01-01-08 - Alguns Objectivos Simples Para o Novo Ano e um desafio
Carina (nome fictício) não tem tido uma vida fácil, mas espera que as coisas em 2008 sejam um pouco melhores.
Carina, residente no Centro de Abrigo Alegria, já fez algumas resoluções modestas para este ano.
Durante 2008, Carina gostaria de conseguir o certificado de nível de escolaridade obrigatória, a sua certidão de nascimento e o seu cartão de segurança social. Ela também espera ter a sua família de volta, e terem um lugar seu a que possam chamar de lar.
Os Primeiros Anos
Carina contou-me a sua história. Ela viveu com a sua mãe, pai e irmãos biológicos até aos três anos.
Ela disse, “Tudo o que a minha mãe e pai faziam era discutir e brigar. O meu pai batia nela e violava-a. A minha mãe chamava a polícia, (mas) ... os polícias diziam-lhes que eles eram casados, e não havia nada que pudessem fazer ou fariam.”
Contudo, Carina disse que a polícia acabou por a levar, e aos seus dois irmãos, para uma família de adopção. Mas, Carina disse que ela e os seus irmãos foram molestados pela mãe e irmãos adoptivos.
Carina disse, “Eu tinha três anos de idade, o meu irmão do meio dois, e o pequenito um. Em face disto o Estado tirou-nos àquela família adoptiva e colocou-nos noutra,” disse ela.
(Carina disse que só se lembrou disso anos mais tarde, quando numa outra família adoptiva, um tio adoptivo tentou violá-la. “No dia em que ele tentou violar-me veio-me à memória os assédios a que fui sujeita quando tinha três anos. Comecei a chorar e corri a contar à minha mãe adoptiva o que o meu tio adoptivo me tentara fazer).”
Enquanto esteve no seu lar adoptivo, Carina disse que a sua mãe biológica veio visitá-la e aos seus irmãos, trazendo-lhes presentes. Isso deixou de acontecer quando a mãe adoptiva de Carina descobriu que a mãe biológica dela se embebedava e drogava.
Carina disse, “Eu e os meus irmãos instávamos sempre com a nossa mãe, para que ela deixasse de beber e se drogar. Ela não cedeu, e por isso a minha mãe adoptiva disse-lhe para não voltar.”
Os Anos de Juventude
A vida de Carina não se tornou nada mais fácil à medida que crescia. O seu pai biológico visitava-os até o pai adoptivo o proibir por ele chamar nomes à mãe adoptiva. Durante os tradicionalmente anos difíceis da juventude, Carina discutia muito com a sua mãe adoptiva. Carina dizia-lhe que ela tratava melhor os seus irmãos do que a ela, porque deixava-os sair com os amigos e a ela não.
Os argumentos foram escalando ao longo dos anos, até ao ponto da sua mãe adoptiva chamar a assistente social e dizer-lhe que a levasse para outro sítio qualquer. Assim com 16 anos Carina foi parar a um lar social. Mas os seus problemas continuaram também ali, pois ela discutia muito com os outros residentes.
Carina decidiu que não queria viver mais ali, e fugiu com o seu namorado de 20 anos. Ela viveu com ele e teve o seu primeiro filho quando tinha 18 anos.
Um ano depois, Carina e o namorado telefonaram ao seu pai noutra cidade, pedindo-lhe para irem viver no seu apartamento. Como ele acedeu eles pegaram nos seus haveres e foram para lá.
Inicialmente as coisas correram bem, mas não por muito tempo. Carina entrou em conflito com a namorada do pai. Como resultado, Carina disse que a namorada do pai chamou as autoridades e disse-lhes que ela era negligente com a filha. O Estado tirou-lhe a filha, e ela e o namorado tiveram que participar em aulas de educação para a poderem ter de volta.
As coisas pioraram, disse Carina. Ela disse que o pai e a namorada expulsaram-nos de casa e chamaram a polícia para esse fim. Como resultado, Carina e o namorado tiveram de ir para um abrigo local dos Sem-Abrigo.
Casamento e Mais
Carina disse que para permanecerem no abrigo, eles tiveram de se casar, tendo o Estado subsidiado a cerimónia.
Seis meses decorridos, Carina conseguiu ter a filha de volta. Pouco depois disso, agora com 20 anos, ela ficou grávida de novo e deu à luz uma segunda filha. Por esta altura a relação dela com o marido deteriorou-se.
“Eu traí o meu marido com outro homem e movi-me com ele para uma cidade longínqua,” disse Carina. “Levei tudo o que precisava para as minhas filhas, e fui para uma pensão. Então a mãe do meu namorado veio à pensão fazer-nos guerra. Acabei por me mover com ele dali, e contactei a minha mãe adoptiva que nos recebeu em sua casa.”
Carina ficou ali até arranjar outro namorado. Quando esta nova relação tinha cerca de um mês, Carina e a mãe adoptiva discutiram e Carina abandonou a casa.
Eles compraram um carro e acabaram por ir para outra cidade com as miúdas, decidindo tentar um novo começo.
Centro Alegria
Ela disse, “O carro avariou a meio do caminho. Um polícia abordou-nos, e perguntou para onde íamos. Dissemos-lhe que íamos para a tal cidade. Um outro polícia perguntou-nos se tínhamos lugar para ficar, e nós dissemos que ‘não.’ Em fce disso encaminhou-nos para o Centro Alegria.”
Carina disse que inicialmente toda a família estava muito nervosa, mas passados alguns dias aderiram ao Programa de Recuperação Poder de Vida em Cristo, no Centro Alegria.
Contudo, passados cinco meses e meio de programa, o namorado de Carina foi preso por violência doméstica exercida sobre ela, passando três dias na prisão.
Carina disse, “Quando ele saiu tirou-nos do Centro Alegria e levou-nos para casa de um amigo. Duas semanas depois, voltámos para o programa de recuperação. E ele voltou a ser preso por violência doméstica sobre mim. As minhas filhas foram-me de novo tiradas.”
Carina ainda espera ter uma família feliz em 2008.
A Perspectiva de Ana
Perguntei a Ana, uma cooperadora no Centro, como é que ela vê Carina. Ana disse que Carina está num processo complicado de recuperação, mas no ponto em que está parece incapaz de romper com o ciclo destrutivo de relacionamentos.
Ana disse que ora para que Carina possa conhecer o amor que ela nunca imaginou existir – o amor de Deus revelado em Cristo.
Se Carina não conhecer esse amor, disse Ana, “Receio que ela acabe de forma trágica.”
Ana disse que ela e a equipa do Centro Alegria estão a ajudar Carina a compreender isso.
Orem por ela.
Desafio
Infelizmente, a nossa sociedade sem Deus está a criar condições para que surjam, por aí, muitas mais Carinas!
Que grande desafio está colocado à igreja!
Vamos aceitá-lo neste ano de 2008?
Sejamos activos, e não passivos.
Ouçamos o clamor que diz: "Passa à Macedónia, e ajuda-nos".
"E, logo ... procurámos partir para a Macedónia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o Evangelho" (Actos 16:9,10).