Para ele, o encontro com Deus foi imprevisto e imprevisível. Ele era ateu, filho de pais incrédulos, leitor de Diderot e dos iluministas do século XVIII.
Eric-Emmanuel Schmitt, filósofo de formação, dramaturgo de nascimento, escritor prolífico e diretor de cinema é uma das figuras culturais francesas mais conhecidas internacionalmente.
Em vinte anos, o belga Eric-Emmanuel Schmitt tornou-se um dos mais lidos e representados nos autores francófonos do mundo. Aplaudido pelo público e críticos, as suas obras têm sido premiadas por vários prémios Molière e o Grande Prémio da Academia de Teatro Francês. Os seus livros estão traduzidos em 45 línguas e o seu repertório está representado em mais de 50 países. De acordo com estatísticas recentes ele é hoje o autor mais estudado em escolas e institutos franceses.
Schmitt contou ao jornal italiano Avvenire a história da sua conversão, numa noite de 1989, em pleno deserto de Hoggar, no Saara.
O extraordinário dom de Deus
Schmitt se perdeu da sua comitiva e passou a noite sozinho. Foi assim que aconteceu o encontro com Deus. “Dizer que uma pessoa se converteu é dizer que ela fez uma escolha ativa e voluntária. Devo admitir que isto não representa exatamente o que eu vivi naquela noite no deserto. O que eu recebi foi uma graça e um dom extraordinário. E abri em mim todo o lugar e espaço possível para esse dom. Por isso, quando me chamam de ‘convertido’, eu prefiro ser definido como alguém que recebeu uma revelação”. Esta é “a expressão que me caracteriza melhor, porque ela fala da surpresa do presente que eu recebi. Eu não estava à procura de Deus, nem sabia que Deus estava à minha procura. Recebi como presente algo que eu não estava buscando. Esta revelação, para mim, foi apenas o começo”.
O estudo do Evangelho
Quando voltou à França, o dramaturgo passou a ler vários poetas místicos de diversas religiões. “Após aquela revelação, eu percorri um caminho de descoberta do Evangelho. E houve um trabalho muito ativo da minha parte para entender esse texto cheio de contradições. Nisto eu posso dizer que experimentei uma conversão. Em síntese, portanto: no deserto, uma revelação; com o Evangelho, uma conversão”.
“A minha força”, explica Schmitt, “está em não tentar cristianizar à forçar aquelas pessoas, mas em testemunhar o Evangelho com o exemplo da própria vida. Foi assim que Cristo mesmo fez em seu tempo”.
Desde que Richard Dawkins e companhia começaram a sua cruzada particular para salvar o mundo da crença em Deus, as fileiras do ateísmo sofreram algumas baixas importantes. Primeiro foi o filósofo inglês Antony Flew que, após estudar as recentes descobertas científicas sobre a origem da vida, veio a aceitar a existência de Deus.
Seguiu-se Andrew Norman Wilson, um novelista, biógrafo e articulista de renome na imprensa britânica, que anunciou o seu regresso à fé cristã num artigo publicado no New Statesman (2 de Abril de 2009).
Diversamente de Flew, que não abraçou nenhuma religião em particular, a conversão intelectual de A. N. Wilson constituiu um regresso a casa. Nascido em 1950 e baptizado na Igreja Anglicana, perdeu a fé em finais dos anos 80. Nessa altura escreveu um panfleto incendiário intitulado Against Religion.
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