Rick Warren entrevistado por Larry King na CNN

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CNN LARRY KING LIVE

 

Entrevista a  Rick Warren

Foi para o ar em  22 de Março de 2005 - 21:00   ET

Transcrição da entrevista.

LARRY KING, recebe esta noite, o famoso evangélico, Rick Warren na sua primeira entrevista ao vivo em horário nobre desde que a heróica, Ashley Smith leu o seu best-seller, "Uma Vida Com Propósitos", a Brian Nichols, presumível assassino de 4 pessoas no tribunal de Atlanta. Horas mais tarde, Nichols libertou-a e rendeu-se à polícia.

O que é "Uma Vida Com Propósitos"? O Pastor Rick Warren estará disponível durante uma hora para responder a perguntas aqui no LARRY KING LIVE. Telefone.
Ele acabou de regressar de África. O emergente Rick Warren é um dos nomes mais famosos na América. Ele foi citado pela revista “Time” como um dos 25 Americanos mais influentes. De refém a heroína, a história de Ashley Smith, torna-se parcialmente a história de Rick Warren.

Estavas em África quando tudo isto aconteceu. Como soubeste?

RICK WARREN, "Uma Vida Com Propósitos": Bem, ok, Larry. De facto soube por ti. Tinha estado na selva todo o dia. Estávamos a trabalhar com órfãos que perderam os pais por genocídio no Rwanda ou pela SIDA. E depois de um dia muito cansativo, regressámos ao hotel, e ligámos a televisão, onde vimos-te contar como  o livro "Uma Vida Com Propósitos" foi usado por Ashley para convencer Brian a arrepender-se. Portanto, soube-o por teu intermédio.

KING: Qual foi a tua primeira reacção?

WARREN: Bem, fiquei, é claro, abatido com isto. Fiquei electrizado. Tive uma mistura de emoções, sentindo-me em primeiro lugar triste por aqueles que já tinham perdido as suas vidas e pelos entes queridos que ficaram para trás. E eu orei por estes e expressei as minhas condolências por eles. Desejava que a mensagem tivesse ali chegado mais cedo – talvez Brian não tivesse ceifado quatro vidas, como fez antes de receber as boas novas. E electrizei por Ashley poder ter tido a presença de espírito para lhe falar, e por ele ter mudado a sua vida ao receber a mensagem.

KING: Vieste até nós da Igreja de Saddleback, em Cali – Lake Forest -, certo? É essa a tua igreja, não é?

WARREN: Certo. Exactamente. Tenho estado no meu gabinete no Sul da Califórnia a preparar-me para a realização de 12 cultos para uma audiência de cerca de 40.000 pessoas. Temos tido uma semana muito atarefada.

KING: Falaste com a Ashley?

WARREN: Oh, sim. Tenho falado com ela numa base diária, dando-lhe basicamente encorajamento pastoral  - ou seja, orando com ela, lendo as Escrituras, ajudando-a a reparar o que lhe aconteceu. Tenho feito o mesmo muitas vezes antes, ajudando muitas pessoas que têm passado por crises, diminuindo este apoio depois destas passarem. Ajuda muito as pessoas. Ajudo assim, por detrás dos cenários.

KING: Telefonaste-lhe de África?

WARREN: Não. Não podia contactá-la porque estive sem acesso à Internet e telefones a maior parte do tempo que estive lá. Enviei-lhe um E-mail e depois combinámos encontrar-nos para conversar. Ela estava ansiosa por falar comigo logo que chegasse, e foi o que fizemos.

KING: Conhecia-la antes disto acontecer?

WARREN: Não. Nunca me cruzara com ela antes. Conheço um dos pastores que esteve na igreja em que ela se reúne – uma igreja com propósitos. Eles estavam a realizar o programa dos 40 Dias Com Propósitos, quando isto aconteceu. Neste programa ela via-me em vídeo uma vez por semana, no seu pequeno grupo, para além de estar a ler o livro. Penso que ela estava a fazê-lo pela terceira vez, pelo que estava bem familiarizada com o material.

KING: Quando ela falou aos órgãos da comunicação social pela primeira vez, Rick, ela explicou aos repórteres o que a levou a ler do teu livro. Recordemos o que ela disse.

(COMEÇO DO VÍDEO CLIP)

ASHLEY SMITH, EX-REFÉM: Perguntei-lhe se podia ler. Ele respondeu. “O que quer ler?”. Eu disse, “Bem, tenho um livro no meu quarto”. Então, levantei-me e fui buscar a minha Bíblia. Trouxe também um livro intitulado, "Uma Vida Com Propósitos". Desfolhei-o, colocando-me no capítulo correspondente àquele dia, que era o 33. E comecei a ler nele o primeiro parágrafo.

CITAÇÃO do Capitulo 33 – 1º Parágrafo:

“COMO OS VERDADEIROS SERVOS AGEM”

Quem quiser ser o maior deve se tornar servo.

Marcos 10.43; Msg

Vocês podem dizer o que eles são pelo que eles fazem.

Mateus 7.16; CEV

Servimos a Deus ao servir os outros.

O mundo define grandeza em termos de poder, posses, prestígio e posição. Se puder exigir que as outras pessoas o sirvam, você conseguiu chegar lá. Na nossa cultura egoísta, com a sua mentalidade do "eu primeiro", agir como servo não é uma noção apreciada. Jesus, entretanto, mediu a grandeza em termos de serviço, e não de posição social. Deus avalia a nossa grandeza pela quantidade de pessoas a quem servimos, não pela quantidade de pessoas que nos servem ... Mas ser como Jesus é ser servo. Foi assim que Ele se chamou a Si mesmo.

FIM DE CITAÇÃO

Depois de o ler, ele disse, “Pare. Pode ler outra vez?” Então, li-lho novamente.

