivos e ardentes para Cristo, que avançarão, combaterão e morrerão, e não marcarão passo. Corramos para o céu; um acidente significa precipitarmo-nos nos braços do Senhor Jesus - tais acidentes são as bênçãos de Deus mais escolhidas. Não sejas um comboio de carga."

"Loucos 'cortariam' o diabo, pretendendo eles não o verem; outros erigem uma tábua sobre o seu suposto sepulcro. Sede sábios; não o corteis nem o sepulteis; matai-o com a baioneta do evangelismo.

"Hastear a bandeira é o que devemos fazer. Que bandeira? A bandeira de Cristo, a obra que Ele nos deu a fazer - a evangelização de todos os ainda por evangelizar. Cristo não quer piscos do possível, mas devoradores do impossível, pela fé na omnipotência, fidelidade e sabedoria do Salvador Todo-poderoso, o Qual deu a ordem. Existe um muro no nosso caminho? Pelo nosso Deus saltá-lo-emos! Há leões e escorpiões na nossa senda? Calcá-los-emos com os nossos pés! Uma montanha barra o nosso progresso? Dizendo, «afasta-te e lança-te no mar», continuaremos a marchar. Soldados de Jesus! Nunca se rendam! Hasteai a bandeira!"

"Os que olham para o Senhor Jesus tornam-se gafanhotos à Sua vista, mas gigantes na estima do diabo."

"Segui-Me, diz o Senhor Jesus. 'Eu quero', replicamos, ainda que alguns se esqueçam que Cristo não se agradou a Si mesmo, fez-Se deliberadamente pobre para salvar os outros e tornou-se o primeiro missionário estrangeiro. Todos nós oramos para sermos como o Senhor Jesus, no entanto recusamos pagar o preço. Como é que Divas   pode ser como o Senhor Jesus?"

"As migalhas dos Divas não são ementa que se coloque diante do Rei Jesus. "

"E se C.T. morre?" Esta questão louca e frequente deve ter uma resposta. Eis o que o próprio C.T. diz, "Todos cantaremos Aleluia!  O mundo terá perdido o seu maior louco, e ficará com um louco a menos para o atrapalhar, mas Deus fará ainda maiores proezas. Não haverá funeral, nem grinaldas, luto ou lágrimas, nem mesmo a Marcha Fúnebre. Ocorrerão felicitações por toda a parte. «E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. E vós, também, regozijai-vos e alegrai-vos comigo, por isto mesmo» (Fil. 2.17,18). A Marcha Nupcial a especial pedido. O nosso Deus ainda estará vivo e nada mais conta. O primeiro funeral da Missão para o Coração de África ocorrerá quando Deus morrer, mas como isso não acontecerá antes do depois da eternidade, coragem, nada de desanimar, alegremo-nos todos. Avante! Todos alinhados atrás d'Ele. Aleluia! «o morrer é ganho».

Alguns querem viver ao som
Do sino da Igreja ou da Capela,
Eu quero trabalhar num posto de salvamento
A um metro do inferno.

Em Julho de 1916 estava tudo pronto para o seu regresso a África. Um grupo de oito estava pronto. Incluía a sua filha Edith, que se iria casar com Alfred Buxton. A reunião da despedida foi fixada a 14 de Julho. O anúncio do programa dizia, "Não se esqueçam do dia 14 de Julho. Todo o dia em oração e louvor, das 10h às 22h, em  Central Hall, Westminster". Esta reunião era foi o seu adeus a Inglaterra e quase o seu adeus à mulher.

 "A reverência dos nativos crentes era proporcionalmente inversa ao conforto dos seus assentos".

 "Se toda a conversão na minha pátria é um milagre, aqui é um milagre mil vezes maior".

 Durante quatro anos Alfred Buxton permaneceu  no seu posto de dever a despeito das chamadas urgentes paravoltar à patria e casar com a noiva.

 Numa reunião debaixo duma mangueira deu-lhes os seguintes conselhos:

"1. Se não desejardes encontrar o diabo ao longo do dia, encontrai o Senhor Jesus ao amanhecer.
"2. Se não queres que o diabo te atinja, atinge-o tu primeiro, e atinge-o com todas as tuas forças, de tal modo que ele fique coxo e não consiga voltar atrás para voltar a atingir-te. «Prega a Palavra», é a vara que o diabo teme e odeia.
"3. Se não queres cair - anda, e anda direito e depressa!
"4. Três dos cães do diabo com que ele caça, são:

 Cabeça inchada.
 Preguiça.
 Cobiça. 

"Após a reunião apressaram-se a perguntar, 'Até quando permaneceremos fora?' Eu repliquei, 'Se estiverdes cansados voltai ao fim de um mês; se não, voltai ao fim de dois,; se puderdes ficar três meses será muito bom!' 'Oh, não', disse um, 'eu não voltarei senão após um ano'. Outro disse, 'Não me voltareis a ver senão passados dezoito meses'. E saíram a cantar,

"Eu amo a Jesus Cristo,
Jesus ama-me;
E no mundo nada mais interessa.
Estou possuído de gozo abundante."

O primeiro convertido em Nala dizia, "Não há nada exterior que possa tirar o gozo interior".

Um dia um orou assim, baralhado, "Obrigado, obrigado, Pai celestial, muito obrigado, mataste o meu pai e a minha mãe, muitas, muitas graças. Também me deste a salvação e me lavaste os meus pecados e mudaste o meu coração, obrigado, muito obrigado, Pai celestial; e agora quero que convertas a minha mulher, e se eu tenho uma mulher quero que Tu lhe laves os pecados e mudes o coração, e se eu tenho duas mulheres desejo que faças o mesmo a ambas. Obrigado, muito obrigado, Pai celestial, Amém!" Quando um dia ele manifestou o desejo de ser recebido em comunhão na igreja, Alfred perguntou-lhe, "Mas, Bondo, e as tuas duas mulheres?" "O, está tudo certo", disse ele, "Eu tenho que ter a salvação, e realmente só quero uma mulher, e penso que é melhor ir para o céu que ter duas mulheres; sim, penso que é melhor ir para o céu do que ter três mulheres, assim, por favor inscreva o meu nome!!!".

"Eles podiam não ter muitos talentos; mas sabia que possuíam o maior de todos os dons, o amor. Quando um dia estava de cama. Vieram 6 deles e ajoelharam-se em volta da cama a orar por mim. Oravam sem que alguém lhe tivesse pedido e espontaneamente".

 Charles Studd regia-se pela máxima, "Pregarei como se não volte a pregar de novo, e como homem moribundo a homens moribundos". 

 Alfred foi para mim um filho leal e um companheiro de coração. Ninguém a não ser Deus pode saber a profunda comunhão, alegria e afeição do nosso convívio diário social e espiritual, pois não há palavras que a possam descrever.

 Quando se separaram para servirem o Senhor em lugares diferentes, Alfred quis que C.T. lhe impusesse as mãos. Ele disse que sim, mas na condição de ele fazer o que este lhe dissesse. Fê-lo assentar na sua cadeira, e o testemunho do que se seguiu, contado por Alfred, é impressionante. "Este homem, duas vezes a minha idade, missionário com 5 vezes mais tempo do que eu, que tem feito para Deus 10.000 vezes mais do que eu, este homem recusou impor as mãos sobre a minha cabeça, escolhendo em vez disso os pés. Alfred partiu com a mulher com quem entretanto se casara e mais quatro, e Susan a filha, a primeira bebé branca nascida no coração de África.

Alguns dos líderes caíam em pecado, e C.T. tornou-se cada vez mais consciente da necessidade duma obra mais profunda nos corações das pessoas.

As reuniões de oração começavam de manhã muito cedo. A reunião era suposta começar às 5h 30m, mas eles levantava-se às 5h e começavam a cantar e a orar. "E que orações eles fazem!", dizia C.T.. Muitas vezes penso que são as orações destas pessoas ( e claro, dos da minha pátria) que me mantêm vivo. Quando eles cantavam hinos a Deus com os seus corações e línguas e vozes - um enorme coro não treinado nem pago - faziam melhor melodia a Deus e a nós do que um coro de mil Carusos.

Nos cultos eles pareciam beber as palavras do pregador.