Ele mencionou algo e eu perguntei-lhe o que ele pensava ser o propósito da vida. Perguntei-lhe que talentos lhe tinham sido dados, que dons lhe foram outorgados para usar. Perguntei-lhe o que ele pensava disso. E ele disse, penso que é falar às pessoas, e contar-lhes acerca de si”

(FIM do VÍDEO CLIP)

KING: Se te fosse pedido ministrarias a Brian Nichols?

WARREN: Ainda não tive oportunidade de falar com Brian, mas é meu desejo contactá-lo, ver a situação espiritual dele e também ajudá-lo. Sabes Larry, o capítulo que ela escolheu – o livro está dividido em 40 dias – foi o do 33º dia, que trata do ser-se servo. E ela leu essa passagem, a passagem que ela leria para si naquele dia. E a moral da história é levar as pessoas a compreenderem que a sua vida não é um acidente, que foram feitas para durar eternamente, que Deus colocou-as cá para um propósito, que há pais acidentais, mas não filhos acidentais, que há pais ilegítimos, mas não filhos ilegítimos, que se estás vivo é porque há um propósito para a tua vida. Quando ela começou a falar sobre isto e a ler a passagem sobre o serviço, isso mexeu em Brian. E de facto, ela foi modelo disso. Ela serviu-o, servindo-lhe o pequeno-almoço e, depois, ele passou-lhe por assim dizer um recibo quando a serviu ao fixar-lhe umas ...

KING: Cortinas.

WARREN: Cortinas – exactamente, ela necessitava de as fixar. E algo encaixou ali. Penso que parte disso foi o facto de Ashley compreender a verdade da graça de Deus. Tu sabes, ela tem sido muito honesta com o seu passado. Ela teve alguns problemas, teve algumas dificuldades – cometeu alguns erros na sua vida. E tu sabes que quando uma pessoa experimenta graça e é perdoada, torna-se muito mais perdoadora em relação às outras pessoas. Torna-se muito mais graciosa em relação aos outros. E ela revelou a este indivíduo bondade, e ele correspondeu.

KING: Como é que ela está? Tem o moral levantado? Ela não está a falar aos media, por isso és um elo de ligação para nós. Como está ela? Todos nós estamos interessados nela.

WARREN: Bem, ela neste momento está muito bem. Penso que há em torno dela um grupo de pessoas que a está a proteger, certificando-se de que não é sobrecarregada. Obviamente, esta é a história da semana; é mesmo a história do mês. E ela quer manter a sua sanidade. Ela é uma mãe solteira. Tem uma criança, Paige, de cinco anos de idade. Penso que ela está a proceder correctamente. Como disse, falei-lhe hoje de novo, e perguntei-lhe como estava. Ela disse-me que bem, que se sentia usada por Deus. E eu creio nisso.

Tu sabes, Brian Nichols estava desesperado, quando começou a matar pessoas. Quando as pessoas não têm esperança fazem coisas em actos de desespero. Penso que ele se sentiu desesperado. E foi impelido não de uma forma correcta. Obviamente, ele ceifou quatro vidas e nós lamentamos isso.

O que as pessoas procuram é uma razão para terem esperança. E quando Ashley lhe explicou que aquilo não era o que de facto ele pretendia fazer, que não era aquela a vida que de facto ele pretendia, ele imediatamente começou a raciocinar, caindo em si, e chamou-a de anjo enviado de Deus. E a mudança foi instantânea.

KING: Na sua situação ele ainda pode ter uma vida com propósitos?

WARREN: Absolutamente. Agora, não há dúvida de que a Bíblia ensina que quando alguém comete um crime, o governo tem autoridade para punir por isso. E ele pode perder a vida; ele pode sofrer a pena de morte. Mas entretanto – enquanto ele viver aqui na terra, haverá um propósito para a sua vida. E é claro que esse propósito agora torna-se maior – de facto penso que é realmente o que a mensagem desta semana de Páscoa transmite, a saber, que Deus pode trazer bem do mal.

Deus transforma crucificações em ressurreições. Ele pega no caos da nossa vida, e quando lhe damos todos os cacos, Ele pode juntá-los dando-lhe uma nova forma. E quanto à mensagem, penso que há duas mensagens nesta história. Uma delas é que Deus pode usar qualquer pessoa. Ashley é prova disso, pois trata-se de uma pessoa comum, normalíssima. Ela não era nenhuma santa. Ela não era nenhum pregador, nem teólogo. Deus usa normalmente pessoas comuns na vida quotidiana. Se Deus usasse apenas pessoas perfeitas, nada se faria, pois nenhum de nós é perfeito – todos nós temos as nossas faltas e erros.

E penso, que é a nossa história que Deus usa, a despeito de nós mesmos, a despeito das nossas fraquezas e faltas. E penso que a outra mensagem é que as oportunidades circundam-nos, mas muitas vezes não temos consciência disso. Todos querem servir a Deus de uma grande forma, mas porque não havemos de servir a Deus duma forma pequena e vermos o que Ele quer fazer?

Ela saiu de casa para comprar qualquer coisa. E quando saiu, tenho a certeza de que não tinha qualquer plano de ser uma espécie de salvador ou de super-homem. No entanto saiu para fazer uma compra vulgaríssima, e quando regressou, a oportunidade deparou-se-lhe tendo ela correspondido, revelando amor a este indivíduo, ... e ele derreteu-se.

KING: Mais com Rick Warren, a seguir. Ele estará connosco uma hora. Atenderemos as vossas chamadas. Não saiam.

(COMEÇO DO VÍDEO CLIP)

SMITH: Ele disse que me viu como um anjo enviado por Deus. E que eu era sua irmã e ele meu irmão, em Cristo. E que ele estava perdido e Deus o levou a mim.

(FIM do VÍDEO CLIP)

(INTERVALO COMERCIAL)

KING: O nosso convidado é Rick Warren, autor de "Uma Vida Com Propósitos", no seu primeiro aparecimento em horário nobre ao vivo, desde que aconteceu a incrível história de Ashley Smith. A fama dela é uma oportunidade, ou pode haver perigos nisso?
 