Em 1922 ele moveu o seu quartel-general para Imambi. Para aquela região ele era tanto um apóstolo como Paulo para a Ásia Menor. Eles chamavam-no "Bwana Mukubwa" (Grande Chefe Branco)

Um pregador um dia usou uma moeda para explicar a dádiva da salvação, dizendo, "O primeiro que vier tê-la-á". A réplica que teve foi o maior choque da sua vida, "Mas, senhor, nós não viemos aqui por causa do dinheiro, mas para ouvir as palavras de Deus". Um outro pregador alongou-se na pregação e no fim pediu desculpa por isso. A voz dum velho fez-se soar, "Não pare senhor! Não pare! Alguns de nós somos muito velhos e nunca ouvimos antes estas palavras, e temos já muito pouco tempo para as ouvir no futuro".

 Quando alguém o reprovava por ele não regressar à pátria ele dizia, "Se me tivesse deixado afectar pelos comentários das pessoas nunca teria sido um missionário. Como Miqueias disse, «a Palavra que Deus me der para falar falarei», assim também a obra que Ele me der a realizar esforçar-me-ei por a cumprir ou morrerei nessa tentativa. Ao ver que há uns 40 anos, a mandado do Senhor, deixei  mãe, irmãos, amigos, fortuna e tudo o que usualmente se pensa que vale a pena viver, e tendo continuado assim desde então, apesar de ter sido chamado louco e fanático repetidas vezes, constato que vivi para provar que os conselheiros mundanos é que eram loucos ... «Maldito o homem que confia no homem» não constitui uma boa almofada para um homem que está prestes a morrer, mas há muito conforto nesta outra, «Bendito o que confia no Senhor».

"Não posso fazer ouvidos moucos  ao clamor dos que clamam pelo evangelho e suplicam por ensinadores. Se não lhes posso enviar ensinadores porque não os há, pelo menos eu posso colmatar o hiato. Se não sou tão eficiente quanto os mais jovens, posso, apesar disso, e ainda assim, ser mais eficiente do que um ausente, ou ninguém. Se outros falham em ouvir e responder a estas enormes súplicas de homens pecadores que vão para o inferno, mas desejam conhecer o caminho para o céu, pelo menos a minha presença pode assegurar-lhes que ainda há alguns que, para salvá-los, não se importarão de dar a sua vida ... Deus sabe tudo acerca da minha saúde e da necessidade de descanso e da necessidade de muitas coisas tidas como absolutamente necessárias à vida nestas paragens. Eu rio-me de alegria por estar sem elas, e regozijo-me numa morte viva com um gozo maravilhoso, por ter ocupado o lugar que outros deixaram  vago quaisquer que tenham sido as razões que os tivessem levado a fazê-lo."

Carreira e fortuna tinham sido colocados no altar no início, agora a saúde, o lar e a vida famíliar também. De facto, C.T. disse uma vez, "Tenho sondado a minha vida e não tenho conhecimento de que algo mais tenha restado que não possa sacrificar ao Senhor Jesus".

"Se sanidade significa Modernismo e não almas, que Deus nos ajude a nunca sermos sãos".

 Como resultado do exemplo de C.T. partiram para o coração da Amazónia. Quando C.T morreu haviam já 16 missionários ali em três tribos. Outros partiram para a Ásia Central e outros anda para a Arábia e África Ocidental. Em 1923 haviam nas áreas onde ele se encontrava, na África Central, 40 missionários.

 Nunca nenhum apelo por fundos foi alguma vez realizado, nem colectas tiradas em reuniões, nem mealheiros colocados nas entradas dos lugares de culto, nem nenhum outro meio que estimulasse as ofertas foi usado, tal como vendas de obras realizadas, bazares, etc.  A obra foi iniciada e levada a cabo numa confiança absoluta na fidelidade de Deus, que prometeu, «Buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça; e todas estas coisas vos serão acrescentadas». A base missionária não era responsável em qualquer sentido pelo sustento dos missionários; era um mero canal de suprimento; nem sequer se preocupavam se os montantes enviados para o campo missionário eram grandes ou pequenos; os que ali serviam não sentiam nenhum peso de responsabilidade quanto a isso, pois tratava-se duma questão apenas entre o Senhor e o servo, o Pai e os filhos. Não havia salários fixos, nem pensões ou mesadas, para qualquer dos campos missionários.; o montante apurado em cada mês era enviado para cada um dos obreiros dividido em partes iguais."

Ao longo dos 20 anos da existência da cruzada missionária nunca houve qualquer dívida. Apenas naqueles 20 anos Deus deu a C.T.  quase 5 vezes a quantia que ele dera ao Senhor quando estava na China. Bem-vinda penúria! 