WARREN: Bem, essa é uma boa pergunta, Larry. Creio que o propósito da influência é dar voz aos que não têm influência. A fama e a notoriedade não são para nosso próprio benefício, mas uma alavanca para fazermos o bem. Penso que a Ashley está claramente a fazer o bem com a sua vida, e está a ser uma fonte de inspiração para muitas pessoas.

Tu sabes, trata-se duma jovem mulher simples que fazia a sua vida diária normal, e revelou coragem. Ela deve ter apanhado um susto de morte quando Brian a sequestrou e a tornou refém. Mas a coragem faz o que está certo, apesar do medo. E ela, em vez de olhar para este indivíduo como um monstro, pensou: “Bem, como é que posso vê-lo como uma pessoa?” E quando começou a satisfazer as suas necessidades, ele começou a comportar-se como um ser humano. Penso que este caso é um exemplo para todos nós, a saber, que a pessoa mais monstruosa pode mudar. Tenho descoberto que as pessoas feridas por pessoas, ferem pessoas, que quando alguém está ferido interiormente, tende a ferir outras pessoas. E é óbvio que ele estava a fazer isso. Ele estava a fustigar o mundo duma forma perigosa.

KING: Este caso deve fazer-te sentir muito bom e muito orgulhoso, não é?

WARREN: Bem, sinto-me humilhado com tudo isto. Não fiquei surpreendido, pois tenho recebido milhares e milhares de cartas literalmente de todo o mundo de pessoas cujas vidas foram mudadas quando descobriram que estão aqui por uma razão, para um propósito. Isso tem poder para mudar as vidas das pessoas.

Não serão casos tão dramáticos como o caso de Ashley e Brian. Mas tenho tido conhecimento dessas histórias. E mesmo quando eu estava no Rwanda, vi isto ocorrer ali, onde uma nação inteira está a emergir das cinzas. Sabes que eles sofreram um genocídio em 1994, e o mundo voltou as costas a esta nação inteira. Vi uma nação a aprender a perdoar, a expressar reconciliação, a reconstruir.

E eu perguntei-lhes qual a razão para isso. E eles disseram-me que é Deus; é Jesus Cristo. Com estas coisas temos estado a aprender que temos de perdoar, pois se nos concentrarmos nos nossos prejuízos, feridas e danos, isso tornar-nos-á miseráveis.

KING: Rick, podes ter uma vida com propósitos e ser um agnóstico ou ateu, não podes? Ser assim e apesar disso fazer o bem, ajudar os outros, ter propósito.
 
WARREN: Absolutamente. Tu podes ajudar outras pessoas. Mas nota: creio que fomos feitos para um propósito, e esse propósito é realmente conhecermos Deus e servi-Lo e amá-Lo, e servir as pessoas – servir a Deus, servindo as pessoas.

KING: Uma vez que crês em Deus, se um agnóstico ou um ateu fizer bem, Deus aprecia isso, certo?

WARREN: Deus quer que todos se amem uns aos outros. Não há dúvida alguma sobre isso. De facto, Jesus não fazia nenhuma distinção entre as pessoas, fossem o que fossem. A questão era: elas amam-No e têm um propósito? Estão a seguir o Seu propósito? Nota que eu creio que nós fomos criados por Deus e feitos para Ele. E enquanto não compreendermos isto, a vida não fará qualquer sentido. Agora, no que realmente  diz respeito ao ...

KING: Então ... Continua, desculpa.

WARREN: Não há problema. No que realmente diz respeito ao propósito, só tens três alternativas. Uma delas é que podes criar um propósito e dizer: “Este será o propósito da minha vida”. Mas de facto, sabes bem que desde o início a questão persiste: “Será realmente para isto que estou aqui?”

Uma outra forma é simplesmente especulares acerca disso, e uma das expressões mais populares hoje consiste em dizer: “Olha para o teu interior”. E se olhares para o teu interior, então descobrirás o teu propósito.

Bem, só que existe um problema com isto. Não funciona. Tenho conversado com muitas pessoas que olharam para o seu interior e não encontraram o seu propósito. Uma vez que não nos criámos a nós mesmos, não podemos dizer qual é o nosso propósito. Temos que olhar para o nosso Criador. A premissa por detrás de "Uma Vida Com Propósitos" é que nós não somos um acidente. Fomos criados por Deus para uma razão única aqui na Terra, e isso dá sentido e significado à nossa vida.

Nós falámos disto antes. Muitas pessoas têm sucesso, mas não têm significado. E o significado advém de se saber que não somos um acidente, de se saber que Deus se interessa por nós e que nos ama muitíssimo, querendo realizar em nós o Seu propósito.

KING: É interessante notar que, Amber Frey ofereceu a  Scott Peterson o teu livro em Fevereiro de 2003. Ela queria que ele o lesse e trocasse com ela observações escritas sobre o mesmo. Uma cópia do teu livro, "Uma Vida Com Propósitos", estava no carro de Scott Peterson no dia em que ele foi detido. Achas que ele não o leu?

WARREN: Sim, penso que não o leu. Como têm sido vendidas muitas cópias do livro, muitas cópias do mesmo são encontradas em toda a espécie de lugares. E sempre que olho em redor, ouço outra história semelhante à do aparecimento no banco detrás do carro de Scott Peterson.


 KING: Vamos fazer um intervalo, voltando a seguir com mais. Podereis ligar para Rick Warren. Não se vão embora.

(COMEÇO DO VÍDEO CLIP)

ASHLEY SMITH: Depois que o comecei a ler ele abriu os olhos – penso que viu a minha fé e no que realmente cria. Eu disse-lhe que era filha de Deus e que queria fazer a Sua vontade. Penso que ele começou a querer isso também. É o que penso.

(FIM do VÍDEO CLIP)

(INTERVALO COMERCIAL)

KING: Estamos com Rick Warren, autor de "Uma Vida Com Propósitos". Antes de poderdes telefonar vejamos mais umas coisas.