 Na China, anos antes, Booth-Tucker tinha escrito a C.T., "Lembra-te que o ganhar almas é uma obra comparativelmente fácil, e não é tão importante como a transformação de salvos em Santos, Soldados e Salvadores." Este desafio era agora colocado a Studd no coração de África. Enquanto em Nala houve um primeiro período de muitas respostas aparentes e de muitas recepções à comunhão, depois seguiu-se muita desilusão, evidência de pecado, ociosidade e egoísmo mesmo entre os líderes e evangelistas, e uma grande necessidade do enchimento do Espírito. desde o princípio que ele não estava satisfeito com uma obra de pouca profundidade. Ele aprendera a lição na China, quando visitou as estações missionárias de grande reputação e descobriu, depois de uma inspecção mais atenta, a pouca evidência de uma obra divina profunda. Pelas Escrituras ele denunciou a fé que não produzia obras como uma fé espúria, falsa.

"Cristo veio para nos salvar pelo Seu sangue e pelo Seu Espírito - lavar os nossos pecados passados com o sangue, mudar os nossos corações e capacitá-los a viver correctamente pelo Espírito. Ele não veio para salvar-nos nos nossos, mas dos nossos pecados. Ele veio para salvar os pecadores e torná-los justos. Cristo não morreu para capacitar um homem a pecar com impunidade; «as Minhas ovelhas seguem-Me», e os que seguem Cristo andam como Ele, e Ele não andava no pecado. João disse, «aquele que não pratica a justiça não é de Deus» e «aquele que peca é do diabo». Nós cremos na Bíblia; nós comprometemo-nos a isso; nós não rebaixaremos, de modo algum, os seus padrões na face do inimigo".

"Estamos gloriosamente descontentes com a condição da igreja nativa. É bom cantar hinos e participar na adoração, mas o que temos de ver é o fruto do Espírito, uma vida e coração realmente transformados, aversão ao pecado, e paixão por justiça. Deus pode fazê-lo e nós não podemos ficar contentes com nada menos; necessitamos e temos de ter a atmosfera e o temporal do Espírito, e consegui-lo-emos. Ele pode salvar até aos confins aqueles que vêm a Ele por Jesus. É para Sua glória se o fizermos, mas será para nossa vergonha, se os crentes, brancos ou pretos, não andarem de acordo com o Espírito de Jesus, e este é o Espírito de Santidade e de Serviço e de Sacrifício.

"Estas pessoas fugiram do inferno e do diabo. Abriram  mão da feitiçaria e da bruxaria, que não foi coisa de pequena monta. Alcançaram o Mar Vermelho, têm cantado hinos de alegria, chegaram ao deserto; agora as tentações e a cruz começaram a surgir, seguidas as murmurações ... Vários sinais começaram a tornar-se aparentes. Um dos piores sinais é o da preguiça. Sentar numa cadeira e conversar é o desejo de toda a gente. Trabalhar é loucura. Sabedoria é deixar os outros fazerem toda a obra. O Cristianismo assimilado por estas pessoas não corrigiu isto; se puderem, todos se esquivam. Depois, também, o seu Cristianismo não tem produzido amor.  Onde está o seu amor para com Deus? Cantam-no, talvez falem dele, mas quando chega o momento de se sacrificarem por Deus, ou de trabalharem para Ele, o amor deles esvai-se. Depois há a terrível ausência do temor de Deus. O temor de Deus odeia o mal, e o amor de Deus ama a justiça. A ideia geral parece ser que, visto estarem lavados no sangue do Cordeiro, e irem para o céu, não interessa se mentem, ou enganam, ou furtam, e cometem adultério ou prostituição."

"Agora pensem no poder necessário para salvar uma pessoa num tal ambiente. De facto vivemos a um centímetro do inferno e os seus fumos envolvem-nos noite e dia. E perante isto, vamos ficar abatidos? ALELUIA, não! Glória seja dada a Deus! Sabemos que venceremos pelo sangue do Cordeiro e pelo poder do Espírito Santo, e com a ajuda das vossas orações."