O que pensas de toda a polémica em torno de Terri Schiavo? A polémica dos tribunais manterem ou não a decisão da sua alimentação por uma sonda. As sondagens indicam que a opinião pública apoia o marido, que quer que a sonda lhe seja retirada. Onde te situas nesta incrível polémica?

WARREN: Sim, tu sabes Larry, sabes bem que podes fazer com que qualquer sondagem diga o que queres pela forma como formulas a questão. Penso que se as pessoas souberem a verdadeira história de Terri, verão que ela está bem viva e não com morte cerebral, como muitos pensam.

Esta é uma mulher que não está a morrer, pelo menos não estava, até terem decidido deixá-la morrer à fome. Ela está num estado vegetativo. Isso não é morte cerebral, e os médicos dir-te-ão que uma pessoa pode viver num estado vegetativo 15, 20, 30 anos. Não é crível que ela venha a sair dele, mas muitas pessoas saíram, e pode voltar a acontecer.

Se eu estivesse num estado vegetativo, esperaria que as pessoas que me amam me continuassem a alimentar, tendo em vista a possibilidade de sair daquele estado. Ela não está com vida artificial. Esta não é uma questão de se ter direito a morrer, na minha opinião. O facto é que estamos diante de um caso em que se está a alimentar uma pessoa que está mentalmente limitada, e eu, pessoalmente, temo o dia em que se comece a dizer que não tem o direito de viver quem está mental, física ou emocionalmente limitado, e se deixe de alimentar essa pessoa. Isto é morrer à fome. Não é retirar apoio de vida artificial. É dizer: “Não vamos mais alimentar-te”. Para mim é uma atrocidade digna do Nazismo.

KING: O que dizes da lei? Não somos uma nação de leis e não é suposto que sigamos os tribunais?

WARREN: É claro que somos uma nação de leis, mas o que a América tem de bom é que as leis residem nas pessoas e as pessoas podem mudar as leis. É esse o valor da democracia. É por isso que amo este país. Porque se uma lei está errada, pode ser alterada, pode ser mudada pelos nossos representantes.

Infelizmente, Larry, penso que esta questão tem-se tornado num futebol político ou ideológico e não estão a pensar na pessoa. Terri é uma pessoa real, que sorri, que dá afeição, que ri e coisas assim. De facto, esta manhã falei com o advogado principal dos pais de Terri, David Gibbs. Ele disse-me que ela hoje respondeu com um riso. Bem, uma pessoa que está com vida artificial não se ri. Ela sorri. Sabes bem que uma pessoa que não tem actividade cerebral não sorri.
 
Barbara Weller disse e escreveu, “antes de deixar o quarto, reclinei-me sobre Terri e falei-lhe ao ouvido. Disse-lhe que lamentava não ter podido impedir que lhe retirassem o tudo e que lastimava ter de a deixar só. Mas lembrei-lhe que Jesus estaria presente mesmo quando mais ninguém estivesse ao seu lado. Quando mencionei o nome de Jesus, Terri riu alto, ficou muito agitada e começou a tentar novamente a falar-me alto. E enquanto Terri continuava a rir e a tentar falar, orei tranquilamente ao seu ouvido, deixando depois o quarto. Terri agora está só, e quando escrevo isto, a narrativa da última visita, são 5h da manhã de  19 de Março. Terri tem estado sem comida e água há quase 17 horas, e tenho a certeza de que ela está pelo menos a começar a sentir sede, se não fome, e interrogo-me sobre quantas pessoas se preocuparão com isto”.

Esta não é a história de alguém que perdeu toda a actividade do seu cérebro, e está ali claramente uma pessoa. Está ali uma pessoa a quem estão a deixar morrer à fome.

KING: A propósito, Pat Boone – estiveste uma vez com Pat no nosso programa -, ou melhor, o seu neto Ryan, como sabes, teve uma terrível lesão grave. Como está Ryan agora?
 
WARREN: Bem, está bem. Obrigado por teres perguntado.
 
Existe um bom paralelismo com o caso de Terri Schiavo. Ryan, devido aos danos cerebrais que sofreu, poder-se-ia ser levado a pensar que ficaria num estado vegetativo para o resto da sua vida. Mas ainda hoje falei com Mike e Lindy, e dois novos desenvolvimentos se deram nas duas últimas semanas. O primeiro foi que Ryan começou a proferir frases completas. Nunca o fizera desde que teve o acidente há vários anos. O segundo foi que noutro dia Lindy ao entrar no quarto ele abriu os braços para a abraçar. Agora, isto é um começo, porque o seu braço esquerdo tem estado muito paralisado e incontrolável.

E, assim, estas duas coisas trouxeram esperança a todos na nossa igreja e na sua família. Mas, repito, o processo é lento. O que diríamos se alguém, nos primeiros tempos, antes da recuperação, dissesse, “Bem, ele não está a recuperar disto, não o alimentemos mais”, perante a sua fase presente de recuperação?

KING: Rick, porque é que acontecem coisas más a pessoas boas?

WARREN: Bem, Larry, isso acontece porque nós vivemos num mundo fragmentado. Este mundo não é perfeito. Isto não é o céu e essa é a razão de estarmos corrompidos. A Bíblia diz, “Seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu”. Porquê? Porque no céu tudo é feito perfeitamente. Na terra as coisas não são feitas perfeitamente.

Deus deu-nos liberdade de escolha. Como resultado das escolhas que fizemos, cometemos erros, e quando cometo erros, quando peco, isso causa sempre danos e prejuízos.

A Bíblia ensina que desde que o pecado entrou no mundo, com os primeiros seres humanos, temos vivido num mundo imperfeito, num planeta fragmentado, e isso causa ciclones e furacões, e toda a espécie de coisas. Este planeta não é perfeito. Portanto, não nos devemos surpreender que não seja o paraíso. E a vida também não é justa. De facto, a Bíblia diz que a vida não é justa. Simplesmente não é justa.

KING: A propósito, - antes de atendermos os telefonemas - como te sentes? Sei que estás agora empenhado nos postais com citações do livro “Uma Vida Com Propósitos”. As livrarias estão a colocar nas suas vitrinas grupos seleccionados desses cartões. Viraste comerciante?

WARREN: Bem, espero que não. Vou-te dizer o seguinte. Marketing é quando crias uma mensagem a fim de promoveres um produto, mas o que estou a fazer é exactamente o oposto. Procuro produtos para comunicar uma mensagem, porque creio que esta mensagem é transformadora de vidas - a mensagem de que Deus te ama, que tem um plano e propósito para a tua vida, que Jesus Cristo morreu por ti, que há uma razão para as coisas que acontecem na tua vida – mesmo as coisas más, pois Deus pode trazer bem do mal.

É esta a mensagem da Páscoa, e não é nada novo, Larry. É ensinada há 2.000 anos nas igrejas. Se alguém a quiser ouvir, não tem de ler o meu livro. Vá apenas à igreja na Páscoa e ouça-a.

KING: Vamos fazer um intervalo. Já voltamos.

O livro de Rick Warren, “Uma Vida Com Propósitos” tem estado em todas as manchetes. Tereis oportunidade de falar com ele imediatamente a seguir ao intervalo. Não se vão embora.

(COMEÇO DO VÍDEO CLIP)

MICHAEL SCHIAVO, MARIDO DE TERRI SCHIAVO: Não há nenhum fim feliz. Quando os desejos de Terri se realizarem, como é da sua vontade, ela estará em paz.

MARY SCHINDLER, MÃE DE TERRI SCHIAVO: A minha filha está no edifício atrás a morrer à fome. Nós conversámos, rimo-nos, chorámos, e sorrimos juntas. Ela é a minha vida.

(FIM do VÍDEO CLIP)

(INTERVALO COMERCIAL)

(COMEÇO DO VÍDEO CLIP)

SMITH: Durante o tempo que passei com o Sr. Nichols, continuei a contar com a minha fé em Deus. Deus ajudou-me antes ao longo de tempos difíceis, e ajudar-me-á agora.

(FIM do VÍDEO CLIP)

KING: Estamos de volta com Rick Warren, autor de “Uma Vida Com Propósitos: Afinal Porque Estou Aqui?” A propósito, este Domingo, no culto da Páscoa, Rick Warren estará a celebrar 25 anos na Igreja de Saddleback. Ele conduziu o seu primeiro culto no Domingo de Páscoa há 25 anos. Parabéns.

WARREN: Obrigado, Larry. De facto irei pregar a mensagem sobre “Uma Vida Com Propósitos”. Pensei que seria uma boa mensagem, uma vez que a igreja foi edificada nela. Repetiremos essa mensagem no Domingo de Páscoa.

KING: Boa ideia. Vamos às chamadas.

Victorville, California, para Rick Warren. Olá.

TELESPECTADOR: Olá, como está?

KING: Oi.

TELESPECTADOR: Obrigado por ter atendido a minha chamada.

KING: ok.

TELESPECTADOR: A minha pergunta é para o Sr. Warren. Primeiro quero dizer-lhe que gosto muito do seu livro. Fantástico. Depois quero perguntar-lhe o seguinte: Quando tiver oportunidade de ver o Sr. Nichols, o que lhe dirá e que questões lhe colocará?

WARREN: Bem, a primeira coisa que lhe perguntarei será: Já fez a sua paz com Deus? Desenvolveu um relacionamento com Jesus Cristo? Já Lhe pediu perdão pelas coisas que fez? Já decidiu tentar fazer a restituição, de alguma forma, aos que prejudicou? A primeira coisa, a mais prioritária, é certificar-se que está certo com Deus, e em segundo lugar, que está certo com as outras pessoas, tanto quanto puder. Ora, ele obviamente não poderá recompensar completamente os que perderam os seus entes queridos, mas precisará de fazer o que puder.

KING: Não o condenas?

WARREN: Bem, Jesus veio e disse que não veio condenar o mundo, mas para o salvar. E eu quero ser como Jesus. E, se eu condenar alguém, estarei a condenar-me a mim mesmo, porque sou igualmente culpado de fazer coisas erradas e de prejudicar outras pessoas – talvez não de homicídio, mas Jesus disse, como sabes, que se odiamos as pessoas no nosso coração, isso também é mau.

KING: De San Jose, California, para Rick Warren. Olá.

TELESPECTADOR: OLá. Larry, alô, obrigado por me receber no programa. Estimo-o muito.

KING: Ok. Adiante.

TELESPECTADOR: Alô, Rick, parabéns pelo seu livro. Mas tenho que exceptuar o seu ponto de vista de que o livro mudou de alguma forma a vida de Brian Nichols. Ora, por favor, quero dizer, o homem assassinou quatro pessoas. Qualquer propósito que ele possa ter tido perdeu-o quando decidiu matar quatro pessoas a sangue frio.

KING: Antes que ele responda, o livro pelo menos ajudou-o a acalmar e a libertá-la. Teve um efeito sobre ele. Adiante, Rick. Desculpa.

WARREN: Não há problema. Em primeiro lugar, não penso que o meu livro tenha o poder de mudar alguém. Acontece que o livro tem cerca de 1.500 versículos da Bíblia em citações que faço, e penso que eles, sim, têm o poder de mudar vidas, e penso que é por isso que o livro está a ser usado para mudar muitas vidas. Repito, porque tenho citado a Bíblia. E honestamente, não há nada no livro que não tenha sido dito na história de 2.000 anos da fé Cristã. Simplesmente interpretei a Bíblia duma forma simples para o Séc. XXI.

Mas creio no Deus da segunda oportunidade, e da terceira, e quarta, e quinta, porque sou a prova viva disso. Deus tem-me dado oportunidades vezes sem conta. Se Deus nos desse apenas uma oportunidade na vida, seríamos todos condenados.

KING: Então pensas que no momento que ela o leu, e nós não somos psiquiatras, ele foi despertado?