 Na estação missionária houve alguns que se opuseram à forte ênfase de C.T. sobre a necessidade absoluta da santidade prática nas vidas de todos os verdadeiros crentes. Houve também alguns que realmente não quiseram os padrões da simples fé e sacrifício supremo sobre que foi fundada a missão, que significava viver em casas construídas pelos nativos, alimentação modesta, ausência de feriados, ausência de recreios, absorção completa na tarefa de salvar os pagãos. Houve uma oposição submarina à liderança da obra por parte de C.T., que acabou por ter de ser obrigado a mandar embora dois dos obreiros na missão e outros a renunciarem.

"Temo muito que o ruído e espuma substituam o fogo divino entre nós. Vejo que há uma enorme necessidade de solidez entre muitos. Noto que há conversa em demasia e tempo demais gasto com a comida, mais do que deveria ser; noto também muitas vezes que o fundamento original do sacrifício supremo é substituído pela gratificação do ego. Ah, precisamos de ser intensos, e a nossa intensidade tem que aumentar. Temos que estar sempre na crista da onda, e de tudo o mais, pois em nosso derredor tudo está mergulhado no mar do pecado.

"Que diferença faz o amor.  O Salvador sabia disso e por isso ordenou-o. Não nos poderemos amar a todos, aqui? Negaremos o Senhor suspeitando-nos indignamente uns aos outros? A suspeita subtrai, a fé acrescenta, e o amor multiplica; abençoa duas vezes, ao que recebe e ao que dá ... Que seja esta a nossa regra. Então não haverá regras, pois a regra do amor mantém automaticamente operacionais todas as outras regras. Ele fez dos Seus ministros 'uma labareda de fogo' - não 'labaredas', mas 'labareda', pois são e devem ser uma bendita unidade, ou o Senhor não abençoará como poderia e desejaria."

"A bênção veio uma noite em 1925. Nessa noite nasceu uma nova missão, ou antes a missão original renasceu. Deus começou a levantar uma nova geração de 'inconquistáveis'. Será que Deus nos dará como deu aos de Hebreus 11? Sim! Quais são as condições?  As mesmas de sempre, 'Vende tudo!' O preço de Deus é só um. Não há desconto. Ele dá TUDO aos que dão TUDO. TUDO! TUDO! TUDO! Morte a TODO o mundo, a TODA a carne, ao diabo, e talvez ao pior inimigo de todos - TU MESMO".

Bwana ergueu-se e disse, "É disto que necessito, e é isto que quero! Oh, Senhor, doravante não estou preocupado com o que me possa acontecer, vida ou morte, sim, ou até inferno, desde que o meu Senhor Jesus Cristo seja glorificado." Um após outro, todos os presentes se levantaram e fizeram o mesmo voto, "Não estou preocupado com o que me possa acontecer, alegria ou lágrimas, saúde ou dor, vida ou morte, desde que o meu Senhor Jesus Cristo seja glorificado." Os livros fecharam-se, as cabeças curvaram-se uma vez mais em oração silenciosa, e todos se levantaram e dispersaram. Mas naquela noite um novo grupo deixou a choupana, não sendo mais o grupo que era duas horas antes. Havia riso nas suas faces, e brilho flamejante nos seus olhos, uma alegria e amor indizíveis, pois cada um tinha-se convertido num soldado, num devoto até à morte, para a glória do Rei Jesus, seu Salvador, que tinha morrido por eles; a alegria da batalha possuía-os, a alegria que Pedro descreveu como inefável.

Muitos votos de consagração tinham sido feitos no passado, mas este era algo muito mais profundo. Eles estavam dispostos a morrer apesar de nunca terem visto a vitória; os homens de fé de Hebreus 11 morreram «sem terem recebido as promessas», »não aceitando o seu livramento»; e aqueles que fizeram este voto tinham agora prometido solenemente regozijarem-se em Deus e proclamarem os Seus louvores, não meramente quando as coisas iam bem, mas na fome, no insulto, no aparente fracasso, na morte, no cumprimento da sua comissão em pregar o evangelho aos pagãos.  Tinham-se tornado "inconquistáveis"; pois aqueles que têm morrido em espírito já, por sua própria escolha, estão para além de ser movidos por ameaças e assaltos do diabo, vivendo já uma vida ressurrecta e ascendida, usando todas as tentações ou assaltos do diabo como mais fuel para as chamas da fé, louvor e amor.