WARREN: Sim, sim. Bem, tu sabes, todo o mundo houve a palavra “arrependimento” e realmente não compreende o que essa palavra significa. Muitas pessoas, quando pensam na palavra arrependimento, pensam num indivíduo com um letreiro que tem uma sanduíche onde se lê “voltar ou queimar”.

Mas de facto, arrependimento é a palavra Grega, metanóia, que significa literalmente “mudar a tua mente”. E isso significa que quando me arrependo, mudo a forma de pensar. Primeiro, mudo a forma de pensar acerca de Deus. Mudo a forma de pensar acerca de mim, mudo a forma de pensar acerca dos outros, mudo a forma de pensar acerca da vida. E uma série de pessoas olha para o arrependimento como uma coisa negativa, como vou ter de abrir mão disto, isto, e isto, e isto, e como algo terrível.

Larry, quando me arrependi, há anos, eu basicamente mudei do desespero para a esperança, das trevas para a luz, da culpa para o perdão, da solidão para a família de Deus, da falta de propósitos para propósitos, de uma vida sem significado para uma vida significativa. Foi a mudança da minha vida mais positiva.

Penso que Ashley comunicou esta ideia de que, tenhas feito o que tenhas feito, e tens feito coisas más, não há ninguém fora do alcance da redenção. Eu creio verdadeiramente que, até mesmo as pessoas que neste momento vêem este programa, algumas dirão, “Homem, tenho feito coisas erradas, tenho feito coisas muito más, Deus já está farto de mim, Deus já não se interessa por mim”. Deus já não me dá qualquer atenção porque eu perdi o comboio há muito tempo. Eu digo a essas pessoas que estão completamente erradas. Estão completamente erradas. Não há nenhum buraco mais profundo do que o amor de Deus. E eu digo que isto é verdadeiro para Brian Nichols, é verdadeiro para mim, e é verdadeiro para toda a gente em todo o mundo. E é nisto que consiste as boas novas – que nunca é demasiado tarde. Nunca é demasiado tarde. É isso.

KING: Ladysmith, British Columbia, Olá.

TELESPECTADOR: Oi Larry. Sou agnóstica e interrogo-me sobre o que Rick pensa do propósito de vida da Terri Schiavo. E se houver um propósito, a igreja não lhe pode garantir a santidade da igreja, onde poderiam tomar o cuidado dela, porque ela não está morta cerebralmente.

KING: Rick.

WARREN: Esse é um bom ponto. Primeiro, diria que sei que se fosse permitido, a alimentação de Terri Schiavo para o resto da vida seria assegurada por milhões e milhões de pessoas, que ficariam felizes por pagarem para que ela se alimentasse durante o resto da sua vida, se acontecesse continuar naquele estado. Portanto a questão não é essa.

A segunda coisa que diria é que eu não sei qual o propósito da Terri, mas sei isto: Se o teu coração ainda bate e o teu cérebro ainda pensa, então Deus tem para ti um propósito neste planeta.

Ora o propósito de Terry  pode ser inspirar outras pessoas. Pode ser para benefício de outros, e não seu. E eu poderia dizer isto de muitas, muitas pessoas que têm tido filhos, que foram seriamente retardadas mentalmente, ou ficaram num estado seriamente limitado, que eles podem não reagir da forma que a maioria das pessoas pode reagir. E no entanto as pessoas podem dizer: Esta pessoa trouxe mais significado à minha vida do que as pessoas dotadas de muita inteligência ou actividade cerebral.

Sei que quando Terri morrer, ela irá para um lugar melhor. Não tenho dúvida. Creio que não se deve brincar com Deus predeterminando quando é que ela morrerá. Deus tomá-la-á para o Seu lar quando Ele estiver pronto para a levar, e não é nosso direito deixá-la morrer à fome.

KING: Pensas que uma pessoa tem o direito de morrer por sua própria escolha? O conceito de vida é de qualquer jeito?

WARREN: Não, não. Larry, eu realmente não creio nisso, porque creio que a minha vida não é de facto minha. É de Deus. Nota que se eu digo que a vida é minha, eu posso fazer o que quiser, e isso é o pecado no seu mais elevado requinte. Na língua inglesa pecado é SIN. A letra do meio é “I” , que em inglês quer dizer EU. O pecado assume a sua forma mais requintada quando EU quero ser o meu próprio Deus. Quando penso que sou EU que executo a minha própria vida, haverá pecado maior? Qual é o maior pecado? Não é o adultério, não é a homossexualidade, não é a dependência das drogas, não são todas estas coisas com que as pessoas tendem em preocupar-se e inquietar-se. Não são estes os pecados piores. O pior pecado dá-se quando EU decido viver a minha vida e ser o meu próprio Deus, e basicamente me coloco em pose arrogante diante de Deus e digo, “Deus, quem manda sou EU, e não tu”.

KING: Mas se te encontras num estado terminal de dor, a dor é tua. Não podes erguer-te e dizer que tens o direito de desejar não ter essa dor?

WARREN: Eu creio que tens o direito de usares medicamentos para aliviares ou eliminares as dores. De facto a Bíblia diz isso claramente. No Livro de Provérbios, antes de haver medicamentos como os conhecemos, é dito “Dai bebida forte ao que está prestes a perecer”. Na verdade a Bíblia recomendava que se desse álcool como medicamento para atenuar ou eliminar a dor antes de termos todos os medicamentos de que dispomos. Eu não creio que Deus queira que andemos com dores. Não creio nisso por um Segundo.

Mas creio também que não tenho o direito de tirar a minha própria vida, porque ela não é minha.

KING: Ok.

Lawton, de Oklahoma, Olá.

TELESPECTADOR: Esta intervenção é a respeito de Terri Schiavo.

KING: Sim.

TELESPECTADOR: Estou cansado das pessoas que têm a certeza de que estão a falar por Deus. Como podes afirmar que Terri Schiavo não está com vida artificial se ela nem sequer se pode alimentar? E acima disso, todos os que tenho visto morrer não morreram de morte cerebral.