A bênção estendeu-se à estação missionária mais remota. A unidade, amor, alegria no sacrifício e zelo pelas almas, tornaram-se admiráveis no coração de África. Nem um murmúrio se ouvia, conquanto baixas pudessem ser as reservas financeiras, mas apenas expressões de louvor e de confiança em Deus. Casais colocavam a sua obra diante dos seus lares; um jovem casal recém-casado, poucos dias após o seu casamento, ofereceu-se para estarem separados em diferentes estações missionárias, devido à escassez de obreiros. Mulheres solteiras evangelizavam aldeias, onde havia falta de homens; num só distrito, o pior em canibalismo da região, foi conduzido a Cristo por uma única mulher missionária que visitou a aldeia.

 Um crente foi agredido por testemunhar, e em vez de se julgar maltratado, ergueu-se para dar um aperto de mãos ao chefe por este lhe ter dado a honra de sofrer pelo Senhor Jesus. Devido a isso foi de novo agredido, tendo ficado desta vez de joelhos enquanto orava pelo chefe. Foi lançado na prisão; mas dentro de algumas horas um enorme grupo de crentes veio ao chefe pedindo-lhe que lhes desse a honra de também serem presos pelo Senhor Jesus juntamente com o seu irmão!

 Ultimamente, desde a morte de Bwana, 47 nativos passaram uma noite inteira em oração, dizendo que antes tinham dançado noites inteiras para o diabo, e que agora tinham muito prazer em orar a noite inteira para Deus. E assim a lista poderia ser estendida.

Os últimos 5 anos da vida de Bwana foram empregues, numa forma cada vez mais crescente, a salvar as almas e a conduzi-las ao enchimento do Espírito Santo, incitando-os a combaterem pelo Senhor Jesus. Parece haver apenas um versículo que caracterize aqueles anos: «o zelo da Tua casa me devorou». As coisas que normalmente ocupam um largo espaço na vida humana eram reduzidas ao mínimo absoluto ou completamente ignoradas; comida, apenas um prato cheio a horas incertas; sono, apenas 4 horas em 24; feriados, nem um único em 13 anos; conforto, um pouco mais abaixo será descrita a sua "casa"; vestuário, um casaco e uma camisa de caqui, calções e meias, tanto aos domingos como dias de semana; livros, praticamente apenas a Bíblia.

Ibambi será sempre conhecida como a casa de Bwana no coração de África. Ele vivia numa palhota circular em que as paredes eram feitas de bambu e lama seca. Havia nela cerca de 7 ou 8 mantas de caqui. A sua almofada era feita de lona. Ao pé da cama tinha uma mesa improvisada que estava cheia de medicamentos, papel, leite, tesoura, lápis, etc. Era seu costume usar uma Bíblia nova todos os anos a fim de nunca usar as velhas notas e comentários, e para partir para a Escritura sempre com uma nova frescura. O seu quarto, sala de jantar e sala de estar era uma divisão única. Quantas reuniões se realizaram ao pé daquela cama! Quantas conversas bem nocturnas e bem matutinas se fizeram ali com missionários e nativos  que dali saíam para viver uma nova vida para Deus! Aos pés da cama havia uma pequena lareira de barro. Havia lá um rapaz "o seu rapaz" que, durante anos, o assistiu com a devoção duma mulher. Tinha uma perna hirta, pelo que o chamavam de o "perna única". As coisas começavam a mexer-se entre as 2h e 30m - 3h 00m. O "perna única" despertava como um despertador. A primeira coisa que ele fazia era acender o fogo para aquecer a água a fim de fazer um chá. Entretanto Bwana acordava. O chá era-lhe entregue e o rapaz voltava a dormir. Bwana pegava depois numa Bíblia e ficava ali a sós com Deus. O que se passava entre eles naquelas horas silenciosas era conhecido algumas horas depois de todos os que tinham ouvidos para ouvir. A reunião com os nativos, de manhã, raramente durava menos de 3 horas, quando Bwana a dirigia. A reunião de oração com os brancos à noite era entre as 7h e as 9h-10h p.m.. Para as suas reuniões ele não precisava mais do que aquelas primeiras horas da manhã. Ele não se preparava. Ele falava com Deus e Deus falava com ele, e fazia a Sua Palavra viver nele. Ele via o senhor Jesus. Ele vivia homens e mulheres aos milhões a caminharem para o inferno. Quanto à preparação ele dizia que tudo o que uma pessoa precisava era ficar a sós com Deus e ficar tão incandescente que a língua se tornasse numa brasa viva para falar do evangelho. 