WARREN: Bem, está a colocar duas questões diferentes. Primeiro, vida artificial não significa alimentar alguém. Vida artificial significa manter vivo artificialmente. E se pararmos de comer morreremos, e se pararmos de beber morreremos mais depressa. Portanto, não estamos perante vida artificial, mas vida real. Em segundo lugar, quanto à actividade cerebral, ela tem-na, porque ela sorri. Ela reage. Ela ri. E eu não tenho o direito de tirar a vida a ninguém. Esse direito não é meu.

 KING: Vamos fazer um intervalo e voltaremos com mais chamadas para Rick Warren, autor do best-seller nº1 do jornal New York Times, “Uma Vida Com Propósitos: Afinal Porque Estou Aqui?”. Não se vão embora.

(INTERVALO COMERCIAL)

KING: Estamos de volta.

Hemet, da California, para Rick Warren. Olá.

TELESPECTADOR: Sim, Sr. Warren.  Tenho uma questão para si a respeito do seu livro. Ele tem sido best-seller muito antes de “O Código da Vinci” e “A Paixão de Cristo” o serem.

Como pode explicar a sede ou paixão repentinas que as pessoas parecem estar a ter por religião?

Pensa que é uma tendência? Pensa que é porque andam em busca de respostas?

Como explica isto?

KING: Boa pergunta.

WARREN: Essa pergunta é boa. Sabe, durante os últimos 50 anos temos estado a viver uma cultura muito narcisista, que consiste no EU em primeiro lugar. Tudo na cultura tem sido acerca do EU, EU, EU, EU. De facto, todos os anúncios dizem: Fazemos tudo por e para si. Faça como quiser. Tem de pensar no que é melhor para si.

E penso que as pessoas têm tomado consciência de que essa Estrada conduz à morte. Este egocentrismo conduz à solidão. E nós temos tido uma cultura de muita solidão. Temos estado isolados uns dos outros. Não tem havido sentido de comunidade. Recentemente falei na Universidade de Harvard, na Escola do Governo Kennedy, e também na Faculdade de Direito.

E encontrei-me com Robert Putnam, que escreveu o livro intitulado, “Melhor Juntos”, acerca da necessidade de comunidade. E penso que a necessidade de comunidade e a necessidade de Deus andam de mãos dadas. E há realmente duas histórias que prosseguem na nossa cultura, presentemente. Há a história das coisas estarem a piorar cada vez mais em alguns aspectos. Temos visto o incremento da violência. Temos visto o terrorismo. Temos visto estes recentes crimes de sangue com armas de fogo. Temos visto a grosseria da nossa sociedade que tem repugnado a muita gente. E há as pessoas – algumas pessoas estão mais materialistas do que nunca.

Mas ao mesmo tempo, há uma outra história que prossegue na América, que penso ser um despertamento espiritual que está a germinar. E esta é o desejo e fome de conhecer a Deus. Não penso que seja um desejo e fome pela igreja. Mas há um desejo e fome de conhecer a Deus.

As três maiores surpresas de 2004 foram primeiro, como mencionou, “A Paixão de Cristo”, que foi violentamente criticado por todos os media, e apesar disso tornou-se no terceiro filme mais lucrativo da história. Esta foi a primeira grande surpresa. A segunda foi o meu livro, onde pelo segundo ano consecutivo, 2003 e 2004, foi o livro mais vendido no mundo. E que diremos dum livro escrito por um pastor ocupar o topo dos livros mais vendidos durante dois anos? E depois o terceiro foi o chamado votante de valores que ouvimos durante as eleições, onde as pessoas reagiram à grosseria da cultura.

Creio que a igreja está pronta para o que chamo de segunda reafirmação. A Bíblia chama à igreja, o Corpo de Cristo. E durante demasiado tempo a igreja tem estado com ambas as mãos e braços amputados, tendo apenas uma enorme boca. Demasiadas vezes a igreja tem sido conhecida por aquilo por que é contra, em vez de por aquilo por que é a favor. E eu espero fazer uma mudança nisso juntamente com outras pessoas. Precisamos de religar as mãos e os braços. Foi por isso que estive em África.

Porque penso que a igreja é chamada não apenas a falar, mas a repartir, a amar, a ajudar a cuidar de problemas como a pobreza, o analfabetismo e as doenças. E isto está a atormentar as vidas de muitas pessoas. Vejo permanentemente nas pessoas como há um novo interesse em Deus, na comunidade e na espiritualidade.

Apex, de North Carolina, Olá.

TELESPECTADOR: Oi, muito obrigado por receber a minha chamada.

KING: Ok.

TELESPECTADOR: Sr. Warren, vibro por vê-lo no programa de Larry King, e quero dizer-lhe que estou completamente maravilhado com a operação de Deus para levar a mensagem de Cristo aí. É de facto admirável. Quero pedir-lhe que mantenha tudo em perspectiva. Quero com isso dizer, relembrando a questão de Larry  sobre o perigo de se tornar comerciante. É tão fácil. Obviamente, sendo Cristãos, a humildade é uma das nossas características. Temo que a influência do mundo e o materialismo, e o dinheiro e a consideração, podem exercer sobre si alguma pressão.

WARREN: A pressão é real.

TELESPECTADOR: Em termos de provação também ... Sim.

KING: Portanto, a questão é, como conseguir o equilíbrio?

WARREN: Bem, Larry e caro telespectador, quando o livro se tornou um grande sucesso de amplitude mundial, comecei a buscar as Escrituras para orar sobre o que chamo de mordomia de afluência (fartura) e mordomia de influência. E perguntei a Deus o que havia de fazer com o dinheiro e com a notoriedade, porque penso que Deus não nos concede dinheiro e fama para o nosso ego, muito menos a um pastor.

E eu não queria errar nisso. E, de facto, essa foi a principal razão porque nunca coloquei os nossos cultos na televisão, porque não queria ser um tele-evangelista. Não gostava do estilo de vida. E não gostava nada de estar na ribalta, pois as luzes cegam.