Normalmente as reuniões começavam com uma hora a cantar hinos, que eles muito gostavam, acompanhando Bwana com o seu banjo. Quase todos os hinos (cerca de 200) tinham sido escritos por ele. Quando pregava começava bastante calmo no início, falando do que tinha lido, revestindo a parábola ou a história Bíblica com roupagem nativa - as pessoas vestidas de peles, o pão tornava-se banana, os camelos tornavam-se elefantes, a neve tornava-se cal. Ele falava normalmente uma hora e um quarto, uma hora e meia ou até mesmo duas horas. As reuniões terminavam com todos a dizerem em uníssono, "Deus é. Jesus vem cedo. Aleluia!".

A última reunião em que vi Bwana foi numa destas, em 1931 . A igreja era um grupo de cerca de 1000 adultos - 600 homens e 400 mulheres, declarando-se todos rendidos a Cristo. Nunca me esquecerei a alegria radiante naquele mar de faces.

 C.T. Studd tinha uma série de problemas com os seus dentes, ou os poucos que lhe restavam. Um dos missionários sugeriu-lhe que fosse à Inglaterra tratar da boca, ao que ele respondeu que se fosse da vontade de Deus que a sua boca fosse arranjada Ele enviar-lhe-ia os dentes. Talvez nos ríamos disto, mas Deus atendeu e enviou-lhos. Alguns meses depois um dentista em Inglaterra decidiu ir ter com C.T. Studd, mesmo contra a vontade do comité missionário em Inglaterra. por achar que ele possuía 10 anos a mais da idade limite recomendável. Esse dentista chamava-se Buck. Ao chegar extraiu os dentes que restavam a Bwana. Ele disse que a primeira coisa que Deus o mandou fazer ao chegar foi arranjar dentes para C.T. Studd. Notemos que Deus enviou este dentista para arranjar a boca do Seu servo que não podia regressar a Inglaterra. Imaginemos agora a cena num domingo quando Bwana começou o culto com os seus dentes novos. No entanto durante a oração ele removeu-os. Após a oração o rosto dos nativos era de espanto e de consternação. Quem teria extraído os dentes a Bwana enquanto ele orava? A partir daí onde quer que ele surgia os nativos observavam-no para se certificarem se era o velho ou o novo Bwana.

Apesar dos novos dentes o capacitarem a comer melhor, era óbvio que ele enfraquecia a olhos vistos. Por vezes tinha severos ataques de febre, e sofria de contínuo sofrimento de má digestão.

Apesar da sua fraqueza física ele achava que não podia deixar as multidões em redor de Ibambi sem a Palavra de Deus. Na província de Welle já havia uma considerável tradução feita para a língua Bangala, mas na província de Ituri, onde a língua usada era o Kingwana, ainda não havia nada. A despeito da enorme quantidade de trabalho que ele estava já a fazer, ele determinou também traduzir o Novo Testamento para Kingwana. Tratou-se duma proeza intelectual maravilhosa para um homem já de setenta anos. Ele trabalhou de noite e de dia.. "Os meus dias", escreveu ele, "são em geral de dezoito horas, e sem refeições, excepto algumas coisas que engulo enquanto escrevo". Enquanto ele traduzia, Harrison dactilografava. Ele acabou a obra e mais tarde também traduziu Salmose extractos de Provérbios à custa das suas forças restantes. Ataques de coração sucediam-se uns aos outros. Em 1928 esteve tão doente durante uma semana que pensou não poder continuar a viver. No entanto ele recuperou gradualmente, mas estava tão fraco que não podia se erguer da cama e trabalhar e muito menos tomar reuniões, sem a ajuda de morfina. A ambição e oração de C.T. era morrer a morte dum soldado no campo da batalha, e não ser cuidado pelos seus co-obreiros durante meses ou anos com um inválido. Quando ele deixou a China era um museu de doenças, e nunca mais se libertou desse quadro clínico.

Deus deu-lhe a ver os dois grandes desejos do seu coração - a unidade entre os missionários e as evidências manifestas do Espírito Santo a operar entre os nativos.