E a minha mulher Kay e eu tomámos duas decisões muito importantes, baseadas em duas passagens das Escrituras. I Coríntios 9 e Salmo 72. Em relação ao dinheiro tomámos cinco decisões. A primeira foi que não iríamos mudar o nosso estilo de vida um pouco que fosse, independentemente do dinheiro que viesse. Portanto, ainda vivemos na mesma casa. Não adquirimos uma casa maior. Não possuímos uma casa para convidados. Não possuímos um iate. Ainda conduzo um velho Ford de há 4 anos. Não deixaremos que o dinheiro mude as nossas vidas, e não o usarei para impressionar as pessoas.

A segunda decisão que fizemos, foi deixar de ter o salário da minha igreja. Isto acontece já há três anos.

A terceira decisão, foi tomar o somatório de todo o dinheiro que a igreja me deu em salário nos últimos 25 anos e devolvê-lo. Fi-lo porque não queria que alguém pensasse que eu ajo por dinheiro, porque não ajo. Tê-lo-ia feito gratuitamente desde o início, se pudesse. O livro tornou-me possível devolver todo aquele dinheiro.

E depois que o fiz, fui entrevistado por uma grande revista de notícias. E a primeira questão foi, “Quanto é o seu salário?” E eu pude dizer, “Bem, de facto, sirvo gratuitamente a minha igreja há 25 anos.

A nossa quarta decisão foi estabelecer 3 fundações. – uma delas chamada Actos de Misericórdia, usada para ajudar os que estão infectados e afectados em todo o mundo pela SIDA.

E finalmente, a quinta foi tornarmo-nos dizimistas reversos, que significa o seguinte: Quando Kay e eu nos casámos, começámos a dar 10% do nosso rendimento para fins de caridade, e todos os anos, nos últimos 30 anos, conseguimos uma enorme quantia; agora somos dizimistas reversos, ou seja, damos 90% e vivemos com 10%. Esta agora foi a parte fácil.

KING: Adiante. Depressa; adiante.

WARREN: Continua, Larry.

KING: Façamos um intervalo...

WARREN: Ok.

KING: ... façam um intervalo e regressem para o desfecho. Esperamos por vós todas as semanas. Voltaremos já. Não se vão embora

(INTERVALO COMERCIAL)

KING: Temos 4 minutos, Rick. Continua. Estavas a dizer …

WARREN: Bem, como o telespectador alegou, como devo tratar com a notoriedade? Realmente comecei a perguntar a Deus o que devia fazer com isto. E li nas Escrituras, no Salmo 72, a oração de Salomão pedindo mais influência, Soa a bastante egoísmo. Ele diz, Deus, quero que me tornes mais influente., quero que me abençoes, quero que me dês mais poder. E isto soa bastante a egoísmo, até que lemos o resto do Salmo, onde ele diz, “livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude. Compadecer-se-á do pobre e do aflito, e salvará as almas dos necessitados. Libertará as suas almas do engano e da violência”. E basicamente ele está a falar dos marginalizados da sociedade. E desta passagem das Escrituras, creio que a mensagem era a de um propósito de influência para dar voz aos que não têm influência.

E eu comprometi-me a usar o resto da minha vida, o meu tempo e o meu dinheiro para ajudar os que são infelizes. E ao viajar pelo mundo, Larry, comecei a perguntar quais eram os gigantes globais, os grandes problemas que são tão grandes que nenhuma nação no mundo pode resolvê-los, nem mesmo as Nações Unidas. E cheguei à conclusão que havia 5 a que eu denomino de gigantes globais. Vazio espiritual, liderança egocêntrica, pobreza, doenças e ignorância ou iliteracia (analfabetismo). Sabes, metade do mundo vive com menos de 2 Euros por dia e metade do mundo não sabe ler.

E assim surgiu o plano PEACE (PAZ). Plano P-E-A-C-E. Plantar igrejas, equipar líderes, assistir os pobres, cuidar dos doentes, e educar a próxima geração.

Nós estamos neste momento a fazer um teste piloto do plano PEACE em 67 países. Estamos a trabalhar nele há um ano e meio. Planeamos torná-lo público – bem, está a ser tornado público no LARRY KING – mas planeamos torná-lo público em 2006, mobilizando centenas de milhares de pequenos grupos que têm realizado os 40 dias de propósitos nas igrejas e comunidades e grupos cívicos e corporações – igrejas que têm feito em grupos os 40 dias de propósitos nestes cinco anos em torno do mundo. Esta foi a razão porque estive no Rwanda, Uganda e Kenya, para testá-lo.

KING: Mais uma chamada. De San Bernardino. Olá.

TELESPECTADOR: Olá.

KING: Sim, adiante.

TELESPECTADOR: Oi, chamo-me Bill. Oi, Rick, e obrigado por aceitarem a minha chamada. Estou a ligar porque basicamente há dois anos e meio, o meu filho passou por uma desordem genética. E continuo a perguntar aos Cristãos qual a razão para o meu filho estar aqui. Procurei nas Escrituras, e é-me difícil compreender.

KING: Estou triste por ouvir isso. Nós só temos um minuto, Rick. O que podes dizer num minuto?

WARREN: Bem, direi o seguinte: Não sei. Desejava saber. Para algumas coisas – para algumas questões que fazemos não encontraremos resposta antes de chegarmos ao céu. Nós não compreendemos tudo o que acontece. Nós sabemos, como disse, que estamos num mundo que não é perfeito, mas algumas das respostas não as saberemos antes de chegarmos ao céu.

KING: E crês que o seu filho está lá?

WARREN: Oh, absolutamente. A Bíblia diz em Provérbios, “O Senhor preserva os simples”. Isso refere-se aos que não são suficientemente competentes para compreenderem o que significa fazer uma entrega da sua vida a Cristo ou a abrir a sua vida ao Seu amor. Estes estão seguros nos braços de Deus.

KING: Obrigado, Rick. Obrigado por teres estado connosco.

WARREN: Obrigado Larry.

KING: Até a uma próxima visita.

WARREN: Foi bom estar convosco.

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