Provavelmente, os tempos que perdurarão mais na memória com Bwana serão as reuniões em Ibambi. Mais do que tudo o mais eles mantiveram a missão no verdadeiro fundamento de toda a obra espiritual - a Bíblia e a oração. Não havia limites de tempo, mas ele simplesmente abria a Bíblia, lia 2 ou três capítulos, e depois falava. As epístolas eram os seus livros favoritos. Uma hora, duas horas, em dias de Conferência iam até depois da meia-noite, noite após noite, era sempre o mesmo, os corações ardiam quando se encontravam com o Senhor Jesus. A maior de todas as lições que se aprendeu foi que se os obreiros querem poder e bênção contínua, têm que dar tempo para se reunirem diariamente, não por um curto período de tempo numa reunião formal, mas durante o tempo suficiente para que Deus fale através da Sua Palavra, para enfrentarem juntos os desafios da obra, tratarem de algo que se levante para impedir a unidade, e depois apresentarem-se diante de Deus em oração e fé. Só este é o segredo da vitória da guerra espiritual. Nenhuma quantidade de trabalho árduo ou pregação fervorosa se pode constituir substituto.

Os nativos estavam tão ávidos de o ver e ouvir que viriam 2.000 onde ordinariamente estariam 1.000.

Em 1929 ele teve conhecimento da partida para a glória da sua mulher enquanto visitava a Espanha. No ano anterior ela tinha-lhe feito uma visita de avião só por uma noite. Uns 2.000 nativos crentes reuniram-se para a verem. Eles costumavam dizer que a mulher do seu Bwana estava no seu país natal tão ocupada com os homens e mulheres brancos falando-lhes do Senhor Jesus Cristo, que não podia vir; mas eles viram-na na carne e realizaram que de facto havia uma tal pessoa como  "Mamã Bwana". Foi então que compreenderam como nunca, duma forma que não há palavras que expressem, o preço que Bwana e a sua mulher pagaram para lhes trazer a salvação.

A despedida foi muito difícil e a Sra. Studd não queria partir, mas o calor ali era-lhe difícil de suportar e a obra requeria-a em Inglaterra. Eles despediram-se na sua casa de bambu, sabendo que seria a última vez que se encontrariam na face da terra.
 Em 1930 C.T. foi feito "Cavaleiro da Ordem Real de Leão" pelo Rei dos Belgas devido aos seus serviços no Congo.

 Poucos meses antes de morrer teve um vislumbre do pico da ambição missionária: a igreja nativa ter visão missionária  e enviar pioneiros para as regiões além.

De todos os crentes nativos não houve nenhum que ele amasse tanto como o canibal convertido, Adzangwe.

 Na domingo da semana da sua morte conduziu uma reunião durante 5 horas. No leito da sua morte todos os que o rodeavam só o ouviam dizer "Aleluia! Aleluia!". A sua última carta escrita a missionários terminava com "Aleluia!". A última palavra que ele proferiu nesta vida foi "Aleluia!".

Quando C.T. Studd partiu para África com Alfred Buxton ele alcunhou-se a si mesmo e a Buxton como "o burro de Balaão e a pomba de Noé", respectivamente.

 Já dissemos como Studd e a mulher confiaram deliberadamente as suas vidas e as das suas filhas a Deus., e como Ele guardara as suas 4 filhas, como as convertera, como tinha providenciado para a sua educação, e como 3 casaram com homens cujas vidas estavam completamente devotadas ao serviço de Cristo. O marido da mais velha tinha sido um brilhante soldado, comandando um regimento, tendo recebido uma série de condecorações na Guerra, mas nunca se rendera a Cristo. Ele e a mulher vieram da Rodésia (agora Zimbabwe), onde viviam, dois anos antes da morte de C.T., e viveram temporariamente na casa que dava apoio aos missionários em África, em Norwood, Inglaterra. Gradualmente ele começou a interessar-se e aceitou um convite para ir à convenção de Keswick em 1931. Na noite de 16 de Julho, quinta-feira, na precisa hora em que na casa de bambu no coração de África, C.T. dava o seu último suspiro de Aleluia, o apelo para a rendição a Cristo foi feito na tenda em Keswick, e o genro de Studd, Coronel David Munro, convertia-se. O último hiato no círculo da família fechava-se, e todos os oito, as quatro filhas e os quatro genros, uniam-se ao seu pai e mãe na sua aliança a Cristo.


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